top of page
Buscar

1889 - Laurentino Gomes

  • Foto do escritor: Canal Resumo de Livros
    Canal Resumo de Livros
  • 28 de dez. de 2018
  • 19 min de leitura


1889 - Laurentino Gomes - Resumo


Diferentemente de datas comemorativas estaduais, a Proclamação da República em 15 de novembro não é nem um pouco comemorada no Brasil. Isso talvez se deva ao fato de que essa problematização não foi feita com o apoio popular. O Brasil era o único império funcional na América Latina, com quase 70 anos. A princípio, seu imperador, Dom Pedro II era um grande intelectual. O Golpe militar então foi dado sem o apoio popular e de certa forma com a traição de pessoas próximas ao imperador.

É sempre dito que as mudanças politicas no Brasil se dão sem violência, porém, nota-se que antes e depois da proclamação da República houve grandes manifestações públicas de violência contra o regime. O livro tratará de explicar esse curioso período.


1 - O Príncipe e o Astronauta

Ao ser declarada a república em novembro de 1889, um curioso episódio acontecia. Um dos membros do império, o neto de Dom Pedro II, navegava com uma frota militar brasileira ao redor do mundo. Estes souberam do ocorrido e não tinha ideia de como agir com aquele membro. A princípio as ordens eram de exilá-lo, mas tendo em vista a sua grande eficiência como marujo e carinho dos tripulantes por eles, o capitão esperou até “segunda ordem”. Esta chegou e quando estava em solo novamente, o neto foi exilado e nunca mais voltou a terra que nasceu.


2 - O Golpe

Este capítulo trata dos dias anteriores a proclamação da república. Conta que o Marechal da época, Deodoro da Fonseca, estava muito debilitado para organizar o golpe militar que tiraria o imperador Dom Pedro II do poder. Mesmo assim o exército se organizou, e na figura de Floriano Peixoto começaram a programar a ação.

Levando em conta que o marechal Deodoro era figura importante para legitimação do novo regime, tentaram esperar até o último momento sua melhora de saúde, de tal forma que o golpe que estava programado para o dia 17 foi antecipado. Tentaram primeiramente, utilizar de uma reunião dos membros da corte para assim isolá-los militarmente e pedir rendição. Descobrindo isso, o ministro mais importante da época, Ouro Preto, tentou organizar alguma defesa em vão. Os militares do exército foram levados por seus lideres a apoiar o golpe que ocorreu sem muita violência, curiosamente depois do episódio alguns soldados arrependidos agiram de violência contra o novo regime.

Num discurso da proclamação da república, Deodoro da Fonseca, antigo amigo do império, deixava claro que o exército não era respeito como deveria pelos políticos, estes não davam real valor a luta da Guerra do Paraguai, que ocorrera pouco tempo atrás. Diferente do que pode se imaginar, poucas pessoas presenciaram esse importante evento para a história do Brasil, poucos civis tinha noção do que ocorria na época. Até mesmo o próprio Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto eram receoso em admitir que se deporia toda a monarquia para o surgimento da república, mas com os ocorridos do dia e pressão de alguns membros do exercito e mídia, a república estava então proclamada.


3 - O Império Tropical

Este capítulo resume um pouco da situação social e politica do Brasil no período do golpe republicano. Era uma época do Brasil em crescimento. Por mais que existissem muitos analfabetos e cerca de 1/6 das crianças indo para a escola, o Brasil começava a crescer como uma nação agrícola. Após a Guerra do Paraguai os brasileiros criavam uma identidade. A escravidão abolida em 1888 acompanhava outras benesses como linhas de bonde, telégrafo e botes de alta velocidade para navegação.

A população crescia e com isso aumentava a mão de obra livre para as fazendas de café, o novo produto de exportação brasileiro. Este produto trouxe riqueza para o país, e com ela os problemas de cidades grandes como poluição e sujeira. Trens foram construídos ligando grandes cidades como Rio de Janeiro e Petrópolis (a cidade onde morava a família imperial).

O Brasil tinha grandes latifundiários e esses faziam propaganda na Europa para a imigração de seus habitantes para as terras brasileiras. Porém, a mentalidade escravocrata ainda existia, o que fez os latifundiários tratarem mal esses colonos, a ponto deles fazerem propaganda anti-imigração em seus países de origem. A lei também era dura com esses imigrantes, impedindo-os de agir economicamente com liberdade e enriquecer, como ocorria nos EUA. Desde o início de sua república a ação do governo na economia causava estragos a longo prazo.

