Como Pensar sobre as Grandes Ideias - Mortimer Adler
- Canal Resumo de Livros
- 11 de jul. de 2021
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Capítulo 1 - Como Pensar sobre Verdade
A forma como entendemos o conhecimento pode ser discutida. Existe a linha relativista, que acredita que não existe uma verdade absoluta, sendo assim, algo verdadeiro para mim pode ser falso para você, e isso mediante a questões da natureza da pessoa, história etc. Para isso, é importante definirmos aquilo que entendemos por verdadeiro e por verdadeiro. A verdade é dita quando aquilo que acreditamos está em consonância com aquilo que dizemos, todos que experimentaram mentir sabem que ali não há verdade. Mas aquilo que temos na nossa mente não são os fatos em si, são apenas nossas concepções sobre os fatos. Eu não posso perguntar a realidade.
A verdade demanda consistência, pois é necessário que aquilo que eu observo e considero verdade tenha alguma correspondência com a realidade. Aristóteles citava que existem duas formas de obter verdades, as verdades auto evidentes, que surgem da lógica (como o todo ser maior que a parte) e as verdades de percepção (que surgem da observação). Contrariando os relativistas, pelo menos certas verdades são absolutas, como quando alguém cita que a Terra é redonda, por mais que no futuro algo possa achata-la, isso não deixou de ser verdade quando dito.
Capítulo 2 - Como Pensar sobre Opinião
Existe a necessidade de sermos receptivos a controvérsia, pois a controvérsia pode levar a luz em questões que estão arraigadas, principalmente de ordem política, onde a pessoa causa polemica dizendo sua opinião diferente da suposta maioria. Opinião é diferente do conhecimento pois podem estar certas ou erradas, ao contrário do conhecimento, pois se algo é conhecido, é impossível que seja falso. Conhecimento também é absoluto, ou seja, independente do que pensa a maioria das pessoas.
Capítulo 3 - A Diferença entre Conhecimento e Opinião
O caminho da ignorância para o conhecimento é maior do que o caminho daquele que está errado, pois para o errado, ainda existe a necessidade de mostrar a ele que ele não sabe sobre determinado assunto ao qual está errado. Essa forma de obtenção da verdade faz parte do método interrogativo Socrático. Os céticos que não acreditam na obtenção do conhecimento usam de artifícios sensoriais para seus argumentos, citam por exemplo que a sobre de um objeto redondo, dependendo do angulo onde bate a luz, forma uma imagem quadrada, e que assim o máximo que obtemos são opiniões prováveis (David Hume). Ocorre que a autocontradição acontece justamente quando se nota que a ilusão é uma farsa, que o objeto realmente não é redondo, uma verdade evidente obtida da visualização. Pois se não há axiomas e fundamentos, nem mesmo a matemática subsistiria, pois boa parte de seus fundamentos são axiomas (existência de retas, pontos etc.). Quando um cético diz que tudo é questão de opinião, diz isso com a convicção de que está falando uma verdade absoluta, ou seja, auto refutação.
Capítulo 4 - Opinião e Liberdade Humana
O autor cita a história de quando tentou provar por raciocínio lógico que a democracia é a melhor forma de organização humana. Ele fez esse documento para um colega que defendia a democracia, mesmo quando o autor não acreditava nesta. Ao mostrar o documento a seu colega, ele ficou frustrado e disse que era antidemocrático pois, na visão de democracia deste ela deveria fornecer a liberdade mesmo de ser criticada, o que não seria possível caso houvesse uma prova de sua eficiência absoluta.
Capítulo 5 - Opinião e Regra da Maioria
A discussão entre o autor e seu colega chega até o ponto em que concerne a democracia, ou seja, quando a opinião das pessoas vai delimitar o que será feito ou não. As opiniões, como já citado sob a luz de Aristóteles, não são conhecimento, mas de acordo com o autor é suficiente para resolver problemas de ordem social. Pois a maioria normalmente é mais sabia que a minoria. Ele diz que outro jeito possível é usar a força, pois assim uma ideia seria posta em prática, mas isso vai contra a racionalidade. Esquece, porém, que a democracia é o uso da força supostamente apoiado pela maioria.
