Cartas de um diabo a seu aprendiz - C.S. Lewis

Cartas de um diabo a seu aprendiz - C.S. Lewis - Resumo

O livro se trata da conversa entre um demônio mais experiente e seu sobrinho.

Carta 1

Fitafuso lembra Vermebile da época que os humanos davam importância aquilo que era provado com a lógica, não simplesmente o materialismo de hoje. Ele diz que tentar usar argumentação para ganhar a cabeça de uma pessoa é um erro pois o ato de argumentar desperta a razão, que leva a pessoa para perto do "Inimigo" (que no caso é Deus). Ele diz para focar a mente do rapaz ao qual Vermebile incomoda com o fluxo das coisas, que são as experiências sensoriais, deixando de lado aquilo que é eterno. Tentar desviar os pensamentos dele para coisas pequenos como não deixar ele terminar de pensar algo importante ou ler um livro para pensar no almoço ou coisas sensíveis do gênero e sempre o lembras que essas sensações são o mundo real, a mera lógica não significa nada. Fitafuso termina a carta dizendo que é importante deixar o rapaz achando que ele sabe tudo, quando na verdade o máximo que lê são títulos de notícia, e que para ele isso seja a verdadeira ciência.

Carta 2

Todos os hábitos de um recém convertido ainda são ferramentas para os demônios, sendo assim, ele pede a seu sobrinho Vermebile que faça ele se decepcionar nas primeiras semanas na igreja, e focar nessa decepção.

Carta 3

Algumas dicas de Fitafuso: deixar o rapaz focado em sua vida interior, e não em missões mais elementares. Quanto mais "espiritual" esses pensamentos, melhor. Ele diz isso para induzir problemas em casa com a mãe, o principal nesse ponto é que como o rapaz é muito introspectivo, ele quer que sua mãe o entenda perfeitamente quando diz algo, mas quando ela diz, ele imagina que existam uma série de elementos subliminares no que ela fala que o incomodam profundamente, enquanto ele, diferente dela, supostamente só fala coisas completamente entediáveis que não devem causar problemas para os dois.

Carta 4

A nudez da alma (associado ao exame de consciência) é aquilo que muitos dizem que querem, mas não conseguem obter, sendo que isso é um passo importante no caminho para Deus.

Carta 5

Apesar da morte ser algo ruim para os humanos, tem seu lado bom, que os diabos detestam, pois nesse momento os humanos deixam de lado a mundaniedade e começam a pensar mais na própria morte. Boa parte dos pecados que tanto os alegra surge do pensamento humano de que vai vier para sempre.

Carta 6

Enquanto o "Inimigo" quer que as pessoas se preocupam com o que fazem, os diabos querem que eles se preocupam com o que pode acontecer, ou seja, com o futuro. Uma ferramenta para ganhar almas para o "Alto comando" é fazer as não pensarem no "Inimigo", mas como se sentem em relação a Ele. A regra para ganhar um indivíduo é dita: faça ele se preocupar o tempo todo com os objetos do pensamento, mas quando esse objeto for o Inimigo, faça ele pensar apenas em si mesmo, sendo assim, ele nunca poderá notar quando estiver entrando naquele estado de luxuria ou raiva, e assim evita-lo. Quando ao inimigo, se ele focar em si mesmo vai sempre pensar que ele está ficando cada vez mais devoto, ou seja, não vendo nada além de si mesmo. Somente quando alcançam a Vontade, e lá se materializam como hábitos, é que as virtudes são fatais para os diabos.

Carta 7

Existem vantagens em os humanos não acreditarem no diabo, por isso, Fitafuso recomenda a seu sobrinho Vermebile que ao menor passo que seu incomodado comece a pensar no diabo, ele coloque aquelas imagens engraçadas de diabos com colan vermelho e coisas do gênero. Isso produz o materialismo e ateísmo, sendo assim, quando mais ele acredita que o mundo atual é o que realmente importa, os diabos estão mais próximos do controle sobre o indivíduo.

Carta 8

A vida daqueles preferidos de Deus nem sempre é fácil, seus preferidos normalmente sofrem bastante. Diferente do diabo que apenas quer gado para se alimentar do sofrimento, o Inimigo quer que servos virem filhos, enquanto o "Pai nas Profundezas" quer poder absorver todos nele mesmo (uma ideia um tanto hegeliana) Deus quer um mundo repleto de seres unidos a Ele e ainda assim distintos.

Carta 9

Os vícios são muito mais efetivos quando servem para lidar com a apatia e exaustão, não como uma forma de obter prazer. Por exemplo, é muito mais fácil alguém virar alcoólatra para lidar com as frustrações do que bebendo para se divertir com amigos. O prazer é algo dado por Deus as pessoas. Sendo assim, é importante associar a ondulação das suas sensações em relação a igreja com algo duradouro, assim fazendo o desistir da ideia de ser cristão.

Carta 10

Fitafuso indica a Vermebile que é interessante o seu incomodado gastar mais dinheiro do que seria aconselhável, deixando de lado o trabalho e a mãe, esse tipo de coisa gera muito material para tensões domésticas

Carta 11

Piadas obscenas não são material para a danação eterna, mas sim o fato do piadista entender que pode falar e fazer o que quiser contanto que faça parecer uma piada.

