Como aprendi a pensar - Luiz Felipe Pondé
- Canal Resumo de Livros
- 6 de set. de 2019
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Como aprendi a pensar - Luiz Felipe Pondé - Resumo
Uma história marginal da filosofia
O livro é uma proposta do autor de explicar as fases que fizeram ele chegar a ser o filósofo que é hoje.
Diferente da maioria dos filósofos, ele cita que decidiu por essa área depois de já ser pai e casado, assim, não foi uma busca por resolução de “conflitos juvenis”
O livro está dividido em seis capítulos: Filosofia antiga; Antiguidade tardia; Uma história da filosofia medieval, ainda que marginal; Renascimento e filosofia moderna; A formação da modernidade bipolar em filosofia: a dialética entre Iluminismo e Romantismo e o debate ético; e, por último, Fragmentos do contemporâneo.
Capítulo 1 - Filosofia Antiga
A filosofia antiga preserva importantes autores, como Sócrates, Platão e Aristóteles, mas linhas marginais da filosofia daquela época foram importantes para a formação do autor, como os epicuristas e as tragédias.
Do mito, a tragédia e a filosofia
O mito é uma narrativa que fala sobre o sofrimento e modos de salvação, sempre sobre a chave do pensamento sobre a morte.
A Tragédia
Essa sempre esteve em voga para buscar a purificação para a morte. Necessitava de uma reverencia pelo desconhecido. Para o autor, sem referência não se aprende sobre nada. Dentro da tragédia grega importantes autores são Ésquilo, Sófocles e Eurípedes.
É dentro da democracia que surge o conceito de tragédia. Afinal é nela que se estimula a indagação e a investigação dos limites do pensamento, também, e ainda hoje, ela produz profusão de ideias e ódios.
Filosofar é aprender a fazer perguntas que nos deixam mais inteligentes e interessantes, e não necessariamente mais felizes. A vida é fadada por derrotas, entender a contingência dela foi mais acessível a partir das tragedias.
Sófocles em a Antígona descreve uma tragédia sobre a história de incesto que acabou causando em dor para todos. Por consequência, a personagem principal preferiu a morte. Afinal, ela deixou de seguir leis importantes para a época, e como é a proposta conservadora dita por Burke, sendo nós, a sociedade, a soma dos que morreram, dos que são, e dos que virão, arranhar essa delicada estrutura seria fatal.
A filosofia - uma dolorosa busca pelo entendimento racional no mundo
- Pré-socrática
Explicar as coisas nem sempre é possível. Existem várias razões, uma elas é que explicações racionais nunca dão conta plenamente dos fatos. Filósofos neokantianos como Ernster Cassier tentaram explicar a realidade a partir de proposições lógica-empíristas e não conseguiram. Ele teve bons insights sobre o fascismo do estado grande, mas nada que transcendesse em sua filosofia. Alguns filósofos gregos do século I como Lucrécio acreditavam que essa dimensão imaterial não existia, e que tudo poderia ser reduzido ao átomo. Anaximandro de Mileto afirmava que nada deveria existir pois a existência em si era um erro, e que tudo deveria voltar ao "Um" superior.
- A virada antropológica: sofistas e Sócrates
Protágoras e Górgias se perguntavam as coisas a partir do ponto de vista humano. Disso nasceu corretes filosóficas como a política, ética, epistemologia etc. Principalmente se deu a existência dos sofistas, onde para eles a verdade surgia apenas da existência de bons argumentos. Isso moldou a verdade politica posterior a eles, a que vivemos hoje. Afinal, quem realmente liga para a verdade lógica ou empírica, um sorriso populista tem muito mais valor na hora de conseguir os votos numa democracia.
Sócrates foi o primeiro a concluir, diferentemente dos sofistas, que é quando se percebe que não se sabe tudo, é que se começa a obter o conhecimento. Ir além da limitação inicial é o que tratará humildade e a verdadeira sabedoria.