Capítulo 6 - Como Pensar sobre o Homem
O homem não tem apenas uma diferença de grau em relação aos outros animais. A consciência do homem, ou seja, sua dimensão noológica, é algo inatingível pelos animais. É fato que temos nosso lado animal, mas podemos transcende-la, mesmo em matéria que a diz respeito, graças a essa dimensão que temos de diferente dos outros seres vivos.
Capítulo 7 - Quão Diferentes São os Seres Humano?
Essa dimensão é impossível de ser atingida por outros animais. É como um polígono que se aproxima do círculo ao aumentar sua quantidade de lado, mas nunca efetivamente chega a virar um círculo.
Capítulo 8 - A Teoria Darwinista da Origem do Homem
Darwin demonstra em seus escritos que os homens e animais tem num ponto de vista material, muito em comum, parte da sua construção até se tornar homo sapiens passou por etapas que verificamos em outros animais. Para Darwin isso é suficiente para colocarmos homens e animais no mesmo patamar, e assim reduzir as nossas diferenças para uma questão de grau, não de tipo.
Capítulo 9 - A Resposta a Darwin
Quando comparamos alguns elementos da nossa realidade com as dos animais, verificamos grandes diferenças. As alegorias com a arte (a arte por si só) são bons exemplos para percebemos. Um exemplo é a obra plástica "O Pensador", onde vemos um homem fazer algo que animal nenhum faz, sentar e deixar de lado toda atividade corporal para pensar. A comunicação é outra delas, por mais que algumas pessoas digam que macacos se comunicam com sons, seus gemidos são iguais a de pessoas em situações de extremo afeto material (dor, prazer etc.).
Capítulo 10 - A Singularidade do Homem
Por não sermos coisas, e sim pessoas, somos dotados de direitos naturais, esses direitos vem dos deveres, que também apenas os humanos podem ter, animais e coisas não tem deveres, por isso não deveriam ter direitos. Ou seja, ser responsável é característica e nos faz humanos.
Capítulo 11 - Como Pensar sobre Emoção
Emoções são perturbações do corpo, por isso, dizer que Deus está zangado ou coisas do gênero não faz sentido, pois essas são sensações da matéria. O autor cita que foram feitos estudo e notado que as mudanças nas mais diversas mudanças de humor (raiva, amor, alegria etc.) as mudanças corporais são as mesmas. A diferença está no objeto ao qual estamos reagindo, na emoção sentido e nos sentimentos que as acompanham (amor ou dor por exemplo). Não precisamos aprender a sentir emoções, algumas fundamentais como o medo já são aprendidas por instinto por bebês. Essas sensações podem dominar a consciência, por isso desde os estoicos é ensinado que a razão deve dominar as sensações. Somente com bons hábitos isso será possível.
Capítulo 12 - Como Pensar sobre o Amor
A palavra amor é usada para representar vários sentimentos e sensações. Distinções baseadas nesse problema foram utilizar por gregos e romanos. O amor relacionado ao desejo era chamado de Eros, o amor da amizade era phileo, e o amor da caridade ágape. O amor mais supervalorizado é o Eros, mas ele não é amor por si só, pois amar não deveria necessitar de falta, e só há desejo onde há falta de algo.
Capítulo 13 - Como Pensar a Amizade
Para amor o próximo, como diz a Bíblia é necessário que esse amor seja como aquele ao qual temos por nós mesmos. Para tanto, é necessário antes de querer demonstrar amor ou ter relacionamentos firmes, que se ame e se aprecie a si mesmo, pois é nesse exercício que um vínculo com um outro Eu pode ser criado.
Capítulo 14 - Amor Sexual
O desejo sexual, diferente da fome, não pretende um consumo, mas sim uma relação com outro ser humano. Ele também não surge do nada, mas sim com um objetivo: reprodução. E principalmente, o desejo sexual é interpessoal.
Capítulo 15 - A Moralidade do Amor
O amor nunca é animal, eles não amam, pois há características no que nós chamamos de amor que não correspondem ao que animais fazem. Quando vemos comportamentos que parecem amor em animais, como o carinho que o cachorro tem pelo seu dono, isso na verdade é um simulacro de amor, pois para que exista amor é necessário sacrifício, e animais não se sacrificam pelos seus donos, quando parece que o fazem, não fazem com a consciência que nos humanos temos da ideia de sacrifício. Quando amamos, é necessário que o amor seja por um fim, quando ocorre quando amamos uma pessoa por exemplo. Por isso o amor pelo dinheiro é sempre errado, pois o dinheiro é sempre um meio, não um fim.
