A Ciência Econômica e o Método Austríaco - Hans-Hermann Hoppe
Canal Resumo de Livros
4 de jan. de 2019
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A Ciência Econômica e o Método Austríaco - Hans-Hermann Hoppe - Resumo
Prefácio
Com o aumento do estado aumentou também a tendência dos governantes serem empiristas ao lidarem com a economia. Hoppe mostrará que a abordagem mais útil para a economia é o pensamento "a priori". Isto se desenvolve baseado na constatação de que a economia é um dos ramos de uma ciência maior chamada praxeologia, o estudo da ação humana.
Capítulo 1
A Praxeologia e a Ciência Econômica I
Mises é o expoente maior da escola austríaca, que diferente de outras escolas de pensamento econômico, tem uma abordagem totalmente a priori.
Algumas pessoas hoje, infectadas pelo keynesianismo, não acreditam que a teoria da Escola Austríaca é válida. Pensam que a econômica é uma ciência que só se aprende pela tentativa e erro. Curiosamente, quando Mises escreveu sua obra, no começo do século XX, importantes figuras da economia da época acreditam que, diferentemente de ciências naturais, a economia poderia ser baseada numa teoria a priori, ou seja, independente de tentativas e erros para se entender o fenômeno.
Alguns propostas econômicas como o fato de que quando existem trocas entre dois indivíduos, os que o fazem dão mais valor ao que estão recebendo do que ao que estão dando. Ou a lei da utilidade marginal, que diz que sempre que se aumenta o número de um objeto, seu valor agregado a produção irá diminuir. Esses exemplos entre outros são leis que funcionam bem na economia do nosso dia a dia. Dentro dessa perspectiva, podemos começar a entender a teoria de Mises para a economia como baseada em propostas a priori, mas que vão ao encontro dessas propriedades da economia do dia a dia, que ocorrem a milhões de anos e compreendemos facilmente.
Para começar a entender a obra de Mises, devemos ter em mente que ela se baseia na Crítica da Razão Pura de Kant. Dentre as várias informações filosóficas deste livro. Kant acreditava que existiam conhecimentos, os mais relevantes em especial, que poderiam ser deduzidos de uma abordagem a priori, exemplos são os conhecimentos matemáticos, que são externos a mente humana e podem ser provados independente de experimentos que o comprovem. Uma lógica parecida não pode ser tida para a ciência natural pois, por mais que você faça infinitamente um experimento, não pode garantir que na próxima vez os materiais se comportarão da mesma forma.
Mises foi além do pensamento kantiano, e conseguiu contradizer os críticos de Kant ao fazer um elo da realidade com os pensamentos a priori, que para alguns não são funcionais pois estão apenas dentro da mente, assim a realidade deveria, pela lógica, se adequar a mente, e não o contrário. Mises prova que só existe realidade no pensamento a priori porque ele só pode existir dentro da ação humana.
Assim a ação toma papel importante na teoria de Mises, e ele resume essa importância no “axioma da ação” que diz que a ação existe independente de provarmos isso experimentalmente, pois se alguém afirma que ações não existem, ele está fazendo uma negação, ou seja, uma ação, contradizendo sua própria afirmação.
Se a ação existe, então suas consequências também existem a priori, ou seja, que as pessoas tendem a agir para modificar seu meio de acordo com a sua vontade. Que valorizam uma mudança no futuro em detrimento de uma mudança agora apenas se no futuro a mudança for mais benéfica. Que quando faz uma troca
Capítulo 2
A Praxeologia e a Ciência Econômica II
As escolas de pensamento que não adotam o método praxeológico erroneamente acreditam que as relações entre certos eventos são leis empíricas perfeitamente estabelecidas, quando na verdade elas são leis praxeológicas necessárias e lógicas.
O problema central abordado aqui é a importância demasiada ao empirismo. Este, diferente do pensamento a priori, se baseia na tentativa e erro para comprovar uma ideia. Esta necessidade pode ser fundamentada no fato de que não é “forte” aos olhos dos outros o fato de que uma lei é verdadeira necessariamente porque é comprovada por argumentos lógicos. Ir contra isso é ter que provar que “algo pode ser vermelho e não pode ser vermelho ao mesmo tempo” é verdade em todos os continentes do mundo. Pois provar em apenas um pode ser devido a alguma peculiaridade própria do povo do local, história do mesmo etc. Este argumento pode ser transportando para a ciência econômica.
O problema do empirismo é que ele, por si só, é um argumento a priori. Vamos considerar o fato de que alguém admite que o “empirismo é mais forte que o pensamento a priori” este argumento por si só é um argumento a priori pois, não existem provas experimentais irrefutáveis de que o pensamento empirista superou em todos os aspectos o pensamento a priori.
