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Economia, Sociedade e História - Hans-Hermann Hoppe

  • Foto do escritor: Canal Resumo de Livros
    Canal Resumo de Livros
  • 29 de mai. de 2023
  • 8 min de leitura

Economia, Sociedade e História - Hans-Hermann Hoppe - Resumo


Preambulo

Desde a Guerra Fria, o despotismo não visa controlar o preço dos produtos, mas sim se adaptar a outras áreas. Sendo assim, um movimento libertário que permanece restrito às ideias econômicas e não evolui tal qual o estatismo não é muito eficaz. Esta força não precisa ser coercitiva; trocas voluntárias já são suficientes. Devemos perceber que o estado não entra nessa equação, pois os erros das pessoas o alimentam. Portanto, não são todos os agentes que desejam o desenvolvimento da liberdade. Os intelectuais orgânicos do sistema se beneficiam desse erro, promovendo o estatismo. Hoppe decidiu se retirar completamente da vida estatal uma vez que continuar nela significaria a necessidade de autocensura perante essa mentira.


Palestra 1 - A natureza do homem e a condição humana: Linguagem, propriedade e produção

Hoppe inicia discutindo a natureza do homem. Na segunda palestra, ele tratará da disseminação do homem pelo planeta e seu desenvolvimento. Na terceira, os elementos econômicos desenvolvidos. Na quarta, preferência temporal. A quinta sobre fatores ideológicos. Na sexta, a teoria da propriedade privada. Na sétima, o comportamento parasitário do estado e na oitava, a transição dos estados monárquicos para os democráticos. Na palestra final, trará questões estratégicas.

O homem possui características exclusivas, tais como: linguagem, propriedade e tecnologia. A linguagem nos diferencia dos animais, pois podemos descrever as coisas. Primeiramente, porque tudo o que os animais pensam exige que seja algo presente em seu universo imediato. Por meio da comunicação, podemos identificar outros indivíduos. Reconhecemos que há um indivíduo uma vez que conseguimos colocar em palavras que "eu não sou você e você não é eu". Sobre a propriedade, entendemos também que existem coisas "fora de nós" que conseguimos controlar indiretamente com a ajuda daquilo que controlamos diretamente. Esses elementos secundários não podem ser considerados "econômicos". Por exemplo, podemos utilizar o sol na economia, mas apenas seu efeito secundário, não ele em si. Uma vez que utilizamos meios para modificar ou criar algo, isso naturalmente se torna nosso. Se um terceiro tenta reivindicar a posse disso, ele o faz sem argumentos consistentes. A tecnologia, por fim, é usada exclusivamente pelos humanos para aumentar a produtividade e o conforto (notamos que somos o único animal que não vive na pobreza justamente devido à tecnologia).


Palestra 2 - A propagação dos humanos pelo mundo: A extensão e intensificação da divisão do trabalho

Linguagem e localização geográfica nem sempre estão relacionadas. Pessoas com línguas semelhantes se espalharam pelo mundo desde a Revolução Neolítica, que ocorreu há cerca de 12 mil anos. Diferentes lugares se desenvolveram de formas distintas. Lugares diferentes se desenvolveram de formas diferentes. Por exemplo, os índios não conseguiram domesticar nenhum animal, algo que era natural do outro lado do mundo.

A defesa própria se desenvolveu melhor em lugares que deixaram de ser caçadores coletores, uma vez que, estabelecidos num local, a defesa ficava mais consistente.


Palestra 3 - Dinheiro e integração monetária


O ser humano tem um instinto natural de barganhar e trocar entre si. Adam Smith já citava isso. Mises foi além, supondo o que aconteceria se todos se odiassem. Ele percebeu que, mesmo assim, as pessoas continuariam fazendo trocas, uma vez que sempre preferem ter mais bens em vez de menos. Ocorre que, por vezes, alguém quer trocar maçãs por bananas, mas quem tem bananas não se interessa por maçãs. Assim, surgiu a necessidade de um meio de troca comum. Outra vantagem disso é poder se dedicar à contabilidade, uma vez que é importante a venda dos bens no mercado. Parecem coisas óbvias, mas demoraram milênios de desenvolvimento.