Capítulo 16 - Como Pensar sobre o Bem e Mal
Bem e mal não são sempre relativos, como algumas pessoas tendem a pensar. Nem todos os prazeres são iguais, como diz Sócrates: "é melhor ser um humano insatisfeito do que um porco satisfeito". Exemplos de desejos bons são aqueles que estão alinhados com a ordem natural das coisas, como ter fome (que complementa a necessidade de comer) e em nos humanos, a busca pelo conhecimento. No fim das contas, o bem é um meio e um fim como objetivo final. Queremos ser felizes e a única resposta para isso é "porque sim". Ela é um fim por si só que todos procuramos. P.s: A felicidade como um fim vai ao encontro da praxiologia misesiana. Quando buscamos a felicidade como um fim, e nos perguntamos o porquê queremos felicidade, podemos pensar que queremos a felicidade pois assim podemos ter uma vida melhor e conquistar coisas que nos fazem bem, e novamente o porquê surge como pergunta, e a resposta novamente surge como "para sermos felizes". Ou seja, há algo na felicidade que toma forma de um sintético a priori. Na praxiologia misesiana a felicidade é uma condição transcendental, é um fim pressupostos em toda ação do ser humano e dela derivam todas as consequências econômicas (e na teoria hopeana as consequências éticas).
Capítulo 17 - Como Pensar sobre Beleza
O relativismo na beleza, ou seja, as pessoas acharem que podem pensar que beleza é apenas uma questão de gosto, além de ser uma ideia errada acaba levando esse relativismo para outras áreas do conhecimento, como bondade e verdade. As ideias sobre o belo foram escritas por grandes pensadores, como Tomás de Aquino, que dizia que "o belo é aquilo que nos agrada quando é visto", e poro Kant, que dizia que "o belo é o objeto de um prazer inteiramente desinteressado". Caso beleza seja relativa, é apenas no contexto de que pessoas mais treinadas a observarem beleza em determinadas formas de expressão a perceberão, diferente daqueles que não são (notamos isso em relação a quem estuda música, percebendo a beleza em clássica, ou mesmo em quem estuda matemática, percebendo beleza em teoremas e equações). Quanto melhor for o gosto da pessoa, mais beleza ele pode apreciar.
Capítulo 18 - Como Pensar sobre Liberdade
A primeira forma de ir contra a liberdade é a coerção física. Ao pensar nesse tipo de ação, podemos cogitar que objetos inanimados, como pedras, também tem algum tipo de liberdade, quando são impedidas fisicamente de rolar num morro, ou mesmo animais, quando são impedidos de sair de suas jaulas.
Na definição de Mill, a liberdade que cada pessoa pode ter é total, a menos que influencia na liberdade do próximo. Ps.: Essa definição é bem ambígua, quando se para pensar que qualquer ação humana pode influenciar nas ações de um terceiro. Ocorre que a liberdade não é uma definição muito clara, enquanto o direito de propriedade o é. Uma teoria oposta a essa é a que diz que os homens são tem liberdade a partir da lei, se ela for justa, nunca cerceará a liberdade.
Capítulo 19 - Como Pensar sobre Aprendizado
A quantidade de aprendizado pode ser medida pelas evoluções emotivas, intelectuais, e isso só ocorre com eficiência quando o aprendizado é feito de forma ativa. As crianças, por exemplo, mostram que preferem que os professores provoquem novos interesses nelas.
Capítulo 20 - A Juventude É uma Barreira para o Aprendizado
Educação não é igual a escolarização. O aprendizado é para vida toda, e em especial, adultos aprendem grandes ideias melhor que jovens. A principal coisa que uma criança deve ter é as ferramentas para aprender.