Platão e Aristóteles
O autor cita que nunca se aproximou muito da teoria platonica, pois ela dedicava grande parte de seu desenvolvimento a utopia. Foi numa analise da utopia de Platão feita por um suposto eugenista foi que ele percebeu que os contemporâneos mentem mais que os ancestrais em projetos de vida perfeita. Nossa violência é inconfessável mas está lá.
Para Aristóteles a ética é uma ciência da pratica que se dá na contingência: as situações e meios que um grupo de pessoas pode estar demanda uma ética diferente de quem está numa situação mais grave ou confortável. Coragem é uma chave importante aqui, ela se dá no momento de dificuldade, e não num workshop sobre o tema. Ter consciência disso e sua consequência básica: de que existem pessoas melhores que outras, é necessário para compreender a obra desse filosofo.
- Estoicos, epicuristas e céticos
A filosofia estoica acredita numa vida sem a busca por desejos. Quanto menos nos apegarmos as coisas menos sofreremos. Sendo que é da natureza das coisas o acaso cego, se apegar o que tem evita muitas decepções. O “percurso da busca fracassada” é o que forma o intelecto, desenvolve a humildade e a percepção de que devemos muito aos antepassados. E que também não temos certeza se deixaremos a mesma herança para o futuro.
Capítulo 2 - Antiguidade Tardia
- O encontro entre Jerusalém e Atenas
A patrística tem em Santo Agostinho a referência de seus estudos.
- Autonomia x heteronomia
Na filosofia grega, a compreensão das coisas estava na ontologia aristotélica, aqui no mundo hebraico será dada sobre a ação humana em relação à vontade divina. Para os hebreus é impossível a ação humana ser boa sem a graça que vem de Deus, e é nesse ponto que Santo Agostinho desenvolve sua filosofia.
Uma heresia importante para a filosofia que data da época dos patrísticos é o gnosticismo. Essa filosofia é baseada num deus mau, ou seja, segue uma filosofia pessimista. Isso levou a muito dos seus membros negarem a reprodução e seguirem no celibato. Hans Jonas no XX diz que niilismo e gnosticismo são ambas formas negativas radicais em relação à vida e ao mundo. Leibniz perdia o sono pensando se os gnósticos teriam razão. Este autor teceu a Teodiceia, que tinha propostas parecidas com o gnosticismo mas saia da premissa de um Deus bom.
A espiritualidade cristã e a filosofia
- Monaquismo cristão
Os monaquistas queriam testemunhas o conhecimento de Deus principalmente com práticas cotidianas. A raiz bíblia disso está nos livros de Provérbios, Eclesiastes, neste último principalmente o reconhecimento do pó que somos, a lua contra vaidade moral está no Livro de Jó. Para o monástico a regra básica da vida estava no trabalho manual físico e estudo sagrado. A grande diferença entre o estoicismo e o monaquismo (que são evidentemente parecidos tendo em vista o estudo do estoicismo no capítulo anterior) é que no primeiro a busca será um registro de autonomia, enquanto no segundo é um registro da graça de deus (devido a essas diferenças, Santo Agostinho criou os estoicos).
- Neoplatonismo e mística
Plotino acreditava no "Um", e este era bom pois criou o mundo que vivemos, tudo faz parte desse Um. A mística é um processo importante aqui. Ela pode ser obtida com estudo e concentração. Parte dela que o conhecimento verdadeiro estará fora do alcance dialógico e lógico, supera a abordagem ingênua da linguagem (filósofos como Wittegenstein trazem esse conceito novamente no XX). Para o autor filosofia sem essa mística é rasa, e presa a dimensão cientificista.
O conceito de pecado
- O mito da queda
Suas alusões começam no Éden. Onde Adão e Eva preferiam escolher a autonomia, apesar da possibilidade de heteronomia vinda de Deus. Fizeram isso apesar do sofrimento. Nos dias de hoje observamos algo parecido na autoajuda, mas para ela falta dizer que as pessoas não são suficientes para resolver os próprios problemas. Os dois não eram causa sui, necessitavam de deus para serem completos. Da mesma forma que ninguém é causa sui por ter necessidades físicas (água por exemplo) e internas.