Tendo em vista os problemas financeiros e a baixa popularidade de Pedro I, ele volta a Portugal, deixando o governo na mão de alguns aristocratas. Estes não governaram bem, taxaram muito os fazendeiros e a população em geral, o que fez surgirem muitas revoltas separatistas, em especial a Revolta Farroupilha no sul do Brasil foi causada justamente pela forte taxação na carne dos fazendeiros da região e também a impossibilidade de livre mercado com os países próximos.

Para o fim dessa situação delicada, surgiu a proposta de adiantar a maioridade de Pedro II para que esse se tornasse imperador do Brasil. A proposta não passou na câmara, mas, mesmo assim, depois do pedido do garoto, ele então se tornara imperador do Brasil aos 14 anos.


4 - A miragem

Petrópolis, a cidade que recebeu a corte, hoje em dia parece um local divido em dois. Uma parte ainda tem a arquitetura importada da Europa do século XVIII, a outra é composta por favelas e a pobreza típica do Brasil. Essa dicotomia data desde a época do império em vários outros aspectos como veremos a seguir.

Sob uma identidade construída em termos políticos, como dizia Euclides da Cunha, caminhava o Brasil da época de Dom Pedro I, um país que tendia a ter comportamentos europeus mas carregava o peso da escravidão, já abolida no mundo todo. Os membros da sociedade que tinham títulos se multiplicavam. Ao se pagar uma quantia média de três dias de trabalho braçal, um senhor de terras poderia se tornar um barão, um exemplo histórico são os mais de trezentos “barões do café” que surgiram nesse período.

O estado na época do império era gigantesco e tinha seus tentáculos em todas as áreas da economia, isso era péssimo para o empreendedorismo, pois quanto mais o estado coloca suas garras na economia, mais é complicado para o empreendedor se adaptar as mudanças que ocorrem. Na época os servidores públicos custavam mais de 70% da arrecadação com impostos. O abolicionista Joaquim Nabuco mostrava o peso do estado em suas palavras: “todos os pobres inteligentes, todos os que têm ambição e capacidade, mas não tem meios, e que são a grande maioria dos nossos homens de merecimento. [….] em que homens práticos, de tendências industriais, poderiam prosperar, são por falta de crédito ou pela estreiteza do comércio, ou pela estrutura rudimentar da nossa vida econômica, em outras tantas portas muradas.”

O clientelismo brasileiro era uma pesada barreira ao avanço econômico e cultura. Apenas quem era do agrado da corte crescia ou ganhava incentivo para continuar produzindo.

A monarquia parlamentarista no Brasil era apenas uma faixada. As reais atribuições, tanto de leis quanto de políticos em exercício eram dadas pelo imperador D. Pedro II, que chegou a dissolver 36 vezes a Câmara durante os seus 49 anos no poder.

Poucos tinham direito a voto por não serem donos de terra, e quando esta lei mudou em 1872, dos 10,8% de brasileiros que podiam votar, apenas 0,8% poderiam a partir de então, motivo: agora apenas alfabetizados votariam.


5 - Dom Pedro II

Dom Pedro II foi imperador do Brasil por mais de 50 aos. Ele era um homem intelectual, depressivo e pouco espalhafatoso. Parte da sua inerente tristeza se deve ao abandono pelos seus pais depois de sua deposição. Foi cuidado pelas irmãs até que aos 14 anos se tornou imperador. Ele tinha uma pesada rotina diária onde mal tinha tempo para brincadeiras ou mesmo contato humano. Para completar o quadro, sua saúde era precária.

O imperador logo depois de sua coroação foi apresentado a sua futura esposa, Teresa Cristina, que era muito mais feia do que as fotos recebidas direto da Europa, de onde ela veio, mostravam. Isso foi de grande tristeza para o imperador, mas logo ele encontrou amantes, as quais fizeram esse fato se tornar de pouca importância em sua vida. Seus casos, diferente dos de seu pai, sempre ficaram na calada.

Ele tinha uma personalidade ansiosa, e sempre buscava alguma forma de trabalho, mesmo em seu navio de exílio, usou o tempo da viagem para fazer traduções. Por mais que fosse um imperador, torcia para que o povo buscasse se intelectualizar, além de ser adepto da ideia republicana.


