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Edmund Burke - Redescobrindo um Gênio - Russel Kirk

  • Foto do escritor: Canal Resumo de Livros
    Canal Resumo de Livros
  • 26 de jan. de 2020
  • 11 min de leitura


Edmund Burke - Redescobrindo um Gênio - Russel Kirk - Resumo


Prefácio

Russel Kirk é um grande conservador americano. Entre suas obras fez biografias com muita informação sobre a obra de vários conservadores importantes, entre eles Eliot e Burke.

Burke é um das maiores vozes conservadoras da história. Nas palavras de Kirk, Burke é suficiente para se compreender o conservadorismo. Infelizmente perdemos seus importantes ensinamentos devido a balburdia politica. Tanto Burke quanto Kirk levaram a seus países, Inglaterra e Estados Unidos, respectivamente, a importância da consciência de que a política é possível unicamente se algumas coisas permanecerem incontestadas, e se apenas o desejo de melhorar o mundo repousar, de tempos em tempos, na percepção de que o futuro não pode ser conhecido. Burke registrou pouco de sua experiência e vida pois, diferente do que é promovido hoje em dia com redes sociais, acreditava que não era conveniente contar ao mundo a respeito de si mesmo mais do que este deveria saber.

Os conhecimentos de Burke ficaram perdidos no começo do século XX. Ele era negligenciado pela academia. Foi só a partir de 1949 que o interesse por Burke ressurgiu do século XIX.

Levando em conta que os liberais americanos promoveram dogmas que distorceu essa corrente economia, Kirk percebe que, no que tange o conservadorismo "Burke seria sua pedra de toque, e se, os radicais quisesse testar a temperatura da oposição, deveriam voltar-se a Burke." Ao notar a importância de Burke, alguns esquerdista lutam contra seu ensino na academia e no âmbito politico. Eles citam que Burke é um cadáver, do qual poderia ser extirpado de teses de doutorado. Curiosamente o próprio Burke ficaria espantado ao pensar que pessoas que já morreram não pudessem ser usados como referência para a construção de novos conhecimentos e a manutenção do que já existe.


Conteúdo do livro

A reverência a literatura clássica e mediável que Burke sentiu por toda a vida começão na infância, em meio aos escombros de onde morava. Logo quando novo percebeu que o estado por vezes tomava atitudes absurdas devido ao grande poder que tinha, constatou isso quando um homem pobre fora obrigado a derrubar sua própria casa, porque um agente do estado disse que sua casa estava muito perto da estrada.

Burke fez todos seus estudos em artes, um tema que lhe rendeu um livro importante, mas que não se envolveu a partir de então, focando agora sua vida na obra politica e filosófica. Por mais que muitos associem Burke a politica, na verdade é a humanidade dentro da politica que Burke deveria ser associado. Isso vai ao encontro da importância da sua obra, que não é o descobrimento de leis gerais para pensamento ou convivência, mas a percepção de elementos que já estavam vivos na humanidade.

Em sua obra A Vindication of Natural Society Burke citava que se a religião natural é preferível ao conhecimento religioso que adquirimos pela Revelação, então a sociedade natural deve ser preferível aos benefícios da sociedade justa, livre e ordenada, que obtemos por intermédio de complexas instituições econômicas e políticas. Citava a importância dessa graça e admiração pelas coisas belas e seu vínculo com a realidade quando dizia que nas artes, como na politica, negligenciamos as paixões somente por nossa conta e risco.

Burke quis se afastar da politica porque, em suas palavras, ter a mente livre de politicas incorretas era um dos melhores prêmios. Mas acabou voltando pois o período que a Inglaterra vivia lhe chamava. Acabou virando um whig (mais associado ao que chamamos hoje de liberal) pois na época os tories (conservadores) estavam extremamente corruptos. Seus amigos e alguns lideres de uma facção whig chamado Rockingam pensavam de forma parecida a Burke.

