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Abolição do Homem - C.S. Lewis

  • Foto do escritor: Canal Resumo de Livros
    Canal Resumo de Livros
  • 8 de set. de 2022
  • 7 min de leitura

Abolição do Homem - C.S. Lewis - Resumo


Capítulo 1 - Homens sem peito

Começasse com a análise de um livro didático de dois "Inovadores". O princípio dessa inovação é a ação humana. Eles começaram citando que quando uma pessoa diz que algo, como uma cachoeira é sublime, na verdade está falando sobre os próprios sentimentos, e não sobre o evento em si. Esse tipo de comportamento se repete no cotidiano em outras áreas. Uma consequência disso é uma certa contradição como quando alguém diz que o outro é desprezível, na verdade são os sentimentos de quem diz que são, para os autores Inovadores Gaio e Tito (pseudônimos). A conclusão é que toda sentença de valor é apenas emoção do emissor e que nada tem importância intrínseca.

Os alunos desses senhores nunca vão aprender que um elemento pode estar num "meio termo de importância" tal como um cavalo, que é totalmente menosprezado por eles por não ser um ser político. Para eles não existe a possibilidade de ele ser um objeto de valor, mesmo um valor não antropomórfico, mas sim pelo o que eles são em essência. Vale ressaltar que o livro onde estão todas essas ideias é um livro didático.

Como argumento, os autores dizem que essa visão de mundo tira das pessoas sentimentalismos desnecessários. Mas para Lewis, o problema não é o excesso de sentimento e sim a falta. Esse vácuo que querem os autores acaba deixando as jovens presas fáceis de propaganda ideológica.

A visão de realidade dos autores é absurda, um exemplo citado ilustra: Um conservador nunca responderia a afirmação "estou me sentindo mal" com "não, eu me sinto muito bem," ou seja, não há como de forma geral as sensações serem reflexos daqueles que as tem.

Autores como Agostinho e Aristóteles citam que o conhecimento está em dar o devido valor as coisas. Em várias culturas essa analise humana da realidade é tida como régua para a convivência e vida humana. Ou seja, o que é bom pode ser naturalmente observado dado as condições materiais básicas para tanto. Lewis chama essas séries de regras "implícitas" de Tao. Reconhecer crianças como adoráveis, por exemplo, não é simplesmente um registro psicológico de emoções, mas uma verdade objetiva. Porém, para os Inovadores, um sentimento só tem ou não sentido quando "relativo" a algo, isolado este não é nada.

Para eles não há verdade fora do âmbito cientifico, então quando um pai diz ao filho que morrer pela pátria é algo belo, tentando passar um pouco de conhecimento humano a ele, os Inovadores dizem que não há nada de importante nisso. Sem o auxílio das emoções treinadas, o intelecto é impotente ante ao lado animal. Nenhum juízo torna o homem virtuoso. "Eu antes jogaria cartas com uma pessoa que fosse cética em relação aos valores éticos, mas criada para crer que "cavalheiros não trapaceiam", do que com um filósofo moral irrepreensível, que tenha sido criado entre trapaceiros. Ou seja, as emoções dominam as atitudes. Criamos homens sem peito e cobramos dele a honra, após zombar a mesma.

Resumindo: emoção é necessária para entender a realidade. Querem falsificar isso dizendo que não é cientifico. Consequência são pessoas difíceis de se conviver.


Capítulo 2 - O caminho

O argumento dos Inovadores é que estão lutando contra as emoções inúteis, em virtude do "real". Lewis propõe que vai provar que isso é uma falácia. Em função dessa prova, começa citando a "Guilhotina de Hume" que é a falácia antinaturalista, ou seja, que não se pode inferir conclusões práticas de proposições sobre o fato isolado (derivar um ser de um dever-se). Na argumentação dos Inovadores, o sentimento sobre a sobrevivência da sociedade, como qualquer outro, é irracional. Para eles o que importa é satisfazer os desejos. Coisas como o incesto ser proibido, por exemplo, deveriam ser negadas, uma vez que hoje existe a materialidade necessária para que o mal provindo dos incestos (filhos deformados, fim de civilizações etc.) não existe mais.

Basear a ética nos instintos depende de examiná-los, comparando a dignidade de cada um. Sem a comparação nunca derivaremos dignidade deles. Sendo assim temos duas saídas: ou toda tentativa de basear valores nos instintos será abandonada ou observa-los não leva a nenhuma conclusão. Lógica semelhante aos imperativos categóricos a priori de Kant. Surge a dúvida se existe um instinto associado a preservação da espécie, porém, como é possível esse existir em um ser que não é dotado de reflexão sobre um objeto que ainda não existe (o futuro)? Sendo assim, a menos que a pessoa conclusa que esses princípios são para o mundo da ação a mesma coisa que os axiomas são para o mundo da teoria, não se pode obter nenhum princípio prático. Pode-se dizer então que eles são tão racionais que não é necessário nem mesmo a "prova" (Nota: apesar que empiricamente (a posteriori) a prova é clara, o problema é a lógica a priori de onde se quer derivar certas regras, porém, de acordo com Hope, uma ética pode ser derivada racionalmente, e ela vai ao encontro da lei natural proposta aqui). Sendo assim, voltando a Hume, a razão pode ser prática, e não podemos descartar um dever ser só porque ele não pode garantir um será (ou seja, não é porque algo não pode ser provado a priori que isso não é verdade). (Nota: ocorre que para a ética jusracionalista, elementos como sentimentos e sobrevivência são condições a priori de sua derivação pois definem a argumentação, que é condição transcendental da ética).