É normal citarem a lei de Gresham para explicar que "dinheiro ruim expulsa dinheiro bom", uma vez que as pessoas preferiram transacionar com dinheiro ruim, se livrando dele para entesourar o bom. Isso é um erro. Tal qual todos os outros bens, o dinheiro bom expulsa o ruim. A diferença é que, numa condição de curso forçado pelo Estado, somos obrigados a lidar com o dinheiro ruim. Na verdade, essa lei deveria ser corrigida para "dinheiro bom é expulso pelo dinheiro forçado pelo Estado". Negociar com apenas um dinheiro se torna muito facilitado. Ou seja, um dinheiro usado no mundo todo. Porém, isso é problemático, pois uma forma disso acontecer é com um tipo de governança mundial, o que eventualmente causaria uma inflação causada pela impressão (o que pode ser resolvido diretamente com o bitcoin).


Palestra 4 - Preferência temporal, capital, tecnologia e crescimento econômico


Para explicar a preferência temporal, Hoppe usa o exemplo de Robinson Crusoé, que tem a escolha de ter uma alta preferência temporal e comer todos os peixes que pescou no mesmo dia, tendo que repetir o mesmo no dia seguinte, ou economizar e poder usar seu tempo livre para fazer uma rede e, assim, pescar ainda mais, criando riqueza por consequência.

A preferência temporal é o comportamento dominante em crianças, que não conseguem aguentar suas vontades para ganhar algo em troca. O mesmo se dá em pessoas que não têm perspectiva do futuro, como os viciados, ou mesmo os gays, que tendem a ter uma preferência temporal baixa, uma vez que sua "existência" acaba na morte, diferente de quem tem uma família e prefere não gastar tudo o que junta no decorrer da vida para deixar algo a seus filhos.

A taxa de juros é um parâmetro que reflete a preferência temporal. Esperava-se que, no século XX, os juros diminuíssem, pois a riqueza na sociedade é maior, mas não foi isso o que aconteceu, o que mostra que nossa sociedade se infantilizou nesse século.

Sem um arcabouço jurídico adequado para proteção da propriedade privada, é impossível que as pessoas se estimulem a produzir.


PAs várias religiões que existem no mundo refletem características econômicas. As religiões Hindus nunca apresentaram indivíduos que prosperam, o que vai ao encontro de sua filosofia, que prega a pobreza total. Diferentemente do cristianismo, onde aprendemos que o homem é maior que todas as criaturas e também seu dono. No Islã, ao contrário do cristianismo, a ciência não é valorizada. Buscar Deus nas coisas terrenas, ou nos universais, é quase um pecado para os muçulmanos. Por isso mesmo, as buscas científicas dos muçulmanos sempre se deram em círculos esotéricos pequenos. Os próprios judeus eram muito contracientíficos, e só depois de sua emancipação é que começaram a colaborar. Rabinos russos diziam que a América não existia porque era impossível. O catolicismo sempre foi a religião mais associada à intelectualidade e ao humano. Diferente de vertentes heréticas como calvinismo e luteranismo, que até certo ponto são anti-intelectuais. A pré-destinação dessas vertentes não é seu ponto forte, senão as pessoas teriam entrado em letargia e não lutado por sua heresia. Outro elemento importante na riqueza de uma nação é seu QI. Ao verificar o QI de países africanos, não vemos a curto prazo nenhuma solução para seus problemas que possa surgir de lá.


Palestra 6 - A produção de Lei e Ordem, Ordem Natural, Feudalismo e Federalismo


A ideia de primeira apropriação, ou seja, de que a primeira pessoa que mistura seu trabalho à terra ou a um objeto é seu dono, foi um elemento importante para o desenvolvimento humano em seus primeiros anos. Com o tempo, foi se desenvolvendo a divisão do trabalho, e com ela, alguns foram mais gabaritados para a segurança do que outros. O conceito de justiça se desenvolveu, e os primeiros reis naturalmente surgiam e serviam como juízes. Era natural que viajassem entre reinos para dar seus julgamentos.


Palestra 7 - Parasitismo e a origem do Estado


O estado se desenvolveu, e com isso, o parasitismo, ou seja, pessoas que aumentam seu bem-estar tirando o bem-estar de outros. O estado então usurpou o julgamento dos conflitos não por mérito, mas por força, obrigando as pessoas a se dirigir a ele quando isso ocorre.

O rei no passado tinha mérito por sua posição e, por isso, legislava. Ele não fazia um domínio gigantesco como o estado, basicamente cobrava aluguéis e dava segurança em troca de impostos. Foi assim até a Revolução Protestante. Com as grandes pilhagens causadas por esses bárbaros, criou-se uma situação hobbesiana. Com isso, surgiu o maior argumento para a existência do estado, que é a segurança do povo.