Russel Kirk cita que os americanos têm a sociedade considerada mais livre pois seus pais fundadores acreditavam nas tradições para reger a sociedade, e não alguma lei metafísica que só serviria para opor interesses a interesses. Burke citava Aristóteles ao dizer que as "cordas do homem" são seus empreendimentos árduos, e a liberdade que tem para esse risco, e não especulações metafísicas. Em outro discurso ele cita que a liberdade civil não é uma especulação abstrata, mas sim uma benção e beneficio. O extremo dessa liberdade nada alcança O grau de coibição é impossível de ser determinado de modo preciso, mas deve ser a busca de qualquer tribunal judicioso.

Alguns dos objetivos políticos mais cruciais da carreira de Burke, nas palavras de Peter J. Stalins, um importante contemporâneo seu foram. Manter a estrutura tradicional do estado britânico, centrado na divisão e no equilíbrio dos poderes. Definir os limites constitucionais da prerrogativa e da influencia reais. Ampliar a autoridade legislativa da Câmara dos Comuns e manter a independência de seus membros. Defender a organização e o uso dos partidos políticos como parte legitima e publicamente aceita do processo politico. Ampliar os direitos civis e os privilégios econômicos da Constituição britânica para todos os súditos britânicos tanto quanto forem necessários para cumprir as grandes finalidades da sociedade, a justiça distributiva e a comutativa, a boa ordem e a liberdade. Demonstrar os princípios da soberania e da liberdade civil para o Império Britânico ao estabelecer uma regra equitativa entre as metrópole e todas as colonias. Defender a ordem civil histórica da Europa como uma comunidade cristão contra o materialismo cientificista e a sensibilidade romântica dos filósofos do iluminismo, que desejam estabelecer uma nova ordem social com base em teorias metafísicas abstratas a respeito do homem e da sociedade. Conjugar em todos os problemas práticos um exame completo das circunstancias histórias, de prudencia ou de conveniência por um lado, com normas éticas e legais, por outro.

Logo depois de entrar na política Burke escreveu thoughts on the Cause of the Presente Discontents, onde surge a principal argumentação acerca das funções do partido, que deveria ser a organização para o interesse nacional. Ao falar sobre a arte de governar, Burke sempre usa exemplos do passado, só "grandes homens" que outrora fizeram boas ações no poder. E nisso ele exemplifica bem o que chama de limite da capacidade humana, diferente de seus adversários políticos progressistas que acreditavam no poder ilimitado de pensar e agir do ser humano. Ele, em alguns trechos de suas falas na câmara dos comuns dizia que os seres humanas pensaram diferentes em diferente ocas, mas deve concordar com o partido em 80% das vezes para que seja um membro deste, por consequência o partido deve agir em função do seu povo.

Ao discutir o problema da Índia e os descasos das Companhias das Índias Ocidentais, Burke teve que agir com toda a maestria que lhe era de praxe para resolver os conflitos de forma pacifica, implementando da Commmon Law naquele lugar, diferente do que o líder da empresa que dominava a Índia queria. A autoridade ilimitada que lá tinha não fazia frente ao pensamento de Burke e o poder que emanava de Deus. Hastings, o autor de alguns desses absurdos, ia contra o que Burke chamou de contrato da sociedade eterna, que era a ligação que Deus fazia surgir entre os mortos, os que vivam, e os que ainda nascerão. Democracia era um bom exemplo pra Burke de regime que não respeitava essas leis tradicionais.

Outro ponto de crítica importante para Edmund Burke foi a Revolução Francesa. Ele conseguiu prevê-la mas não evitá-la. Foi suficiente para ele evitar que esta chegasse na Inglaterra. Um movimento parecido tentou começar na Inglaterra., encabeçado pelos "philosophes" Gordon Riots. Chegou a ter violência, com a morte de 450 pessoas. Mas foi o suficiente para o povo perceber do que se tratava a Revolução Francesa que viria e como ela seria negativa para todos.

Os católicos foram um ponto curioso na carreira de Burke pois eles não eram maioria na Inglaterra e estavam sofrendo algumas sanções. Ele os defendeu, e devido a isso recebeu elogios do próprio Woodrow, Wilson, ex presidente dos EUA, onde ele cita que as politicas e Burke estavam além do seu horizonte.

O capítulo final do livro é um compilado dos pensamentos de Burke e como eles foram uteis em suas ações politicas. Talvez o pensamento que mais esboce o conteúdo de sua obra é que Burke sabia que os homens não são naturalmente bons, diferentemente do que pregava seu contemporâneo mais famoso, Russeau. Os revolucionários gostariam de tirar o lado bom dos homens para seus fins macabros. tudo que os humanos constroem de bom não é devido a revoluções mas sim a experiencia humana de muitos séculos. O corpo de crenças necessários para que isso se sustenta chamamos de preconceitos. o senso moral da humanidade. Buscar direitos infinitos só levaria a absurdos jurídicos, todos eles pregados pelos revolucionários franceses. Ir contra o "metafísico abstrato" que criava leis foram do escopo da lei natural para servir determinada utopia era o ponto principal de luta dos bons homens. A religião se mostra um bom norte para essa luta, mas palavras de Burke, tudo que é generoso e admirável na cultura surgiu da religião. Tudo que os revolucionários querem destruir é essa roupagem que cobre a humanidade. Burke diz então que os ingleses não são convertidos de Rousseau, que boas verdades já foram descobertas e a revolução não criará essa liberdade deturpada. A liberdade para Burke s´surgem com o domino próprio. Cada contrato é um esboço do que Deus fez com os que morreram, os vivos e os que ainda vão nascer. São nesses pequenos pelotões que estão essas qualidades. Substitui-los é um amissão que revolução nenhuma conseguira. Uma missão encabeçada por Rousseau, que era conhecido por odiar o próximo mas amar a humanidade. Levando em conta a fraqueza de suas teoria, a única coisa que a sustenta e a fez ser vitoriosa na frança é a Energia que os seus seguidores tem. O estado, nesse ponto, é um "presente de Deus" as pessoas, ele é formada por várias delas, e soma a sabedoria e experiencia de todas e das anteriores. Nenhum individuo sozinho teria a capacidade de ter tanta inteligencia assim, tão necessária para fazer os julgamentos certos, diferente do que pregava a revolução.


ANEXOS

Burke é importante nos EUA por ter, quase de forma inédita, demonstrado o que foi importante para a construção dessa nação, mostrou isso por intermédio dos elementos que formam a civilização: constituição, costumes, convenções etc. Seu livro, Reflexões sobre a revolução francesa, conquistou o publico americano e até hoje não é considerado um autor datado.

Kirk é considerado um dos grandes historiadores da obra de Burke. Ele sabia que o centro de sua obra não era a parte politica de Burke, mas sim sua metafísica, que nada tinha de mística, como diziam alguns contemporâneos. Ele acreditava que a ordem social deveria existir em qualquer país, por mias selvagem que ele fosse. E essa lei não deveria ser deduzida de abstratos a maneira da geometria. E sim são frutos de uma longa e variada experiencia histórica, a partir disso perseguir o progresso histórico de forma gradual. Burke que diz que a posição de autoridade do governo não pode ser anulada por direitos derivados dos homens devido a seu autogoverno, que surgem no seu hipotético estado de natureza. As leis podem mudar mas não há urgência isso como alguns positivistas propõe.

Ao tentar compreender porque os norte-americanos são povo que desfruta de maior liberdade Kirk propõe que é devido as sua liberdade ser ordenada, e isso é fruto do que foi plantado no decorrer de três mil anos, desde os hebreus, passando pelo império Romano. A Providencia que bem serve os americanos, de acordo com o Burke, surge dos "princípios da verdadeira politica, que são os da moralidade ampliados". Isso vai contra a ideia tão bem difundida de Maquiavel, de que o poder é supremo na politica. Burke, no "Reflexões" diz que essa moralidade surge na cultura da igreja, e quem sem isso cairíamos no caos. Lá temos a concepção de que todos temos direitos iguais, mas não "coisas iguais".

Ao enumerar quatro autores importantes para o conservadorismo moderno. , o aturo do anexo pontua Burke, Kirk, Tocqueville, que escreveu uma importante obra sobre a democracia da América, mostrando que esta pode crescer devido ao desejo "insaciável" de igualdade que surge no materialismo, e Lorde Acton, um pessimista, pensamento pouco recorrente no começo do século XX.

Kirk, ao pontuar o que caracteriza o pensamento conservador, cita seis pontos importantes: a crença de quem um intento divino rege a sociedade e a consciência, a vida tradicional é prolifera, a sociedade civilizada requer ordens e classes, propriedade e liberdade são inseparáveis, o homem deve por freios a própria vontade e mudança e reforma não são idênticas. Somente observando as mudanças dos últimos 70 anos nos Estados Unidos a luz desses pensadores é que podemos perceber o aterrador crescimento do estado, mas também como usar a ferramentas para parar isso.

Burke, diferente do que alguns autores propõe, não foi apenas um politico. ele baseava suas ideias na sua metafísica superior a simples problemas de partido. Sua obra pode ser dividia em "quatro grandes contendas": o esforço malsucedido por alcançar a conciliação com as colonias norte-americanas, seu papel na disputa dos Rockingahms whigs contra o poder doméstico do Rei George III, o preço de dezesseis anos contra Warren Hastings, que era o governador-geral da Índia; a resistência obstinada ao jacobinismo e a escrita de seu livro "Reflexões".

Burke escreveu sobre a América do Sul, além de ter influenciado vários autores e políticos conservadores, mesmo no Brasil. Ele não considerava a Europa uma civilização estritamente superior as observadas na América, mas obviamente via a importância da colonização. Conseguia fazer a distinção precisa entre indivíduos bons e maus dos dois lados do oceano. Ele dizia viver numa época maravilhosa para se estudar "toda" a história da humanidade, pois ao mesmo tempo que vivia numa civilização avançada, podia estudar outros que ainda se encontravam num estado de tecnologia inferior, no caso as nações astecas. Ele tinha profunda admiração pelos incas, a civilização que dominava a região do Peru. Acreditava que o espanhol que foi dominar a região, Pizarro, não tinha a educação necessária para isso. Avaliou com uma dureza não observada em outras obras as ações desse explorador nas terras americanas. Sua simpatia incomum pelos nativos o fazia chamá-los de "nós". O futuro, para Burke, faria a América ser uma extensão da Europa. Ele acreditava que a civilização se dava em estágios, mas nada parecido com a ciência história proposta por marxistas e mesmo por filosofos não tão alinhados com o materialismo, como voltaire

Edmund Burke no Brasil teve uma influência absurda em importantes nomes do conservadorismo nacional, como Joaquim Nabuco, Rui Barbosa e Visconde de Cairu. Este último, em especial, foi muito influencia pelo pensador irlandês num ponto onde poucos no Brasil faziam questão de discutir: escravidão. Usou textos de cunho conservador quando era preciso, como ao dizer que derivamos "adotar da antiguidade o que é bom, venerável e não o que se mostra irracional e caduco" tanto em questões politicas quanto, pontualmente, na questão da escravidão. Propôs mudanças liberais na econômica e citava que a escravatura representava o "compendio de todos os males, e o emblema e a prova da depravação do homem, que ou não quer trabalhar, ou se apraz do espetáculo da violência e miséria alheia". Logo após a declaração da independência, o Brasil estava num período delicado, onde qualquer apontamento mais duro em relação as ideias de Burke poderia ser vista de forma extremamente negativa. Assim, o lado burkeano seguido foi o reformismo ilustrado num contexto constitucional. Na pessoa de Vasconcelos foram citadas ideias de Burke, como que a "legislação de um país não pode ser transportada para outro, senão em circunstancias raríssimas". Eles acreditavam que o Brasil não teria a capacidade de sustentar o conservadorismo burkeano. José de Alencar, autor de O Guarani, talvez fez várias citações a Burke. Ele se dizia conservador, nos moldes Burkeanos, pois no Brasil imperava uma Constituição das mais belas, comparável as europeias. Ele acreditava que o excesso de governo matava o espírito público. Em suas palavras: Um dos grandes erros do nosso país, m dos grandes defeitos da nossa organização, é querermos governar muito, querermos governar demais, entendemos que tudo é assunto administrativo, que de tudo o governo deve ocupar-se." Ideias influenciadas pelo conservadorismo inglês. Ao fim do império e no começo da Republica, Joaquim Nabuco foi o nome que mais utilizou das ideias de Burke para o auxilio da organização pública. Ele acreditava que a fundamentação dos costumes precisa estar assentada para tornar o comércio possível. