A história de Rasselas, Príncipe da Abissínia - Samuel Johnson
- Canal Resumo de Livros
- 26 de jan. de 2020
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A história de Rasselas, Príncipe da Abissínia - Samuel Johnson - Resumo
Capítulo 1 - O Vale Feliz
Somos apresentados ao local onde a família imperial de Abissínia mora, o Vale Feliz. É um local sobre as montanhas, de difícil acesso, recheado de todas as riquezas mais espetaculares, onde todos os meios para se obter prazer são possíveis aos membros da família real.
Capítulo 2 - O Descontentamento de Rasselas no Vale Feliz
Nas descrições que os sábios faziam sobre o mundo fora do Vale Feliz, era dito que eram locais onde a calamidade e a discórdia reinavam. O Príncipe não aguentava mais essas conversas e agora fazia passeios solitários para pensar. Num desses passeios foi seguido por um conselheiro. Sem perceber começou a falar sozinho, indagando sobre o que é ser feliz. Para os animais a felicidade era algo simples, relacionado com seus instintos, mas isso nunca seria suficiente a um humano. Seus anseios nunca eram satisfeitos com plenitude. As horas entre os poucos anseios que tinha naquele local, relacionado com fome ou sono, era preenchidas com tédio. Ele concluirá que deveria algum sentido deveria existir mas naquele lugar ele não seria percebido.
Capítulo 3 - Os Asenios Daquele que Não Anseia Nada
Ao ser indagado por aquele conselheiro que o seguiu, o príncipe disse que foge do prazer pois o prazer deixou de apraze-lo. O velho então, tentando tirar a ideia de tristeza da cabeça do príncipe, diz que se ele não estivesse no Vale Feliz, saberia como valorizar o seu estado atual. Isso o faz ter vontade de sair deste local. Ele começou a fantasiar com essa vida de aventuras e de resolução de conflitos que encontraria fora dali. Em seus devaneios, quase caiu ribanceira a baixo do Vale Feliz. Ele percebe então, que nesses 20 meses que esperou desde que tomou a decisão, muita coisa mudou, até mesmo animais filhotes começaram sua vida ativa. Ele cita então que os anos de infância e velhice não podem ser contabilizados como ativos para um homem, mas sim os 40 anos entre esses períodos. E deste ele já perdeu boa parte naquele local. Isso o afligia mas, ao conversar com uma criada que deixou uma xícara cair e que disse que o que passou não deve ser levado tão a sério e, ele começa a prestar mais atenção no futuro.
Capítulo 4 a 6
Um inventor trás ao Príncipe mais esperança de sair do Vale Feliz: o voo. Ele cita que somente a ignorância e a indolência precisa rastejar sobre o chão, mas que não pode dar asas a qualquer humano que pode usá-lo para o mau. Por fim ele morre no seu experimento.
Capítulo VII - O Príncipe encontra um homem Instruído
Imlac, um que passou por muitas situações complicadas na vida chega ao Vale Feliz e o príncipe logo se aproxima do novo amigo. Rasselas então pede que Imlac conte sua história.
Capítulo VIII a XIII- A História de Imlac
Ele conta que por muito tempo buscou conhecimento, mas que isso não o fazia feliz, pois depois de algumas reuniões via os homens sábios que outrora admirava como um homem comum, devido a seu aumento do conhecimento. Conta que viajou por muitos mares e que aprendeu diferentes costumes e opiniões contrários, e sempre esperava encontrar variedade na vida, ainda que venha a perdê-la na natureza. Percebeu também que nenhum homem era grande por imitação. No que se refere a poesia, percebeu que tudo que o poeta vê deve servir como fonte inspiradora, mesmo aquilo que for inútil aos olhos comuns. O poeta não deve examinar o individuo, mas as especies, percebendo propriedades gerais.
Em ética, percebe que a verdade é necessária regulação da vida sempre é encontrada onde é buscada com justiça. A ignorância é uma especie de privação: regozijamos quando aprendemos e sofremos quando esquecemos. Num local mais justo que conhecera, a Europa, ele percebeu que as pessoas são menos infelizes mas não completamente felizes. "A vida humana é em toda parte um estado no qual muita coisa deve ser superada e pouca gozada".