Como o estado só cresce, seu poder não se limita apenas à segurança do povo em relação ao inimigo externo (por sinal, as trocas voluntárias já deram jeito nisso), mas também sobre o próprio povo. Hoje em dia, o estado se intromete muito mais nas relações familiares, deturpando o casamento e tirando os filhos dos pais, por exemplo. O poder dos reis nunca foi suficiente para isso, apesar do que é retratado nas mídias, mas o estado hoje pode te proibir de fumar dentro de sua própria casa.

Apesar de dizerem que os reis estavam em conluio com a Igreja Católica, foi na Revolução Protestante que vários deles lutaram contra a influência da Igreja e se voltaram aos revolucionários protestantes. Fizeram alianças para derrubar o poder da igreja em seus países, o que foi o estopim para o surgimento do estado.


Palestra 8 - Da Monarquia à Democracia


Os reis nunca foram considerados divindades. Por isso, o regicídio sempre foi proposto como algo natural se o monarca degringolasse. Porém, com o estado, onde não é apenas uma família que controla a localidade como se fosse uma empresa, substituíram-se privilégios funcionais por privilégios pessoais. Um político que conduz o país por 4 anos é como um zelador, que pode roubar o quanto quiser de seu almoxarifado e deixar o problema para o próximo zelador. Mesmo efeitos secundários, como ódios raciais, aumentaram com a existência do estado, pois os reis tinham uma natureza internacional, enquanto que, para ganhar votos, muitos políticos precisam ser nacionalistas.

O estado só faz mal. Diferentemente do livre mercado, onde as pessoas competindo para servir melhor os clientes aumentam a qualidade de vida, os políticos fazem apenas uma competição de quem faz mais mal ou mente melhor. Para quem idealiza a democracia, achando que qualquer um pode entrar lá, aí está justamente o problema. Enquanto numa casa real as pessoas são treinadas para serem bons governantes, no estado a batalha pelos votos se dá de forma cada vez mais infantil. Por sinal, se crianças pudessem votar, com certeza eles prometeriam brinquedos e doces de graça.

Para concluir, mesmo a escravidão em regimes monárquicos era mais branda do que a dos escravos estatais, como na União Soviética e nos campos de concentração chineses. Os escravos normalmente surgiam de guerras, onde eles mesmos sabiam que esse poderia ser o seu fim. Mas eles, como eram propriedades de seus donos, em geral eram bem tratados e poderiam comprar sua liberdade. Enquanto na União Soviética, como cada ser humano era propriedade do Estado, eles eram facilmente descartados e mortos.


Palestra 9 - Estado, Guerra e Imperialismo


Mesmo depois da Guerra dos Trinta Anos, a Europa continuava muito descentralizada. A Alemanha, por exemplo, era formada por 234 países. Com o tempo, o estado foi se centralizando, e o processo natural é que eles busquem essa centralização até o surgimento de um estado mundial (algo que fica claro com a União Europeia e a ONU). Mas nem toda a centralização vem de estados comunistas. Uma boa parte do ganho de território da União Soviética, por exemplo, ocorreu porque os Estados Unidos não permitiram o avanço de países em direção ao leste.

As batalhas eram caras, e todo rei era obrigado a custear do próprio bolso as guerras. Com o advento do estado, isso mudou, pois foram formados exércitos com alistamento militar obrigatório. Outros dois elementos que alimentaram a guerra foram o Imposto de Renda e a criação do Banco Central Americano.


Palestra 10 - Estratégia, Secessão, Privatização


Se você aceita o princípio da existência do governo (princípio hobbesiano), está baseando a justiça em algo injusto. Portanto, salvaguardar a liberdade em um regime como esse se torna uma ilusão. Para que essa história "cole", o estado conta com a ajuda dos "intelectuais orgânicos", ou seja, pessoas que se formaram em cursos que ninguém dá a mínima, pessoas que, se dependessem do mercado, teriam que trabalhar em situações muito mais precárias do que aquelas que o estado lhes proporciona. Em troca, essas pessoas criam e propagam teorias que defendem a existência da máfia estatal. Mesmo intelectuais moderados como Hayek e Friedman são utilizados para defender o estatismo. É necessário muita mentira para sustentar a justiça estatal, pois foi nesse período republicano que ocorreram os maiores massacres. Mais de 170 milhões de pessoas morreram em tempos de paz devido a políticas públicas. O número de crimes dos quais o estado nos protegeu certamente é menor do que esse. Uma estratégia para diminuir esse poder é focar em explicar esses fenômenos às mentes mais jovens e lutar por estados cada vez menores e mais eficientes, como Taiwan e Liechtenstein, em vez de lutar por um governo mundial.

 
 
 

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