O mal
Nas palavras do autor, mal na filosofia patrística, principalmente em plotino se define da forma: não é à toa que o mal estará sempre associado à falta, à ausência de forma, ao vazio de ser, e, por consequência, no plano da ação, estará associado à incapacidade de criar, de ser original (o mal copia….), de sustentar a vida. Moralmente falando, o mal encontrará refúgio na inveja, no ressentimento, em tudo que odeia a forma, a beleza, a originalidade e a capacidade de sustentar a vida. A ideia platônica de que só o bem pode gerar, porque é abundante de Ser, será muito bem-vinda na tradição abraâmica, justamente pela abundância do Deus infinito e eterno.
Natureza humana
- O nascimento do livre-arbítrio
Santo Agostinho foi aquele que desenvolveu o conceito de livro arbítrio. Este conceito discute se os seres humanos são realmente livres para escolher, se são presos por alguma instância fora do seu controle. Para ele o mal nasce quando a vontade humana se desprende do criador. Sendo ele um objeto infinito, nos temos desejo infinito. E assim mal infinito pois o homem nunca descansa e nunca está satisfeito. Só existe bem no criador, então a liberdade para escolher nos afastou automaticamente da beleza e bondade.
- A polêmica da graça
A história do cristianismo é a soma de vários cultos que aconteciam na região onde essa religião se desenvolveu. O mesmo aconteceu no império romano, onde o estoicismo era uma filosofia importante. Porém Santo Agostinho não concordava com isso, ele dizia que para o estoico faltava chorar, e que ela era errada não apenas empiricamente (Agostinho observava as pessoas fazendo escolhas ruins) e também logicamente pois incidia no erro da vaidade do bem. Para Agostinho só tinha graça aquele que não se sentia merecedor dela, o efeito dela era a perda do orgulho e vaidade.
Capítulo 3 - Uma história da filosofia medieval ainda que marginal
Uma filosofia marginal da Idade Média
A questão a ser estudada aqui são as relações entre razão e fé, conflito herdado entre Jerusalém e Atenas. Para Tomás de Aquino a filosofia pode ser uma mediação mais inteligente para a fé.
A recepção de Aristóteles e a primeira condenação de intelectuais pela Inquisição
- Tomás de Aquino
Conhecer, para Aristóteles, é entender a estrutura transcendental que forma as coisas, tal qual conhecer as causas que produzem o efeito específico que queremos entender. Tomas de Aquino acreditava, então, que a filosofia Aristotélica é a que chegaria mais perto dessas respostas, mas que el anão seria suficiente sem a fé. Existem experiências misticas que não estão ao alcance do saber. A primeira cisão desse pensamento foi quando supuseram que poderia existir duas verdades diferentes, uma filosofia e uma teológica, isso não era verdade para tomas de Aquino.
Essa forma de ver a realidade com substâncias únicas, sendo cada individuo feito de uma substancia que lhe é própria e nenhum outro tem, algo diferente da filosofia grega, nessa linha de pensamento então não existiriam intelectos individuais.
Martinho Lutero “desfilosofou” a fé quando propôs que apenas a fé poderiam levar a Revelação de Deus. Posteriormente o Papa João Paulo II, no século XX, vem a reafirmar a junção de Agostinho com Tomás, de que a revelação vem da fé e da razão conjuntas.
Uma primeira crítica à metafísica
Lembremos a discussão sobre as substâncias únicas. Essa é uma ideia que vem dos gregos, mas que foi necessária para entender a Inquisição na Idade Média, pois ela evoluirá para a famosa querela dos transcendentais, que tenta definir o "raio de ação" de Deus.
A querela dos transcendentais.