Capítulo 21 - Como Ler um Livro
Existem livros que não necessitam de grandes habilidades para ler, mas outros desafiam nossa intelectualidade. Antes de buscar alguém para resumir o livro para você, é interessante que você se sente com o livro e o estude até entende-lo, pois se alguém conseguiu entender, você também pode. Todas as regras didáticas para ler livros seriam inúteis caso pudéssemos passar de forma direta o conhecimento da cabeça do autor para o leitor.
Capítulo 22 - Como Conversar
A fala é evolutivamente muito complexa para não ser extremamente útil para a vida. Porém os debates ultimamente não são muito agregadores, eles simplesmente são monólogos, onde cada um apenas espera a outra pessoa falar para então continuar de onde parou.
Capítulo 23 - Como Assistir à TV
Aprendizado não precisa ser necessariamente chato. Afinal entreter significa prender a atenção.
Capítulo 24 - Como Pensar sobre Arte
Concluir o que é arte pode ser complicado pois alguns definem que arte é apenas criada por humanos, enquanto algumas pessoas acham que a natureza é uma obra de arte, e bebês (que são feitos por pessoas) não são obras de arte.
Capítulo 25 - Os Tipos de Arte
Aprendizagem e ensino pode ser considerada uma forma de arte, pois como na arte é necessário um grau de compreensão do que ocorre. Dentre os métodos de ensino, o método do questionamento socrático se mostra o mais efetivo. Mas, até que ponto a compreensão, ou mesmo a utilidade, é importante para a arte?
A diferença entre arte e belas artes está associada com essa utilidade. Um sapato serve como arte aquele que a desenvolve, mas sua utilidade a descaracteriza como bela arte. Kant vai ao encontro dessa definição.
Capítulo 26 - As Belas-Artes
Mesmo fotografias podem ser consideradas, pois usam da natureza através de uma interpretação visual humana para criar beleza.
Capítulo 27 - A Bondade da Arte
As belas artes devem conseguir nos transformar em espectadores, nesta definição ela é única e exclusivamente entretenimento.
Capítulo 28 - Como Pensar sobre Justiça
O conceito de lei, devido a inflação de leis criadas pelo estado (juspositivismo) está um tanto deturpada. Começamos com um exemplo básico: é lei dirigir do lado esquerdo da pista. Mas, por mais que isso esteja escrito num papel, não há nada de errado intrinsicamente ao fato de se dirigir desse lado. Enquanto há lei que, independente da interpretação, sabemos que é errado, como matar e roubar, essas são as chamadas Leis Naturais.
Para autores como Espinosa, no estado de natureza, não tem nada que possa ser chamado de justo ou injusto, sendo assim, esses são conceitos criados por humanos, e assim, tudo que é decidido que por humanos que é certo ou errado o será.
Capítulo 29 - Como Pensar sobre Punição
Pensar sobre a punição é um pouco diferente de pensar sobre lei, pois entra no contexto aquele que o comete, o criminoso. Algumas pessoas pensam que a punição deve ser pensada de forma a recuperar aquele que comete o crime, ou apenas servir de exemplo para que outros não cometam. Para ilustrar a situação, o autor pergunta se, por mais que seja considerado justo prender um criminoso, deveríamos prender, supondo que essa simples punição o faria mais violento no futuro. Todas essas considerações envolvem algo impossível, que é saber o futuro.
Capítulo 30 - Como Pensar sobre Linguagem
O significado das palavras é o ponto inicial de uma boa comunicação. Tanto é que no livro "Metafísica" de Aristóteles, se trata basicamente da definição de cinco palavras: justiça, governo, substancia e liberdade. Por mais que animais pareçam se comunicar, apenas humanos conseguem fazer frases conexas.
Capítulo 31 - Como Pensar sobre Trabalho
Por muito tempo as pessoas foram divididas em duas classes: aqueles que trabalhavam e aqueles que tinham lazer. Hoje em dia, já vemos no trabalho uma forma de engrandecimento do ser, por isso, aquele que procura uma condição de vida onde não precise trabalhar, para que assim possa apenas se divertir, está sendo infantil, pois, mesmo numa alegoria sobre a vida, a infância é o lugar onde brincamos, vida adulta trabalhamos, e na terceira idade descansamos, tal qual a distribuição das horas do dia, (dormir, trabalhar, lazer).
Capítulo 32 - Trabalho, Diversão e Lazer
A conclusão é que lazer é um tempo divertido e útil ao mesmo tempo.