O pensamento empirista implica que não há certeza se alguma coisa é possível causa de alguma outra coisa. Se quisermos explicar algum fenômeno, nossa formulação de hipóteses sobre as possíveis causas não é de forma alguma limitada por considerações a priori. Todas as coisas podem ter alguma influência sobre qualquer coisa. Devemos descobrir através da experiência se esta influência existe ou não; mas deste modo a experiência também jamais nos dará uma resposta definitiva a esta questão.
Quando analisamos o problema da história no pensamento empírico, aquele que diz que um argumento empírico independe da história das ações envolvendo pois, futuramente mais experimentos serão feitos e poderão provar o contrário, voltamos a dicotomia da declaração fundamental do empirismo. Se o empirismo for uma afirmação analítica, ou seja, a priori, ela não é nada mais que rabiscos no papel sem nenhum valor científico. Se for o outro caso, ou seja, a distinção empirista entre o conhecimento empírico e o analítico é uma declaração empírica, esta não teria valor nenhum, pois sendo empírica, baseada na questão histórica previamente citada, teríamos que admitir que ela poderia estar errada.
Voltando a parte prática da questão: ninguém saberia a priori exatamente qual evento poderia ser a causa de alguma ação específica. Mas se alguém pode aprender com experiências de maneiras até então desconhecidas, então alguém reconhecidamente não pode saber em nenhum momento o que alguém saberá no próximo momento e, consequentemente, como alguém agirá baseando-se neste conhecimento. A conclusão de Mises para essa questão paradoxal é que não existem causas empíricas constantes no campo da ação humana. Ou seja, A história social, diferentemente da história natural, não produz nenhum conhecimento que possa ser usado para propósitos
Ideias relacionadas a causa de determinadas ações são importantes aqui. Entender porque alguém toma determinada ação baseado em empirismo pode chegar a absurdos que não vão ao encontro dos reais motivos que alguém o fez. Porém, acreditar piamente nos motivos das pessoas podem ser um erro, pois nem sempre temos consciência de todas as nossas ações. Aqui entra a importância da perspectiva a priori da praxiologia. A ação das pessoas, especificamente as associadas a economia, podem ou não estarem ligadas a lógica a priori, porém, quanto mais perto estão delas, mais tendem a dar certo. A praxeologia impõe um limite logico a ação das pessoas, diferente do empirismo, que para funcionar teria que controlar todas as infinitas variáveis que se impõe a qualquer ação humana.
Capítulo 3
A Praxeologia e os Fundamentos Praxeológicos da Epistemologia I
Os livros de Mises sobre economia mostram que a Escola Austríaca de economia usa em seus estudos são absolutas a priori, ou seja, não precisam de observações empíricas para se mostrarem reais.
Estes estudos contribuíram, não só para o estudo da economia, como para toda a filosofia racionalista.
Capítulo 4
A Praxeologia e os Fundamentos Praxeológicos da Epistemologia II
Já foi exposto aqui que o empirismo e o historicismo em economia são teorias falhas, tanto logicamente, quanto na prática. Observamos sua falha lógica quando percebemos que o empirismo não se sustenta por si só, precisando de argumentos a priori para ser considera uma ciência. Supondo que o empirismo é certo, teríamos que considerar toda e qualquer possibilidade ou mudança de variável como significativo para a economia e testar, o que encarece todo o processo. Historicismo não fica atrás em sua ilógica, afinal, nunca teremos uma teoria fechada, levando em conta que ela buscara ad infinitum uma explicação história anterior a usada. Em outras palavras, se o historicismo afirma que eventos históricos e econômicos não são governados por nenhuma relação constante e intemporal, então essa própria proposição também não pode reivindicar dizer alguma coisa constante verdadeira sobre história e economia. Para argumentar, um historicista precisa usar ferramentas intemporais como a linguagem, o que na sua teoria é uma falha.
Como podemos provar que as leis de mercado são conhecimentos a priori? Mises propõe que essas leis devem seguir duas ordens: não depender de observação e elas devem conter proposições autoevidentes. Serem autoevidentes não significa serem simples de ver, como a verdade “absoluta” da altura de algo, mas sim uma ideia que se contradiga ao tentar refutá-la, como o axioma da ação previamente citado.