A discussão se dá por conta do seguinte exemplo: A substância do cavalo existe no meu intelecto antes de existir no mundo como objeto? A segunda existe sem a primeira? A primeira existe sem a segunda? E mais: onde está a ideia primeira de cavalo a partir da qual meu intelecto e o seu têm neles essa ideia de cavalo? Resposta: ela está no intelecto primeiro, agente, de onde todas as ideias dos intelectos “menores” (os nossos) vêm.
Para, então, compreender o conceito dos transcendentais., devemos pensar na concepção a priori de Deus. Em si eles carregam um problema, Deus não suporta que lhe sejam “impostas” ideais, independente de definições de belo, bem e a verdade. Esses transcendentais. citados anteriormente seriam celas para o Deus israelita. De tal forma que não considerar transcendentais. causa um desvinculo com a metafísica divina, este foi um movimento conhecido como nominalismo.
Nominalismo
Para os nominalistas conceitos como os transcendentais. São apenas palavras. Ignorá-los cai bem a fé protestante, pois essa não ligava para outra forma de revelação além da fé. Mas, ao mesmo tempo que se de prende Deus da "cela" dos transcendentais, se prende numa cela de intuição, ritual, algo quase irracional.
A mística feminina medieval
Essa, feita por mulheres comuns da Idade Média buscava uma abordagem de Deus voltava ao romancismo, onde ele colocava sua tenda nas trevas para realmente dificultar sua busca.
Capítulo 4 - Renascimento e filosofia moderna
Renascimento
Foi uma época do pensamento que não se localiza bem em nenhum período histórico, para Pico della Mirandolla o destino do homem é ser um artista como Deus, não tendo assim uma determinação a prior do que ser. Essa discussão sobre liberdade permeia a filosofia até hoje. Seria o homem o dono da sua vontade e intelecto?
Maquiavel
Seu nome são associadas com atitudes imorais, como "os fins justificam os meios" mas na verdade ele foi um grande pensador sobre o poder. Baseava sua teoria em virtu e fortuna, que são, respectivamente, o quanto alguém pode se esforçar para ter algo e a contingencia que a vida determina para a pessoa. Esses elementos são tanto externos quanto internos a pessoa. Num undo de pessoas gourmetizadas como o de hoje, frases maquiavélicas como "mate todos até os bebes pois um dia eles irão crescer" pode soar duras demais.
Montaigne: ceticismo melancólico e a forma ensaio
Montaigne foi muito amigo de Etinne de Laboetie, um importante pensador francês. Sua metafisica é focada no eu, o que a define como algo contingente e efêmero.
Enquanto um importante pensador do século XVIII, David Hume, tomou os pensamentos de Pascal e foi para uma filosofia conservadora, Montaigne desaguou num estoicismo melancólico.
O NASCIMENTO DA CIÊNCIA MODERNA
A dúvida hiperbólica de Descartes
Descartes buscava em meditações metafísicas achar uma resposta que não necessitasse de fé. Isso era raro em sua época. Como ter certeza do que se acha que sabe sem ter algum conteúdo revelado ou de fé? Ele buscava um conhecimento apodíctico, que partia unicamente do sujeito humano. Dai surge o "cogito ergo sum" Não posso ter certeza dos conteúdos do que penso mas não posso duvidar de que algo está pensando. Enquanto as coisas que pensam em duvidam pensarem e duvidarem existe o intelecto antes do corpo.
O método indutivo de Francis Bacon
Para este filosofo as teorias não importavam, o verdadeiro conhecimento se encontrava na prática. Conclusões lógicas não admitem testes então não serviam para seres empíricos como os humanos.
O GRANDE SÉCULO XVII
A crítica à religião em Spinoza
Spinoza acredtiva que a "intuição profunda" das pessoas era muito mais valida que a busca e coleta de dados, pois somos constituídos da mesma substancia de Deus.