Capítulo 34 - O Problema do Lazer ontem e hoje
Dormir por dormir ou brincar por brincar chega a ser considerado um problema psicológico. Sempre que fazemos uma ação estrutural da vida, ela deve ter um fim em mente. Só existe a possibilidade de arte e ciências quando o homem tem tempo para o lazer. O lazer então poderia ser pensado como um meio para se produzir. Esse é um paradoxo, tal qual ocorre na educação.
Capítulo 35 - Trabalho, Lazer e Educação Liberal
Educação liberal é aquela que só seres livres podem aprender. É aqui que surge a base intelectual para um indivíduo e nele ele desenvolve sua humanidade. Porém, com o tempo, a educação se tornou ou uma educação para o estado o para o mercado, e não para o indivíduo em si. E isso ocorre justamente na época que temos mais tempo livre e deveria usar esse tempo livre para se desenvolver, a educação acaba não o fazendo, por mais que o estado promoveu educação para todos, essa é inútil.
Capítulo 36 - Como Pensar sobre a Lei
Existem três coisas que embasam nossa ideia de lei: ela ser uma afirmação universal, sendo assim algo especifico não pode ser lei, pois não é universal (como regrinhas de pandemia). Nem todas as leis que nos abrigam a cumprir são devido a ser certo ou errado, por exemplo as leis de transito, não há nada certo ou errado em se andar do lado direito ou esquerdo da rua. Para Santo Tomas de Aquino, a lei é uma regra feita para o bem comum e esta deve ser munida de força coercitiva. Lei também pode ser entendida como aquilo que o estado decide, como dizia Thomas Hobbes. Essa última é claramente uma expressão de poder, e não de direito, assim entendemos que, logicamente, todos os governos são tirânicos.
Capítulo 37 - Os tipos de Lei
Como já visto, existem tipos diferentes de leis, mas como elas se diferenciam? É possível desobedecer às leis, tanto as humanas como as divinas. Mas existem algumas leis que não são possíveis de serem desobedecidas, como a lei da gravidade na Terra. Quanto a lei que rege comportamentos, temos as leis naturais e as leis positivas, onde as naturais são as descobertas por humanos, algumas descobertas na totalidade das comunidades humanas já existentes, como não roubar ou matar inocentes. Enquanto as positivas são leis inventadas, como por exemplo, não fazer barulho a noite num condomínio. Notamos que é possível a contradição entre as duas.
Capítulo 38 - A criação das leis
Quando o autor discute a necessidade da aplicação de leis, faz um experimento mental: se soubéssemos que a punição causaria um mal, mesmo assim deveríamos faze-la? Essa discussão para uma possível reinterpretação do que é certo ou errado sempre leva em conta algo que logicamente impossível: saber o futuro. A lei natural surge da razão, mas, tal qual a lei positiva, é instituída pela vontade. Toda lei que surgiu naturalmente até hoje tem em vida a liberdade do indivíduo, toda lei criada em busca do "bem-maior" foi lei positivista e, no geral, foi fonte de poder escalável aos governos fazerem o que bem entenderem (vide a pandemia).
Capítulo 39 - A Justiça da Lei
Um dos problemas na simples existência da lei positiva é que ela desvirtua a essência da lei, que é uma regra logicamente imposta. Por exemplo, uma vez que lei hoje é entendida como uma regra criada pelo estado, então matar ou roubar deixar de ser errados uma vez que o estado diz que elas não são. Esses são exemplos extremos, mas vemos isso acontecendo com pequenas atitudes todo dia, devido a estatização do que é certo ou errado.
Hobbes e Aristóteles não concordam no que é certo. Para Hobbes, a lei é apenas humana, pois é cumprida por humanos e para humanos, sem humanos não haveriam leis, enquanto Aristóteles, acredita que existam comportamentos universais que independam da ação de um humano para ser certa ou errada.
Capítulo 40 - Como Pensar sobre o Governo
O governo surgiu em necessidades antigas de organização, seja ela comercial ou simplesmente para a paz. Seria então o governo um mal necessário. Para o autor, este não é mal, mas uma vez que nem todos os moradores de certa localidade, entendem ou querem cumprir regras para o bem universal, ele acredita que esse é necessário. O governo deve servir o cidadão e não o contrário, sendo assim, o governo é legitimo.