Lei de utilidade marginal, questões sobre a multiplicação do papel-moeda entre outras teorias da Escola Austríaca não estão obviamente implícitas no axioma da ação, Mises consegue mostrar que estão e isso será exposto em breve. Por hora, devemos levar em conta que, qualquer que tente provar que estas teorias não estão certas, estão logicamente afirmando elas pois precisam incorrer em custos, visar um objetivo etc, buscando um lucro e caindo no mesmo ou em prejuízo. Mais especificamente, todos os teoremas econômicos verdadeiros consistem de (a) um entendimento do significado de ação, (b) uma situação ou alteração de situação – que é considerada dada ou identificada como dada – e descrita em termos destas categorias de ação, e (c) uma dedução lógica das consequências – novamente em termos destas categorias – que devem ocorrer para um agente a partir desta situação ou alteração de situação.
Capítulo 5
A Praxeologia e os Fundamentos Praxeológicos da Epistemologia III
Para ilustrar a teoria econômica de Mises a luz da lógica a priori, tem-se o seguinte exemplo: A lei da utilidade marginal, por exemplo, resulta de nosso conhecimento indiscutível do fato de que todo agente invariavelmente prefere o que o satisfaz mais àquilo que o satisfaz menos, somado-se a suposição de que ele se depara com um aumento na oferta de um bem (um meio escasso) cujas unidades ele considera possuir uma utilidade homogênea, em uma unidade. Disto se segue com necessidade lógica que esta unidade adicional só pode ser utilizada como um meio para a remoção de um desconforto que é considerado menos urgente do que o objetivo menos valorizado já alcançado anteriormente por uma unidade deste bem.
O foco agora é entender porque a praxiologia também fornece os fundamentos para a epistemologia, que é o estudo do conhecimento. Para compreender isso, deve levar em conta outro axioma, o da argumentação, que mostra que é impossível negar que se pode argumentar, pois ao fazer isso você já está argumentando. O axioma da ação e da argumentação estão entrelaçados pois, para argumentar é preciso agir e dentro de toda ação existe um argumento. A existência destes limitantes estruturais nunca pode ser refutada por qualquer tipo de conhecimento, afinal, todo conhecimento é uma categoria de ação. Diferente de algo táctil como o ar, diferente do ar, o conhecimento está sujeito a um processo de verificação, o que significa dizer que ele precisa provar que realiza uma função positiva para um agente dentro das limitações constantes da estrutura categórica das ações.
Neste ponto pode-se voltar a filosofia Kantiana, onde seus críticos reclamam que ela busca algum tipo de idealismo. Na verdade esse estudo praxiológico mostra que as proposições verdadeiras a priori estavam fundamentadas na operação dos princípios do pensamento, que não poderiam ser concebidos operando de outra forma; elas estavam baseadas nas categorias de uma mente ativa, diferente de uma mente passiva de ações externas da filosofia a posteriori (empírica).
A linguagem que usamos para proposições, como “se, então” etc, são elementos que independem da realidade dos fatos, assim, se dentro de uma linguagem é possível que "vermelho é vermelho e não é vermelho" o erro não está na realidade do vermelho, e sim na interpretação da ferramenta "e". Semelhantemente, a razão fundamental pela qual a aritmética é uma disciplina a priori e ainda empírica, como os racionalistas sempre a conceberam, agora também se torna discernível. Reconhecer que o conhecimento é limitado praxeologicamente explica porque a visão empirista-formalista é incorreta e porque o sucesso empírico da geometria Euclidiana não é um mero acidente do acaso.
A geometria Euclidiana tem um papel importante para exemplificar questões referente a praxiologia. Na geometria temos alguns pressupostos necessários para sua utilização (retas existem, pontos existem) e todas as suas consequências são lógicas a priori. A partir disso, a geometria causa um limitante na forma que observamos o mundo. A praxeologia é para o campo de ação o que a geometria Euclidiana é para o campo das observações (não ações).
Como na geometria euclidiana existe a necessidade da suposição e existência de retas e pontos, na praxiologia é necessária assumir a existência de que causas eficientes intemporais existem. É simplesmente através do ato de agir e de fazer distinção entre sucessos e fracassos que a validade a priori do princípio da causalidade é estabelecida; mesmo se tentassem, ninguém conseguiria refutar sua validade.
Capítulo 5
A Praxeologia e os Fundamentos Praxeológicos da Epistemologia IV
O intuito desta obra foi o de reafirmar a reivindicação de Mises de que a ciência econômica é praxeologia; que os argumentos a favor da praxeologia são incontestáveis; e que as interpretações empiristas ou historicistas-hermenêuticas da ciência econômica são doutrinas autocontraditórias. E foi o objetivo demonstrar que o insight misesiano sobre a natureza da praxeologia fornece também a própria fundação sob a qual a filosofia racionalista tradicional pode ser reconstruída e sistematicamente integrada.
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