___________________________________audios até aqui________________________________________________________________________________________

Carta 12

É importante deixar as pessoas se sentirem que não estão "muito fortes" com Deus. Essa sensação ruim é uma boa ferramenta para uso dos demônios. Chegar no fim da vida e perceber que não fez nem o que devia fazer nem aquilo que gostava é exatamente o que os demônios querem. Sem Deus o "nada" é forte, ou seja, as coisas sem valor, os pensamentos oscilantes, ganham força, esses pensamentos que nem tem a virtude de serem prazerosos de verdade acabam por destruir a mente da pessoa.

Carta 13

Tal como dizia Scruton, o indivíduo pode se "encontrar" quando percebe que ele é aquele que sente dor ou prazer. Essas são sensações inegavelmente reais, por isso uma pessoa que as sente está mais perto de Deus, os diabos devem evitar isso a todo custo. Um simples passeio (ou seja, ficar longe da própria mente) pode causar esse tipo de sensação. É importante para eles tirar do paciente tudo que não seja a vontade de pecar, mesmo as coisas que não são virtuosas têm uma humildade e inocência que os irrita.

Carta 14

A humildade pode ser uma ferramenta do demônio. Se for uma falsa modéstia, apenas por ser falsa já é feliz para eles. A verdadeira humildade é esquecer de si mesmo, não se menosprezar. Pensar em si mesmo é um erro até mesmo quando os pacientes pensam no próprio pecado, o Inimigo não quer que isso ocorra. Uma vez perdoado os pecados, quanto antes o paciente deixar de pensar em si mesmo, melhor para ele.

Carta 15

Deus quer que as pessoas se preocupam apenas com dois tempos: A eternidade e o agora. Os demônios tentam as pessoas a viver no passado e no futuro. O passado não é tão efetivo para suas artimanhas pois ele tem algo de real, não tanto quanto o presente, mas com certeza o futuro é o melhor tempo para colocar a cabeça dos homens. A gratidão tem olhos no passado, o amor no presente, mas os pecados como avareza e luxuria tem olhos no futuro, quando o prazer da luxuria é obtido no presente, essa já cessou. O ideal de Deus são pessoas que depois de trabalhar o dia todo pensando na posteridade, descansa sem pensar nisso, enquanto o Diabo quer que sempre estejamos pensando e tentando construir o paraíso aqui na terra. É igualmente interessante quando ele não se preocupa com o futuro porque acha que ele já será aceitável, é muito interessante para os diabos a frustação que advém disso.

Carta 16

A pessoa quando se converte as vezes se frustra com a igreja, pulando de uma para outra, como um somelier experimentando vinhos. É importante não deixar que eles entendam que a Igreja é a união de pessoas com disposições diferentes. Procurar uma igreja que combine, na verdade está criando um crítico, não um aprendiz, que é o que Deus busca.

Carta 17

Apesar da gula ser um pecado negligenciado nos dias de hoje, ela é muito usada pelos diabos, principalmente para produzir queixas, impaciência, falta de caridade e egoísmo. A pessoa peca por excesso de minimalismo, ou seja, por querer "apenas" uma pequena torradinha, mas tendo que está exatamente no ponto, cria desafetos com as pessoas que nunca conseguem a servir com a eficiência perfeita que a gula implica.

Carta 18

Amor deve se aquilo que é bom para todos, pois apesar de sermos indivíduos, temos que ser felizes pela felicidade do outro.

Carta 19

Uma vez que os demônios não podem ouvir exatamente o que Deus fala, não conseguem acreditar que Ele ama as pessoas, por tanto ficam procurando algum outro motivo pelas atitudes de paixão que Ele tem para conosco. Até comentam que o motivo do Diabo ter sido expulso (na verdade acham que ele simplesmente saiu por sua vontade do Céu) foi que o diabo não aceitava a falta de confiança de Deus. Uma boa ferramenta para tirar as pessoas do bom caminho é dissociar a sexualidade de tudo que humaniza as pessoas.

Carta 20

Existem dois tipos de mulher, a Vênus infernal, que é aquela que não serve para um relacionamento sério, e o seu tipo contrário, que exala a beleza interna e externamente.

Carta 21

Ainda dentro do âmbito sexual, o sentimento de posse é muito importante. Essa palavra foi devidamente tratada pelo "departamento de filologia" das profundezas. Trocar o sentido de posse utilizando a ideia infantil de que algo que é meu, está totalmente pelo meu controle, não vendo as nuances da diferença entre meus livros e meu cachorro ou meu pai.

Carta 22

O paciente do Vermebile está apaixonado. Fitafuso começa a reclamar que a garota que ele está é o tipo de cristã que ele acha ridícula, ou seja, aquela mulher bem virtuosa, quieta, que parece fraca mas morreria pela fé. É o tipo de pessoa que exala um aroma que vai modificando o comportamento das pessoas que convivem com elas. Fitafuso acredita que pessoas em famílias como essa estão se aproveitando uma das outras, mas não consegue provar, muito provavelmente porque os demônios não conseguem compreender a agir sobre pessoas que estão na graça de Deus.

Carta 23

Quanto tirar a espiritualidade da vida de uma pessoa é impossível, a ideia dos demônios é corrompe-la, uma forma é mudar a visão que tem de cristo para um Jesus história, em linhas marxistas. Todas essas teorias de Jesus histórico interpretam de forma estranha alguma fala dele. Em outras palavras, sofismas, mas Deus sempre cria um Sócrates para combatê-los. Com essas interpretações esperasse destruir a vida devocional. Afinal, não precisamos do Jesus histórico, mas sim da sua obra. Até por isso muito da vida de Jesus nos foi deixado oculto.

Carta 24

A ideia de moldar o pensamento das pessoas para que elas se elogiem internamente sem saber motivo é uma ótima ferramenta para os demônios.

Carta 25

Fitafuso cita o "horror pela mesma coisa de sempre" uma máquina de cometer pecados como adultério, heresias e inconstâncias na vida.

Carta 26

O namoro é a melhor parte do relacionamento para desenvolver comportamentos que causaram frustrações no futuro. Faça os jovens pensar que o sentimento de paixão será para sempre, se eles ficarem juntos achando que amor é suficiente, sem as outras várias virtudes necessárias para este funcionar, o trabalho estará bem feito.

Carta 27

Deus não vê o tempo como nós, mas fazer os humanos acreditarem que é assim que funciona é a missão dos demônios. Deus deu livre arbítrio e assim não prevê como o usaremos. Ele nos observa, mas não nos força a nada pois nos quer como pequenas copias individuais Dele.

Carta 28

Os humanos tendem a ver a morte como algo ruim, mas isso é uma armadilha do Capeta. A morte é algo natural, devemos nos preparar para ela. É da natureza humana querer o Céu, sendo assim, os demônios desvirtuam isso, fazendo as pessoas acreditarem que podem obter o Céu aqui na terra, por meio da política ou ciência.

Carta 29

Fitafuso cita que o pânico é um pecado de grande uso para os demônios.

Carta 30

O cansaço, apesar de nobre, pode ser usado pelos demônios. É parecido com o pecado da gula. Quando a pessoa não está realmente cansada, ou seja, um cansaço leve, ainda tem energia para reclamar e inventar desculpas para cometer pecado. Um deles é criticar os outros que estão buscando a verdade, pois para ele, o cansado, a verdade é o sofrimento que lhe causou esse estado, sendo que é exatamente o contrário. Para esse tipo de pessoa, o real é apenas o ruim, por exemplo o sangue e o choro de um bebe recém-nascido, mas a alegria da família é apenas subjetiva.

Carta 31

Finalmente, após deixar escapar seu paciente, ou seja, ele morreu e foi salvo, Fitafuso demonstra todo seu "amor" pelo sobrinho Vermebile, dizendo que logo irá fagocita-lo.

Fitafuso propõe um Brinde

O prazer dos demônios vem de coisas do fluxo, do instante, o prazer divino deve vir daquilo que é eterno, isso é ilustrado no banquete que estão tendo nessa reunião onde a comida (humanos que não foram salvos) é de péssima qualidade, pois os pecadores de hoje não são como os de antigamente. Cita Fitafuso que esse tipo de alma rala, mas cada vez maior em número, é com o que eles podem se banquetear hoje em dia.

Aqui ele começa a criticar a visão de democracia das pessoas atuais. Cita: "Oculto no amago dessa busca pela liberdade, havia também o profundo ódio pela liberdade pessoal. Foi aquele homem de grande valor, Rousseau, o primeiro a revelar essa verdade. Em sua democracia perfeita, lembre-se, somente a religião estatal é permitida, voltasse a escravidão, e diz-se ao indivíduo que aquilo que ele sempre desejou (embora não soubesse disso) é aquilo que o Governo lhe ordena. Desse ponto inicial, via Hegel, nós facilmente conseguimos conceber tanto o estado Comunista como o Nacional-Socialista.

Democracia é a palavra-chave, que serve para tudo, mas nunca tem uma definição clara. Se a pessoa fizer algo que não agrada a maioria, é antidemocrático. Porém, o que é o comportamento democrático? A questão aristotélica levantada é se esse comportamento significa aquele que as democracias apreciam ou o comportamento que irá preservar a democracia. As duas coisas provavelmente não são a mesma. Da ideia de que todos os homens devem ter o mesmo tratamento perante a lei, a democracia (devido, cita Fitafuso, ao ótimo trabalho do departamento de filologia das Profundezas) desvirtua isso, e implica que todos os homens devem ser iguais. Os democratas defendem isso justamente pela agonizante verdade que estes são inferiores. Eles então se dedicam a que os outros desçam até seu nível. Todos serão cortados, em tudo, até o nível comum. Essa é a tirania onde todos são iguais, porém uma tirania onde a o ditador é a massa. Isso vai até mesmo ao sistema educacional, onde as crianças mais inteligentes não podem avançar para classes superiores pois causariam "traumas" as outras crianças.

No fim, abre-se um vinho antigo, de fariseus, para a alegria dos demônios, estes sim pecadores "de respeito".