Capítulo 41 - A natureza do governo
O único objetivo do governo deve ser assegurar os direitos naturais e inalienáveis. Qualquer coisa diferente disso sempre foi motivo para guerra civil. Notamos ultimamente que isso não ocorre mais, esforços de ressignificação do que é justiça além de formas de alienar as pessoas da sua liberdade (entretenimento burro e barato) estão fazendo bem o serviço de transformar pessoas em massa de manobra. A única forma puramente humana de resolver conflitos de forma ética é o diálogo. Desse dialogo derivaria os poderes do governo.
Capítulo 42 - Os poderes do governo
Cita Woodrow Wilson: A história da liberdade é uma história da limitação de poder governamental, não do aumento dele. Quando nós resistirmos a concentração de poder, estamos resistindo aos poderes da morte, porque a concentração de poder é o que sempre precede a destruição da liberdade humana.
A constituição dos Estados Unidos tem alguns propósitos interessantes para essa discussão: estabelecer justiça e assegurar tranquilidade doméstica, garantir defesa para todos, asseguras as bênçãos da liberdade e, a mais curiosa de todas, promover o bem-estar geral. Este último serve para aumentar o poder do governo, indo ao encontro de que, se aquele que irá receber as benesses do poder do governo é o povo, este deveria ser total.
Capítulo 43 - A Melhor Forma de Governo
As pessoas não querem usar o governo apenas no sentido proposto inicialmente (garantir direitos naturais). Eles querem um governo que seja um pai, que resolve os problemas por eles. Sendo assim, o governo cada vez mais é o fruto desse comportamento. Thomas Jeferson dizia que amava o povo, e por isso não queria conduzir este como bebes, mas sim como adultos, de forma livre para o autogoverno.
Capítulo 44 - Como Pensar sobre Democracia
Governos são considerados justos quando eles tratam as pessoas como adultos, e tiranias quando tratam como bebes ou coisas. O tipo certo de governo leva em conta que existe um fundo intelectual igual em todas as pessoas, e dessa realidade deriva os direitos de liberdade e propriedade das pessoas.
Capítulo 45 - Como Pensar sobre Mudança
É um problema que data da época dos gregos. Os primeiros filósofos a estudar a mudança eram chamados de físicos. Existiam aqueles que diziam que tudo estava em constante mudança, e aqueles que diziam que nada mudava. Esses extremos tornam a discussão impossível.
Aristóteles discutia que a verdade estava no meio termo. Por exemplo, uma bola de bilhar que pode estar num determinado lugar da mesa e depois vai para a caçapa, ela muda, mas algo nela continua o mesmo, é a sua essência de bola. O mesmo acontece com nós humanos quando mudamos todas as nossas células, em comparação a nossa infância e velhice, mas algo nesse amontoado de moléculas continua o mesmo. Pensar em mudança é pensar no tempo, conceito que é difícil de definir. Quando perguntado o que Deus estava fazendo antes da criação do tempo, Santo Agostinho disse: "Pensando em quais punições haveriam no inferno para os tolos que perguntassem coisas como essa".
Capítulo 46 - Como Pensar sobre o Progresso
O autor cita que muitas coisas estão melhorando na humanidade. Hegel cita isso em seus livros, nas três etapas de evolução humana, na primeira onde todos eram escravos, na segunda onde existiam escravos de seus danos, e finalmente, a última etapa, que ele chama de germânica-cristão, onde toas as pessoas são livres. O autor cita que grande parte da melhor se deve a democracia, ou que ela é fruto disso. Ele não cita que disso deriva um progresso moral, nem mesmo a escravidão necessariamente se deu devido a um progresso moral, mas sim porque a tecnologia melhorou, por exemplo. Vemos como o progresso está sempre associado com a necessidade de saber lutar pela e usar a liberdade.