Imlac cita sobre companheiros. Quando voltou a sua cidade natal percebeu que as pessoas não se lembravam dele e o ignoravam por sua inteligencia. Como ele já sofrera muito, ignorou esses problemas depois de um tempo. Percebeu que seus prazeres antigos não podem ser novamente desfrutados. O mesmo não ocorre com os demais, que tem mentes sem nenhuma impressão salvo os momentos do agora. Estes ou se sentem corroídos por paixões ou se sentam estúpidos na penumbra do vazio da consciência.
Capítulo XV
Chega o dia de sua fuga junto com Imlac, o qual achou uma passagem secreta no Vale Feliz. Sua irmã pede para acompanhá-lo.
Capítulo XVI
O Príncipe continua triste, principalmente ao ver numa festa, muitas pessoas felizes. Ele conta a Imlac que responde dizendo que o ser humano existe muito antes de descobrir que a felicidade jamais será encontrada, mas cada uma credita que ela é possuída pelos outros para manter viva a esperança de obtê-la para si mesmo. Mesmo naquela festa as pessoas escondiam tristeza. Essa felicidade as vezes é fruto do destino, pois poucas pessoas vivem pela escolha, a maioria tem que lidar com a contingencia.
Ao participar de festas, o príncipe viu pessoas se divertindo com atitudes viciosas, ao repreendê-los, estes riram dele e o expulsaram (afinal não sabiam que era um príncipe). Assim Rasselas percebeu que jamais poderia ser feliz num curso de vida do qual sentia vergonha.
Talvez a lição mais importante do livro é recebida por Rasselas após ver uma palestra de um homem supostamente sabia. Ele dizia palavras importantes, comparando a razão com o Sol e a fantasia com um meteoro, por exemplo. Ele dizia para as pessoas deixarem seus preconceitos e que a felicidade estava em poder de todas as pessoas. Ao falar para Imlac essas palavras ele adverte: Não seja tão precipitado ao confiar ou ao admirar os professores de moralidade: eles discursam como anjos mas vivem como homens. Para confirmar as palavras do seu parceiro sábio, Rasselas vai até a casa do palestrante, que não quer o receber, apesar de todo o dinheiro que ganhou de doações. O motivo, após entrar no seu quarto mediante a um pedágio, é que sua filha estava morrendo. Rasselas então falou que algo tão presente como a morte não poderia pegar de surpresa um sábio, que retruca que todo o conhecimento que ele tem não pode servir como consolo numa hora dessas. Rasselas sai frustrado do local
Capítulo XX até XXIV
Ao conversar com um sultão rico, este diz que não é feliz pois está em pé de guerra sempre com o chefe do Cairo, isso simplesmente devido a seu poder e status. Percebe-se assim a tristeza mesmo em meio a riqueza.
Rasselas conhece um eremita, que é perguntado sobre alguma dica para o príncipe fazer sua Escolha de Vida. Ele diz então que toda forma de vida é boa, que mesmo com sabedoria é impossível sumir com o mal aparente. Todo seu conhecimento foi obtido na solidão, porém, por mais que na solidão se livre dos maus exemplos do homem, não se ganha com os bons.
Mais conselhos eram buscados pelo príncipe em reuniões, numa delas um palestrante falou que a felicidade é possível vivendo de acordo com a natureza. Rasselas então pergunta o que seria isso, e o palestrante se embaralha, falando palavras bonitas com firmeza, porem sem sentido. O príncipe percebe então que este era um dos sábios a quem haveria de entender cada vez menos quanto mais o ouvisse. Este decide então buscar a felicidade vivendo entre os pobres, e pede para sua irmã fazê-lo vivendo entre os ricos, depois os dois conversariam para ver quem estava certo.