Pascal, o jansenismo e o protoexistencialismo
Lucien Goldmann, um dos primeiros pensadores considerados com uma visão irrestrita, acreditava que o esvaziamento de sentido era causado pela entrada no mundo racional burgues, pois nele só importam sucesso, produção etc.
Jansenistas pensavam, então, que apenas a graça era eficaz e necessária para dar as pessoas os elementos necessários para uma vida de valor. Tudo sem graça era sem mérito, algo muito parecido com correntes cristãs atuais. Pensadores como Pascal, um jansenista, afirmavam que qualquer elemento criado pelo homem, como trabalho, riqueza e conhecimento, são apenas formas de divertimento, sem um valor intrínseco.
A FILOSOFIA POLÍTICA MODERNA
O pessimismo em Thomas Hobbes
Hobbes acreditava que a realidade é bruta, breve e violenta, e em cima disso desenvolveu sua teoria no livro Leviatã, onde definia uma minoria que controlaria a violência. Com isso essa minoria não permitiria que a violência. se generalizasse, pois, de acordo com o autor, o "Homem é o lobo do Homem". Sem essa minoria, ou seja, o estado, a "pré-história que nos espreita pela fresta da porta" tomaria conta. Vemos breves nuances dessa verdade nas greves e discussões politicas da atualidade.
Locke: empirismo e liberalismo
Locke era um empirista, e em cima de sua teoria que definia que a única forma de se observar a realidade é por observação dos sentidos humanos, desenvolveu parte do liberalismo. As pessoas, nessa teoria, não deveria ser incomodadas por instancias superiores quando estivessem resolvendo "os seus assuntos". Nessa teoria a religião perdeu ainda mais força, e historicamente foi importante na vitória do protestantismo em relação a igreja católica em futuros países como a Alemanha.
CAPÍTULO 5 - A FORMAÇÃO DA MODERNIDADE É BIPOLAR EM FILOSOFIA A DIALÉTICA ENTRE ILUMINISMO E ROMANTISMO E O DEBATE ÉTICO
O que é a modernidade bipolar?
Modernidade no iluminismo é algo que tange a perfectibilidade humana.
Iluminismo
Iluminismo francês
Autores como Voltaire e Russeau são importantes nesse contexto. Em especial Rousseau com sua politica da modernidade.
O que é uma ideologia da razão?
Voltaire tentou quebrar a teoria de Leibniz sobre a teodiceia, que é a explicação do porque existe o mal se deus é bom, no seu livro Cândido. Leibniz dizia respondeu essa pergunta dizendo que esse é o melhor mundo possível, que não pode ser perfeito porque apenas Deus é perfeito. Para Voltaire o mundo é o lugar da ignorância, e o máximo que podemos fazer para lidar com esse mundo é "cuidarmos do nosso jardim".
O iluminismo francês. falha por achar que a realidade se reduz a razão. Devido a isso ele desenvolveu várias utopias racionalistas que não deram certo e desandaram em ditaduras.
Politica como perfectibilidade do homem
Rousseau desprezava a ciência, pois ela se tornara uma ferramente do acumulo de riqueza, que para este autor era o motivo da pobreza de espirito das pessoas. Apenas quando as pessoas voltassem a seu estado natural.
Iluminismo britânico
Essa linha de pensamento segue o que chamamos hoje de conservadorismo. Mas o que há nessa teoria que a caracterizava como iluminista,, ou seja, a representação do processo de melhoria da sociedade?
O que é uma sociologia das virtudes?
Adam Smith é um dos expoentes dessa teoria, e como um filosofo britânico da época se preocupava com as condições sociais e politicas, e como isso influenciava nas gerações.
A importância do tempo no iluminismo francês. se mostra relevante no pensamento de Hume na sua analise de que até que ponto o pensamento individualista do nascente liberalismo em Adam Smith não causaria danos morais. Essa é a sua sociologia das virtudes, que surge principalmente em Burke na crítica da perfectibilidade.