Os Inovadores se preocupam muito com o futuro, mas de onde tiraram que estes têm mais valor que as pessoas do passado, para rejeitar tão veementemente seus ensinamentos? Sendo assim, conclui-se que todas os conjuntos de leis moral já obtidos são absolutos. Rejeitar esses valores é rejeitar os valores em si. Nunca houve e nunca haverá um juízo de valor radicalmente novo na história, as que se propõe a ser, as ideologias, são fragmentos desse Tao (conjunto de leis morais) deslocados e ampliados, levados até a loucura e o isolamento. A mente humana não pode inventar novos valores da mesma forma que não pode inventar novas cores. (Nota: a ética do Tao é a mais a priori, novamente utilizando-se da ética jusracionalista hopeana, qualquer empirismo é errado por definição).

Uma ética diferente é a nietzschiana, ela só pode ser aceita se estivermos dispostos a destruir tudo que há de tradicional. Podemos resumir como a diferença entre dizer para alguém plantar seus próprios vegetais caso queira comidas mais frescas de mandar ela comer tijolos e insetos em vez de legumes. Sendo assim, falar qualquer razão moral fora do Tao é perda de tempo, e costuma ser perigoso.

O autor se pergunta de forma retórica o porquê de não tratarmos a mente como "natureza", ou seja, como algo que pode eventualmente ser dominado e usado a nosso bel prazer. Afinal, apesar das supostas "trevas" que o autor propõe caso a ética tradicional seja abandonada, esse argumento já foi supostamente usado para muitas outras tecnologias que eventualmente foram controlados pelo homem. Porém, como Lewis irá mostrar no próximo capítulo, rejeitar a ética tradicional é rejeitar todo conceito de valor, ou seja, ela não é supérflua e adaptável.


Capítulo 3 - A abolição do homem

Podemos definir o poder do homem sobre a natureza como, na realidade, o poder de uns homens sobre os outros (citando Olavo de Carvalho, esse é o poder que só cresce desde sempre, algo que é observado historicamente no nascimento de impérios, estados e hoje por meio das oligarquias tecnológicas). Sendo assim, poder sobre a reprodução (algo novo para a época do livro) significa o poder de gerações anteriores sobre as posteriores.

Cada poder conquistado pelo homem também o deixa mais fraco em algum âmbito (como dominar a agricultura o deixou menos atlético, por exemplo). É indiscutível que muitas técnicas melhoraram a vida humana, mas com a escalada dessas vitórias, é necessário que a última vitória sobre a natureza seja o controle da própria humanidade (individual e coletiva). Isso ocorrer é, como já concluído por Lewis, o poder de uns homens sobre outros. Desde Platão ou talvez antes temos propostas de mudança da natureza humana para algum fim. E isso só não aconteceu pois quem educada e quem era educado simplesmente não permitiu.

Para que esse novo condicionalmente ocorra, é necessário manter a velha ideia de dever, porém, como o dever pode nos ajudar nisso se ele é um dos elementos que os Inovadores querem destruir? O que se percebe é que estes que querem mudar a natureza humana querem liberdade para eles, liberdade essa que será fruto do controle sobre outros homens em todos os âmbitos, desde os gostos mais básicos. Ignoram a natureza corruptora do poder, justamente porque corrupção é um dos elementos que tentam ignorar. Esses Inovadores se basearão apenas em seus impulsos e "emoções" para suas ações controla tórias (Olavo de Carvalho cita que emoção é uma palavra ampla que talvez descreva coisas de qualidades diferentes, cita como exemplo dizer que emoção é ao mesmo tempo sofrer um machucado e ouvir Bach, sendo de qualidades tão distintas, como podem servir de régua quando vinda de poucos indivíduos? Lembrando que é justamente a emoção que foi argumentada como inútil pelos Inovadores no princípio de tudo, que deveria ser jogada fora, mas que acaba sendo a única fonte de valor nesse novo mundo).

Para entender melhor o controle sobre a natureza humana, primeiro devemos entender o que é natureza. E para entender o que é, podemos compreender o que ela não é: natural se opõe a artificial, a civil, a humano, a espiritual, a sobrenatural ou seja, elementos que se rementem ao homem. Natureza engloba o espacial e temporal, em suma, o que os homens acabam conquistando, uma estrela por exemplo ainda não é considerada natureza, e não será até o momento que pudermos controla-las, como uma vez as tempestades e florestas não foram.

Ou somos algo diferente do material desde sempre, algo que foi moldado pelo Tao para que não existe entre nós aqueles que definiram o que é certo ou errado, ou somos meras material manipulável em sua própria estrutura. Se for o caso, por meio da mudança da linguagem e da violência vamos construir esse homem perfeito, onde virtudes como inteligência comum e temperança vão ser vistas como mal por não se moldarem ao grande construtor da nova humanidade.

Esse ensaio pode ser considerado anticientífico pelos cientificistas, porém não o é, pois, a verdade, tão falada pela ciência, é o que está sendo buscado aqui, e a verdade não pode ser obtida apenas por meios materiais, como já demonstrado no artigo. Mesmo essa ciência atual já foi mística, Newton é um exemplo disso, a magia tão vista como anti-iluminista, havia morrido com os mediáveis e voltou no renascimento, florescendo no iluminismo cientificista. Sendo assim, existem verdades sobre o homem que já estão postas e não há como ver o que há por trás delas, simplesmente por não haver nada.


 
 
 

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