Capítulo XXIV até XXXII
Ao comentar sobre o que viveu entre os ricos, a princesa disse que não via graça em suas conversas devido ao alto nível intelectual de conversar que observava entre Rasselas e Imlac. Dizia que era um palavrório sem sentido com uma hilaridade quase artificial. O príncipe disse que não encontrou muita felicidade entre os pobres, Imlac conclui que não existe uma casa sequer onde a felicidade é plena. Parte disso é a diferente forma de ver o mundo entre pais e filhos. "A idade olha com raiva a temeridade da juventude, e a juventude com desprezo, a escrupulosidade da idade". Com isso eles percebem que a vida em família é não completamente feliz, mas a vida sozinho também não o é.
Ao refletir sobre pensamentos negativos que as pessoas tem, Imlac cita que é horroroso tratar todo evento como "pragas sobre Jerusalém". Não devemos imaginar mais males do que os que já sentimos. Uma dessas preocupações exacerbadas é a de que todas as pessoas decidam não ter filhos, já que não se comprometer era uma das ideias de Rasselas para a vida feliz. Rasselas então diz que é obvio que a geração atual não tem essa pretensão, de tal forma que essa preocupação deve ser unicamente para si mesmo.
Ao comentar sobre a vida em casal, Imlac cita que seria a forma mais desgraçada de vida uma dupla que queira, em todas as ações, vier a se ajudar através da razão. Não da para agir com o advento da razão em todas as ações. Ter filhos numa idade um tanto avançada pode ajudar a não sofrer "usurpações" destes. Por fim, indo ao encontro do que foi dito sobre imaginar desgraças, um sábio lhes diz que não se deve induzir pelas contrariedades do prazer, deve-se focar nas benças a sua frente.
Capítulo XXXII até XLI
Ao analisar aquela gigantesca construção eles percebem que algo inútil como essa, já que não tem serventia alguma na guerra, só será utilizada como o apaziguamento de desejos do faraó, que já tinha todo o poder que aquele tempo lhe permitia. Ao voltarem para seu lar, eles percebem que a amiga da princesa fora sequestrada por árabes.
Ao reclamarem a seu amigo estatista, percebem que esse não haveria de fazer nada para buscar a amiga da princesa, Pekuah. Imlac diz que os governantes estão acostumados a ouvir mais sobre crimes do que podem resolver, de tal forma que esquecem dos pedidos logo o pedinte saia de sua frente. Eles comentam sobre a tristeza de Neakaya, a princesa, e e como isso pode afetá-los. Eles refletem que a tristeza dela não os afetará porque, já tendo antas aflições, é um erro acrescentar a miséria de outros. Eles falam para ela, que não adianta se fechar para se lembrar dos bons momentos com sua amiga, pois com o tempo a solidão só aumentará independente da sua amiga voltar ou não, e que a privação do prazer da companhia dela ão é uma razão para a rejeição do resto dos prazeres.
Eventualmente eles tiveram a oportunidade de reencontrar Pekuah, pagando uma taxa para seu sequestrador. Ela diz que, apesar do medo inicial, se sentiu em paz quando percebeu que a única coisa que o sequestrador queria era dinheiro. O vicio da avareza é o mais fácil de ser tratável. Os outros desvios intelectuais por vezes usam meandros mais ocultos da mente, que envolvem orgulho e são difíceis de serem vencidos. Ao falar sobre as mulheres do árabe sequestrador, ela diz que as moças têm mente de criança. Suas brincadeiras não mantêm uma mente forte ocupada. Elas dançavam como animais, apenas para se movimentar, fingiam estar feridas apenas para ter atenção dos outros. De tal forma que um homem um tanto guerreiro, intelectual e conquistador como o árabe não tinha por elas amor, pois era impossível ter amor por quem não tinha capacidade de sentir gratidão ou meios sociais para a interação.