Capítulo 47 - Como Pensar sobre Guerra e Paz
O autor tem ideias confusas sobre governo. Ele diz que esse é indispensável para as leis e o diálogo, e que a paz mundial só existirá no dia de um governo mundial. Isso só faz algum sentido pois, para um governo mundial existir, é necessário o uso absurdo da força contra o indivíduo, a ponto de esse não querer mais lutar contra nada. O autor diz que pequenos governos criaram pequenas pazes, então para criar a paz mundial é necessário o governo mundial
Capítulo 48 - Como Pensar sobre Filosofia
Saber a filosofia de quem se convive ou se luta é muito importante, mais importante do que saber coisas triviais, ou número de guerreiros.
Capítulo 49 - Como a Filosofia Difere da Ciência e da Religião
A filosofia, diferente da religião e da ciência, morre quando há concordância total. A ciência, por exemplo, cresce quando um problema seja resolvido, todos começam a concordar e evoluir encima disso. Para a filosofia sempre haverá dúvidas.
Capítulo 50 - Os Problemas Não resolvidos da Filosofia
Problemas ocorrem na filosofia, religião e ciência quando uma dessas tenta atravessar o território da outra. As eternas discussões sobre a existência de Deus na ciência é um exemplo disso. Um exemplo interessante dessa discussão surge na história do cientista e do capelão, quando o cientista discute que "Como alguém pode provar cientificamente a existência de Deus?" O capelão responder "como alguém pode provar teologicamente a existência do átomo". Nota-se que são formas erradas de se obter verdades de áreas diferentes. Existem algumas acusações contra a filosofia, as principais é que ela nunca chega numa verdade e que não faz nenhum progresso. Por mais que até certo ponto sejam verdades, isso não desmerece a filosofia. A filosofia morreria se todos concordassem. E mesmo na ciência, as vezes conhecimentos longamente aceitos são jogados foram, ou funcionam conjuntamente com conhecimentos novos, como por exemplo a mecânica clássica e a relatividade geral. Ninguém é capaz de obter a verdade sem alguma discussão.
Capítulo 51 - Como a Filosofia pode progredir?
Descrevendo a diversidade de opiniões e explicar porque elas existem, também aumentar a discordância, em vez de diminui-la. Esse movimento só é saudável se as problemáticas básicas da filosofia forem introduzidas a leigos, para que mesmo esses possam participar de discussões que são importantes para sua realidade.
Capítulo 52 - Como Pensar sobre Deus?
A ideia de Deus é muito antiga e muito sofisticada, por isso para discuti-la é necessário se entender em quais fundamentos está a discussão. Existe a ideia de que Deus seja algo totalmente inconcebível, ou, em contrapartida, de que ele seja tudo que conhecemos. Os dois pontos de vista são complicados, pois no primeiro não teria como conhece-lo, e no segundo, usaríamos os mesmos métodos de obtenção de verdades, ou seja, o método experimental, para observa-lo. Sabemos que nenhum dos dois funciona. O meio termo entre essas duas possibilidades para ser a versão mais usual da compreensão de Deus.
O argumento de Santo Anselmo para sua existência é um dos mais interessantes: ele se baseia na tentativa de imaginar aquilo maior do que qualquer coisa pode ser concebida. Ele poderia ser então um ser existente ou não existente. No caso, o argumento mostra que Deus tem que existir, pois a coisa maior a ser concebida sempre vai existir em detrimento de não existir.
O princípio ontológico da existência de Deus também é um argumento importante, também conhecido como Primeiro Motor. Para se entender essa filosofia, primeiro precisamos entender que somos seres contingentes, ou seja, estamos cercados por nada, tanto espacialmente como temporalmente (não existíamos, depois existimos nascendo, e deixamos de existir na morte), ou seja, nada em nós é necessário, portanto somos contingentes. Seres contingentes não podem criar nada, apenas ser a caso de vir a ser de algo (como os pais são a causa de vir a ser das crianças), pois estes não criam a realidade para que elas existem, afinal aquilo que surgiu poderia não ter surgido, pois os pais primeiramente eram contingentes. De tal forma que deve ter algo que faz surgir tudo que é contingente. Sendo assim, se a existência de um efeito implica a existência de sua causa necessária e se coisas contingentes existem, e se tudo que é contingente deve ter uma causa da sua existência e se nenhuma coisa contingente pode causar existência de outra coisa contingente, então é necessário um ser como causa da existência de casa coisa contingente.
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