O inglês Edmund Burke, no seu livro Reflexões sobre a revolução na França, mostrava a importância do passado no pensamento. Diferentemente do iluminismo francês. que acreditava na constante melhora e busca da perfectibilidade com o novo, Burke acreditava que o passado tinha algo a dizer. Em sua famosa frase, que a Sociedade são os que morreram, os que estão vivos e os que irão nascer. Ou seja, devemos prestar honras aos mortos pois eles nos deixaram tradições e virtudes que construíram o mundo como ele é, e nós não temos certeza que conseguiremos fazer o mesmo.
Ao analisar a tomada da Bastilha pelos revolucionários franceses, Burke cita como imaginou a violência. contra a Rainha Maria Antonieta, os revolucionários então perceberam que "a rainha era apenas uma mulher, e uma mulher é apenas um animal" mostrando que logica e razão não sustentam a moral e os titulo, mas sim a imaginação.
O debate ético do iluminismo
Entre os séculos XVIII e XIX começava o debate entre Kant e os utilitaristas.
Kant acreditava na ética dos imperativos categórico, que são leis morais que devem ser seguidas por todos. Algo só se torna ético, e a pessoa por consequência só é ética, se toda a ação dela poder ser tomada como norma. Neste ponto a filosofia de Kant é vista como utópica, pois seria inconveniente certas atitudes éticas tomadas por todos, como nunca mentir, ou nunca ser usado como meio. A principal crítica é que o caráter deontológico da teoria impede que ela seja posta na prática. Isso foi corrigido por filósofos da Escola Austríaca, ao perceber que esse homem transcendental de Kant não existe, mas que os imperativos categóricos formulados por Kant podem ser alcançados por meio praxiológicos.
Os utilitaristas, como Jeremy Bentham, acreditavam que a otimização do bem-estar era o que realmente importava para o bom convívio em sociedade, assim, desenvolvendo métodos para aumentar o bem-estar ao máximo para a maior quantidade de pessoas, era a atitude ética a ser seguida. Essa filosofia foi duramente criticada, por estar vinculada a uma vida de afetos e prazeres. Sua principal crítica surge no livro Admirável Mundo Novo de 1930 onde as pessoas que vivem num mundo dominado pelos prazeres acabam se tornando burras e imaturas.
Romantismo
Essa filosofia que começa no século XVIII se caracteriza pelo mal-estar relacionado a modernização e a reificação da vida.
Mal estar com a civilização existe desde os textos gregos, e se estende até os dias modernos. Zygmunt Bauman cita, dentro desse contexto, a caráter líquido das relações, Adorno percebe a mercantilização de processos românticos, como "se isolar num spa caríssimo".
Filosofia e literatura
A autenticidade é um conceito importante no romantismo e foi desenvolvida por Kierkegaard. Varias obras do período romântico que fazem as pessoas tenderem a viver pela sensação vão ao encontro do que escreveu esse autor. O morro dos ventos uivantes é um exemplo, pois os personagens se destacam não por atitudes éticas, mas por quanto sofrem (são afetados).
A dialética que existe entre romantismo e iluminismo surge porque a modernidade não conseguiu vincular essas duas ideias. O conceito de dialética é muito explorado em Hegel. Essa que foi uma ideia importante para filosofias como o marxismo. Na teoria hegeliana a história se desenvolve, evolui, e isso se deve a dialética, da discussão entre duas ideias sai uma terceira mais efetiva, e assim sucessivamente causando a evolução obrigatória da racionalidade.
Kant e Hegel: os pais da razão moderna
Para Habermas esses são os dois filósofos mais importantes da modernidade devido a busca da autofundação e sua autoconstituição na dinâmica histórica interna. Kant dava uma importância gigante a logica humana, assim como Hegel, pois para le, por mais que a mente humana fosse falha, não temos outra forma de interpretar o mundo a não ser os processos logicas da mente.
Capítulo 6 - Fragmentos do Contemporâneo
Essa visão esteticamente fragmentada da atualidade é descrita por Pondé sob a luz dos autores que lhe são caros.