Capítulo XLI até
Imlac conta a história de um astrônomo que passou muitos anos sozinho. Ele era muito simpático nos seus encontros com Imlac, principalmente por considerá-lo um homem sábio e bom. Imlac pensava o mesmo sobre seu colega, ocorre que este, devido a solidão em meio a cálculos astronômicos, desenvolveu um "complexo de deus", achando que ele era quem comandava o movimento dos planetas e a chuva. Como bom cientista que era, ele sabia que não poderia provar o seu poder de forma externa, então disse a Imlac que era um tipo de conhecimento que a pessoa só tem consciência. própria e não pode provar. Ao comentar sobre esse trecho, Imlac diz o pensamento mais sábio escrito neste livro: "[...] mandar a imaginação voar para longe são frequentemente a recreação daqueles que se deleitam demais na especulação silenciosa. Quando sós não estamos sempre ocupados; o labor da excogitação é violento demais para durar muito, o ardor da indagação irá por vezes ceder a ociosidade e a saciedade. Aquele que não tem nenhuma distração exterior deve encontrar prazer em seus pensamentos, e deve conceber a si mesmo como aquilo que não é; pois quem se apraz com aquilo que é? Ele seleciona condições imagináveis aquela que pelo momento presente ele deveria desejar mais, seduz seus desejos com gozos impossíveis, e confere ao seu orgulho um domínio inatingível. A mente dança de palco em palco, une todos os prazeres em todas as combinações, e se esbalda em deleites que a Natureza e a fortuna com toda generosidade não pode conferir. Com o tempo alguma corrente particular de ideias fixa a atenção, todas as outras gratificações intelectuais são rejeitadas, a mente exausta ou ociosa, recorre constantemente a concepção favorita, e se refestela na suculenta falsidade sempre que é ofendida com o amargor da verdade. O reino da fantasia é confirmado gradualmente, ele cresce despótico, a ficção começa a operar como realidade. Depois disso o Príncipe cita que em certo ponto age como o astronomo louco, dizendo que por momentos imagina um governo perfeito, em que todo mal é reprimido. Imlac conflui então que esses são os efeitos dos esquemas visionários. "Quando pela primeira vez os formamos, sabemos que são absurdos, mas os familiarizamos gradualmente, e com o tempo, perdemos de vista sua loucura". Imlac diz que as pessoas que ficam felizes na solidão, o ficam devido a si mesmas. Porém eles ficam felizes com aquilo que eles não são, pois ninguém é feliz por aquilo que é. Essa frase faz mais sentido em inglês, onde "é" seria "is" e tem conotação de "estar". Ou seja, ninguém fica feliz por aquilo que está, mas sim devido a mudanças. Muito menos provável é ser feliz por quem se é em algum momento, a felicidade surge em evoluir e não em estar.
Pekua então decide ser próxima desse astrônomo, para tentar melhorar sua condição. Ele sabiamente diz que louvor a seus méritos não são algo importante na velhice, pois não existe mais família, amigos e inimigos para dar conta dessas conquistas. A juventude se delicia com o aplauso pois este é uma especie de penhor de algum bem futuro. Novamente sobre a loucura, Imlac cita que a fantasia apresenta imagens imorais e religiosas por vezes, quando elas causam dor as pessoas as afastam naturalmente, mas quando a melancolia toma forma de um dever, elas atormentam as faculdade sem oposição porque temos medo de excluí-las ou bani-las.
Ao falar sobre a importância do ser, Imlac diz a Pekuah. que ela deve ter em mente que é apenas um átomo na massa da humanidade, que não precisa se preocupar tanto pois não tanto vício nem tanta virtude em comparação ao todo. Nekayah conclui que as pessoas não são felizes a não ser pela antecipação da mudança, ela própria não é nada quando realizada, pois logo vem o desejo da nova mudança.
Eles comentam sobre a estrutura do pensamento e da matéria, Rasselas diz que se a matéria não tem consciência., em que parte da matéria ela surge. Imlac então começa uma aula de metafísica, dizendo que não são apenas objetos físicos que existem. A própria ideia de algo existe mas não é física, porém é tão real quanto algo físico. Diz que não seria sua falha na onipotência seguir leis da lógica, como algo não ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo
Por fim, eles concluem sua história e encontram sua Escolha da Vida, Pekuah. decidia abrir uma universidade para mulheres, para aprender e ensinar. Rasselas se torna governante de um pequeno reino, que com o empo vai crescendo apesar de sua vontade inicial, Imlac e o astrônomo, que agora faz parte da turma, ficarão felizes apenas por serem conduzidos pela corrente da vida. Concluem que quando a inundação que ocorria no Cairo acabar, voltariam a Abissínia.
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