6 - O Século das Luzes

Dom Pedro II e Alexander Graham Bell tiveram um importante encontro na feira que comemorava o primeiro centenário da independência dos EUA. O imperador brasileiro era o principal convidado, e como previamente tinha conhecido Graham Bell, o cumprimentou na feira e lá chamou atenção dos jornalistas a seu recente invento: o telefone. De cientista desconhecido ele se tornou atração principal

O século XIX, além de Graham Bell, teve nomes importantes em várias áreas da ciência, filosofia e arte. Alguns desses são Faraday, Dostoiévski, van Gogh e Beethoven.

A revolução francesava, movimento politico que depois o rei da França e ampliou a ideia de igualdade, liberdade e fraternidade tomava conta do mundo, as ideias comunistas de Karl Marx surgiam na mesma época.

A tecnologia se desenvolvia como nunca antes na história da humanidade. Mensagens que demoravam meses para chegar de um continente para o outro, agora chegavam de forma instantânea com telégrafos. O avião e navios a vapor mudavam a forma que a humanidade se locomovia por grandes distâncias como nunca aconteceu, desde o inicio da humanidade. A velocidade de como as notícias chegavam também aumentou com a invenção das impressoras.

Movimentos políticos como liberalismo, comunismo, socialismo e imperialismo tomavam conta das discussões politicas pelo mundo. Este último com a importante marca numérica de quase 450 milhões de súditos no mundo todo para a coroa britânica.

Na filosofia e ciência surgiam as ideias que hoje temos como secularizadas. Nos textos de Nietzsche, este afirmava que Deus estava morto, em alusão ao futuro fim das religiões. O suposto golpe final foi dado por Darwin no seu livro onde comprovava a evolução das espécies, indo de encontro a ideia criacionista do cristianismo.

Nessa mesma época os trabalhadores do mundo todo começavam a se organizar para buscar uma contraparte do governo nos custosos impostos cobrados, e alguns destes foram seduzidos pelas ideias comunistas, o mesmo acontecia com os intelectuais. A melhor contemplação dessas transformações foi dado por Dostoiévski em “Crime e castigo” onde o personagem principal é símbolo de um século em que, graças ao suposto avanço das ciências e das ideias politicas, o seres humanos julgavam-se no pleno controle de seus atos, inclusiva para matar.


7 - Os republicanos

Na segunda metade do século XIX surgiam aqueles que criariam as bases para a proclamação da república. Nomes como Antônio da Silva Jardim, um radicalista e moderados como Quintino Bocaiuva era contrários em alguns aspectos mas tinham como foco o fim do império.

Os republicanos buscavam em figuras histórias como Tiradentes e frei Caneca uma base folclórica para essa revolução.

Uma grande organização destes publicaram o Manifesto Republicano em um dos vários jornais que surgiam na época em apoio a mudança de governo. Sua publicação terminava com “somos da América e queremos ser americanos”, em alusão a pujante republica dos EUA.

Parte importante do apoio a república vinha de ricos cafeeiros na zona oeste de São Paulo. A antiga zona mais importante de produção de café, o Vale do Paraíba, agora sofria os efeitos de continuar apostando no uso de escravos para aumentar a produção: não tinha mais retorno econômico pois seus métodos eram antiquados. De tal forma, os novos agricultores da região ao oeste tinham mais dinheiro e força politica para apoiar o novo regime, em detrimentos dos escravocratas do Vale.

O movimento republicano aparentava ser fraco nas urnas, recebia cerca de 15% dos votos nas zonas onde tinha mais apoio.

Havia muitas ideias na época de como deveria ser esse novo regime republicano, indo desde a versão jacobina da Revolução Francesa a ideias do positivista Augusto Conte. Algumas dessas escolhas sofriam influencia forte de antigos escravocratas que tentavam proclamar a república mas manter os escravos, que eram fruto de parte dos seus lucros.


8 - A mocidade militar

Este foi o grupo militar de homens intelectualmente fortes que estudaram na Escola Militar. Alguns dos nomes são conhecidos como Benjamin Constante, Euclides da Cunha e os futuros presidentes Deodoro da Fonseca, o também presidente da mocidade, e Floriano Peixoto.

A maior influência ideológica da mocidade militar foi Augusto Conte. Esse pensador do começo do século XIX tinha como base a ideia de que, se conhecendo leis naturais que as sociedades seguem, poderia se criar um estado de ordem e progresso (dai o tema da bandeira) num país e numa sociedade. Para ele a sociedade tinha estágios mais e menos evoluídos, e os elementos menos evoluídos deveriam ser ignorados baseados em ciência para a construção de uma sociedade melhor. Sua teoria termina numa ideia estranha que troca os santos e símbolos religiosos por ideias seculares, ele mesmo se tornou uma espécie de “papa” dessa religião secular.

As ideias de Comte morreram na Europa no meio do século XIX, mas no Brasil elas floresceram justamente nessa época. Os militares as adotaram com afinco tendo certa que serviriam para a construção da república. Estas ideias sobreviveram por muitos anos ere refletiram no golpe militar de Getúlio em trinta e dos militares em 64.


9 - A chama nos quartéis

Um episódio envolvendo o baixo clero militar e politico do Piauí serviu como estopim para o começo da implantação do golpe republicano. O coronel Ernesto da Cunha e o deputado Simplício Coelho trocaram farpas pela mídia. O militar sofreu sanções, o que levou a militares maiores entrarem em discussão com políticos maiores.

Essas discussões foram tomando os altos cleros, chegando ao ponto de o governo imperial mandar uma carta de que “aceitaria o pedido de perdão militar se os que o precisassem pedissem desculpas”. Isto não ocorreu, o que deixou os dois lados bem ariscos.

Talvez o ponto alto da situação foi quando Euclides da Cunha, o futuro escrito de “Os Sertões” e na época soldado que participava de um dos grupos republicanos não saldou o ministro da Guerra, cargo que era escolhido pelo império. Euclides foi presos por meses, mas com um telegrama do próprio imperador foi solto.


10 - O marechal

Deodoro da Fonseca demonstrou ser contrário a república muitas vezes antes do golpe de 1889. Em cartas a seu sobrinho também militar, deixava claro que pensava que o povo não tinha capacidade intelectual para esse tipo de governo.

Seu pai não foi um bom administrador do lar, teve muitas dívidas durante sua vida, o que causou a sua família muita pobreza. Devido a isso instigou seus filhos a seguirem a carreira militar.

Deodoro sempre teve uma atitude indisciplinada, mas devia a sua competência militar, subiu muito na carreira, mesmo vindo de uma família pobre. Ele teve importantes papéis militares e governamentais antes do golpe republicano. Em especial, foi o primeiro homem a atender uma ligação na inauguração das linhas telefônicas no Rio Grande do Sul.

Devido a sua forte influência sobre os soldados ao levá-los a ideais insurgentes, ele foi afastado para uma suposta zona de guerra entre Paraguai e Bolívia. Quando ele percebeu que aquilo foi uma manobra para afastá-lo da luta contra o império, voltou ao Rio de Janeiro desobedecendo sua ordem. Neste momento começa a derrocada do império.


11 - O professor

Benjamin Constant é um dos nomes “injustiçados” pela história do golpe republicano, sua importância real não é devidamente dada. Ele sempre foi visto pelos seus próximos como alguém depressivo e que teve problemas para conseguir crescer em sua profissão mesmo tendo todos os méritos.

Nascido em 1837, viu a perda de seu pai aos 13 anos. Sua mãe logo enlouqueceu e ele tentou se matar. Sendo salvo por uma escrava, assumiu a data da sua tentativa frustrada como seu novo aniversário. Começou a carreira militar e se formou em engenharia, mas após o término do curso se tornou professor de matemática.

Sempre foi um soldado insubordinado, mas essas atitudes normalmente estavam associadas a supostas injustiças de seus superiores, assim ele ganhava o carinho de seus companheiros de farda.

Ao se unir a mocidade militar, pode divulgar seus ideais positivistas aos seus alunos, que tinham grande apreço pela sua figura, tal qual alguns superiores, que fizeram um pacto de sangue ao professor e seus ideais.

Ao perceber a força anti-imperial desse professor, o governo regente tentou lhe dar cargos melhores que o afastariam do centro da insurreição republicana. Isso não foi suficiente para que ele deixasse seus ideais de lado.


12 - Os abolicionistas

Depois da Guerra do Paraguai, o próximo evento que uniu muito os brasileiros foi a luta pela abolição da escravatura. Nesta época o Brasil já era um país agrário e 40% da força produtiva era mão de obra escrava.

Os primeiros golpes contra esse vício brasileiro vieram da Inglaterra, que apreendiam navios negreiros no mar, e certa vez entraram em batalha num porto no Paraná. Foi só após esses ataques que o governo brasileiro proibiu efetivamente a importação de novos escravos.

A Lei do ventre livre foi proclamada em 1871, mas mesmo assim alguns donos de escravos brasileiros davam seu jeitinho, mudando a suposta data de nascimento de escravos para que esses não se enquadrassem nessa lei.

Nessa época muitos clubes antiescravistas surgiam. Nesses grupos surgiam duas importantes figuras para o fim da escravidão: Joaquim Nabuco e José do Patrocínio. Nabuco afirmava que um país com escravidão não deixava sua população "criar raízes". Para ele a questão da escravidão deveria ser anterior a proclamação da república. José do Patrocínio era um pouco mais enérgico. Este foi o jornalista que na derrocada dos ministério de Ouro Preto, tratou de instigar Deodoro da Fonseca a proclamação da republica.

O movimento cresceu, e em 1887, depois de várias situações públicas onde o povo ficou do lado dos escravos, o Partido Republicano entrou na luta contra a escravidão.

Depois de muita pressão, a princesa Isabel tomou a decisão de assinar a Lei Áurea, que libertava então todos os escravos da sua situação.


13 - A Redentora

Os grupos maçônicos do Rio Grande Sul iniciaram, em 1888, uma luta publica contra a imagem da princesa Isabel, que era tida por todos como alguém muito carola, e por ser mulher e esposa de um príncipe estrangeiro, se esta se tornasse imperatriz do país poderia significar a volta do Brasil a mãos europeias.

Muitas dessas pessoas que lutavam contra a princesa, e por consequência a favor da república, eram ex-donos de escravos revoltados com a atitude do governo perante sua fonte de renda. A princesa, por ser muito católica, sempre esteve em rota de colisão com esses grupos, em alguns casos estado, religião e maçons se envolviam em disputas que chegavam a excomunhão.

Isabel, por ser a primeira na linha sucessória, deve uma educação exemplar e tratada com as maiores regalias que o império poderia lhe fornecer. Sempre se mostrou bem católica e não compreendia bem sua própria sexualidade. Ela se casou com o príncipe de Joinville, um reino da Bélgica, este não via muitos atributos físicos empolgantes em sua mulher, mas admirava sua inteligência.

O marido da princesa, conde d'Eu não era uma figura muito popular da nação, e como não conseguia ter filhos com sua mulher, pediu para participar da guerra do Paraguai, e assim mostrar suas aptidões masculinas. Devido a certas barbáries cometidas na guerra, este se tornou alvo das críticas republicanas.

Pouco antes da proclamação da república, Isabel estava na Europa por motivos religiosos: não queria que a cabeça de seus filhos fossem tomadas por professores demoniacamente republicanos.

Isabel é uma figura controversa, com pouca popularidade na época, por mais que a população negra a amasse, hoje é vista como uma das principais brasileiras de todos os tempos.


14 - O imperador cansado

Antes da proclamação da república, já havia indícios claros de que um golpe estava sendo programado, mesmo assim o imperador Dom Pedro II se mostrou passivo. Nesta época ele já era um senhor que sofria de muitas doenças.

A primeira pessoa na linha sucessória, sua filha Isabel, não tinha muito a simpatia das pessoas, e para completar o problema, seu marido era um estrangeiro com nenhum tato ao lidar com as pessoas, isso se mostra em várias entrevistas. Numa delas ele disse que caso a república fosse proclamada, a família real teria que fugir do Brasil.

As vésperas do golpe republicano, visconde de Ouro Preto assume o gabinete do Império. Ele tinha propostas bem democráticas que na sua visão atrasariam a proclamação da república. A Câmara era cada vez mais acintosa em relação a proclamação, de tal forma que o imperador, como uma última cartada, a desmanchou e convocou novas eleições. Estes eleitos não tiveram tempo de assumir seus mandatos, pois a republica chegou antes.


15 - O Baile

Com a presença da marinha chilena em terras brasileiras, começou-se os preparativos para o Baile Fiscal, uma importante festa imperial que estaria marcada pelas primeiras movimentações para o golpe republicano.

Estes chilenos foram saudados por republicanos no Brasil, que sofreram reprimendas devido a seu comportamento.

A festa foi realmente gigante, regada de tudo que o império poderia pagar. O imperador, mesmo cansado, participou da mesma. Ao mesmo tempo que ocorria a festa, Benjamin Constant organizava os últimos detalhes que ocorreria 6 dias depois.


16 - A queda

No dia do fim do império, Dom Pedro II passou todo o tempo afirmando que nada deveria ser feito pois o império não cairia. “Eu conheço os brasileiros” disse ao seu genro Conde d'Eu. Mesmo assim o conde e princesa Isabel tentaram alguma espécie de ação. Mas já era tarde.

A princípio, Marechal Deodoro não quis declarar a republica, mas depois de ser informado por Benjamin Constant que o imperador indicou Silveira Martins, um senador que nem no Brasil estava para o ministério derrubado, o marechal decidiu pela proclamação, a princípio de um governo provisório.

Em todo esse processo os lideres do golpe e o império não ficaram em fogo cruzado. Como última cartada, o imperador enviou uma carta a Deodoro, onde um novo nome foi indicado, mas nas palavras de Deodoro, "já agora é tarde". A república foi proclamada.

Esta, curiosamente começou com problemas, pois no dia 7 de dezembro, menos de um mês depois da proclamação, a Câmara foi desmanchada devido ao seu “estado de decadência”.


17 - O adeus

A família imperial foi obrigada a sair do Brasil no dia 16, um dia antes do combinado. Foram pegos de surpresa no meio da noite com esse comunicado. Enquanto as princesas se desesperavam, com medo que não tivesse tempo de encontrar seus filhos para o embarque a Europa, Dom Pedro II manteve a calma. Este apenas ficou frustrado quando soube do adiantamento de sua ida.

Três semanas após a saída, chegava a família imperial brasileira a Portugal. Nos seus primeiros dias em Portugal viu antigos amigos e foi pego pelo peso da idade quando teve com um deles, e este estava a beira da morte.

Os últimos dias de Dom Pedro, que morrera em 14 de janeiro de 1891 foram marcados pela contração de dívidas para manter seus luxos e a despedida de condessa de Barral, a verdadeira dona de seu coração. Foi enterrado com um pouco de terra que trouxe do Brasil, mas em 8 de janeiro de 1920 seus restos mortais voltaram a solo brasileiro


18 - Os bestializados

O povo brasileiro que viu os militares marchando para aplicar o golpe republicano não entendiam o que acontecia. Para eles era apenas mais um desfile.

Muitos monarquistas logo deixaram seus títulos de Barão para demonstrarem servidão a república, ato que os facilitou a serem os primeiros servidores e políticos, caminho fácil para a riqueza nesse começo de republica. Um dos poucos que não se entregou as novas regalias da republica foi o então governador do estado de São Paulo, que numa carga espinhosa entregou seu cargo.

Diferentemente do que se esperava de uma república, as primeiras atitudes dos militares em relação a que os criticava foi de extrema violência. Em especial um jornal em Pernambuco que nas duas primeiras semanas da proclamação já enchia a republica de críticas, sofreu um duro ataque dos militares onde um dos revisores morreu, tamanha foi a violência.

19 - Ordem e progresso

Para que a profunda história brasileira associada a monarquia acabasse, o governo republicano tratou de mudar o nome de vários monumentos e ruas. Tudo que envolvia a palavra império ou o nome do imperador foi trocado por nomes de “heróis” da proclamação.

Um dos elementos da cultura brasileira que o povo não admitiu a mudança foi o hino nacional. Toda vez que o novo governo fazia alguma manifestação, se tocava a marselhesa, que é até hoje o hino francês depois da Revolução Francesa. O povo não admitiu essa mudança, e mesmo depois de um concurso publico para o novo hino, manteve o antigo.

A bandeira brasileira mudou, manteve o quadrado verde e losango amarelo, mas tirou-se o brasão da família império por um retrato do céu do Rio de Janeiro no dia da proclamação da independência. Ao centro uma faixa dizendo “ordem e progresso” que é o lema do positivismo, ideologia que unia todos os golpistas.


20 - O difícil começo

Para compor o governo, Marechal Deodoro preferiu escolher pessoas próximas a ele e que participaram do golpe republicano. Assim, muitos títulos foram dados a pessoas que não tinham aptidão nenhuma para seus novos cargos.

O governo estava organizado de forma parecida a que temos hoje, com três poderes. Presidente seria eleito a cada quadro anos sem direito a releição. Só poderiam votar brasileiros alfabetizados e acima de 21 anos.


21 - A roda da fortuna

Levando em conta o poder que havia em suas mãos, os republicanos não deixaram de usá-lo. Diferentemente do que era feito na época do império, em que todo o dinheiro que circulava pela nação era lastreado em ouro (assim evitando a inflação) agora, das mãos do ministro da fazenda Rui Barbosa surgia a politica do encilhamento, que era uma espécie de mercado de ações bancado pelo dinheiro inflacionado pelo suposto banco central. Esse dinheiro servia de material para investir nas mais absurdas propostas que brasileiros faziam ao governo. Assim, que pode pôr a mão nesse dinheiro primeiro ficou rico, quem acertou em quem investir também. Mas para o brasileiro que não estava por perto de toda essa farra do dinheiro publico, sobrou as contas e a desvalorização do seu capital.

A maioria das empresas que surgiu na época do encilhamento não prosperou, não foi o caso da Antárctica e a Companhia Melhoramentos.

Essas medidas economicamente péssimas do governo republicano criaram cizânia entre Benjamin Constant e Marechal Deodoro, que para resolver sua contenda marcaram um duelo, que foi evitado pelos ministros da época. Este governo provisório acabou com a reúncia de Marechal Deodoro em 1891. Então assume Floriano Peixoto.


22 - O caboclo do norte

Antes de pedir demissão do cargo, Marechal Deodoro fez medidas antirrepublicanas como o fechamento do congresso e a prisão de várias pessoas que iam contra o governo. Entre eles Quintino Bocaiuva, que tinha sido um dos importantes figurões da proclamação da república. Esse em especifico pediu um habeas corpus, mas foi revogado pois essa era a ordem do Marechal.

Assumia Floriano Peixoto um país a ponto de explodir, onde aconteciam várias revoltas, entre elas uma separatista no sul do Brasil.

Este foi um dos presidentes mais excêntricos que o Brasil já teve. Era conhecido como “corpo fechado”, por sempre sobreviver de forma milagrosa em batalhas na Guerra do Paraguai. Como chefe de estado tinha atitudes interessantes como não usar carros oficiais e comer sem talheres. Não fazia questão de respeitar a constituição, dizia que para defendê-la, iria ignorá-la ao prender quem fizesse agitações.


23 - Paixão e morte

Na sua história como presidente existem vários fatos macabros. Como o fuzilamento de quase 200 homens depois de uma vitória militar na cidade que hoje é conhecida como Florianópolis, nome dado em sua homenagem. Em Rio Negro, uma cidade no Rio Grande do Sul, a imagem registrada por um jornalista americano era de um absurdo macabro. Milhares de maragatos (mestiços de europeu, índios e negros) foram degoladas por ordem de Floriano devido a batalha por poder que existia na região.

Na época, Júlio de Castilhos dominava a cena politica do Rio Grande do Sul, ele criou a constituição republicana gaúcha, onde ele, o chefe do poder executivo, seria aquele que ditaria as regras. Ele foi eleito governador do Rio Grande do Sul e então começou a Revolução Federalista, que acabou na sua morte devido a um erro de estratégia militar.


24 - O desafio

Prudente de Morais foi eleito na primeira eleição republicana. Ele foi recebido sem pompa no governo. Recebia um país afundado em dívidas internas e externas, fez um bom governo e resolveu parte dos problemas. Mesmo assim ainda existiam aqueles que defendiam com unhas e dentes a existência de um governo militar, principalmente depois da morte de Floriano Peixoto, estes mesmos atentaram contra a vida de Prudente de Morais por várias vezes.

Ao mesmo tempo que tentava resolver os problemas do governo militar, acontecia a Guerra de Canudos, onde o governo perdeu várias batalhas para jagunços pobres e mal armados.

Depois de um atentado contra Prudente de Morais, que acabou custando a vida do seu ministro da Guerra, que o defendeu do assassino, este ganhou muita popularidade e pode governar com o apoio popular.

Após o fim do seu mandado, assumia Campos Salles, que começou um comportamento comum nos dias de hoje, o “toma la da cá” entre chefes políticos regionais e federais. As eleições eram fraudulentas, então sempre se mantinha no poder aqueles do agrado desses lideres, o que lhes permitia usar o dinheiro publico a seu bel-prazer.

 
 
 

Comments


Faça parte da nossa lista de emails

  2018 - Os textos aqui expostos não representam a opinião do autor.

  • White Facebook Icon
  • White Twitter Icon
  • Branco Ícone Google+
bottom of page