Darwin
Darwin foi o autor do A Origem das Especies. Ele descreve a sua teoria da evolução como da contingencia para a sobrevivência dela própria. A seleção natural tem mais a dizer sobre a realidade do que todas as teorias de gênero que tendem a indicar que as pessoas são mais moldadas por características sociais.
Marx
O autor vê a importância de Marx quando se refere ao materialismo histórico. O quanto a vida baseada em produção e riqueza molda o comportamento humano. Consequência doentias desses comportamentos são mais evidentes numa época onde a exposição de sua vida é maior como hoje.
Kierkegaard
Este autor escreve sobre a angustia, para fugir dela, ele propõe três formas básicas. A primeira delas são as sensações. Elas não conseguem nos salvar da angustia porque nos levam ao vicio e ao cansaço. A segunda é a ética. Ela também não causa a priori nenhuma benesse e isso já é observado desde o judaísmo, que cita que sua teologia não tem nada que garante que você se dará bem (Livro de Jó). O terceiro é o religioso doutrinário, que também não salva pela estrutura burocrática da igreja. Há única forma, difícil, é aceitar que não há vida sem angustia.
Nietzsche
Ressentimento é a chave para entender esse autor. O niilismo é fruto dessa percepção de que o universo não se importa conosco. Somos um acidente. Podemos voltar a ter "tesão" pela vida usando da coragem.
Dostoiévski
Esse romancista russo mostrava uma percepção muito acertada dos niilistas, como pessoas que acabam gerando os próprios problemas que criticam. Em O sonho de um homem ridículo, este niilista que estava a ponto de se matar e não ajuda uma garotinha a qual a mãe esta a beira da morte, pois isso atrapalharia o seu egoísta fim, vai para casa e antes de se matar dorme, neste sonho ele percebe que está num paraíso onde sua existência causou o caos. Foi ai que ele percebeu sua participação na própria. desgraça e na dos outros.
Bergson
Sua teoria propunha que existem dois "eus" um pragmático, material e outro profundo. Na "sociedade de consumo" e cientificista, esse eu profundo se perde, e as consequências disso são empobrecimento da existência.
Freud
A humanidade paga um preço alto pela civilização, o mal-estar. A repressão da libido, que é necessária para a vida em sociedade acaba criando esses problemas psicológicos apontados por ele. Ocorre que no mundo atual essa visão de que existe repressão sexual não é mais vista como algo nobre, e sim como uma repressão patriarcal que deve ser combatida.
Adorno
Um dos intelectuais de Frankfurt que segue a linha marxista. O insight tirado dele é que o marketing do comportamento ético é sempre canalha, pois a virtude é sempre tímida.
Bauman
Ele previu em alguns anos a existência de sites de relacionamento por perceber a liquidez das relações na sociedade atual. A vida é rápida e os relacionamentos também. Como no livro 1984, todos viagem todos porque todos querem ser vigiados, para promover essa rápidas e leveza. Ocorre que nesse processo os relacionamentos sólidos, que replicam a família tradicional se perdem.
Bernanos
Este é o Dostoiévski francês. Em obras como Sob o sol de Satã, ele discute a vida de pessoas que tem determinada vocação e moldam discussões sobre os comportamentos derivados disso. Em Diário de um pároco de aldeia, ele chega a conclusão de que tudo é graça, o ser é um presente para si mesmo e a confiança no mundo só volta quando chegamos ao estado de graça.
Camus
A tragédia para a espécie humana é perceber que sabemos que somos mortais e sozinhos no universo. É no cansaço que nos distanciamos do niilismo, pois ele nos impede de permanecermos na nossa rotina sem sentido.
Nelson Rodrigues
Um autor brasileiro que mostra seus personagens como seres complexos que lutam contra a própria. Deficiencia da carne. Para ele "cair de joelhos é a forma mais radical de se conhecer o mundo".
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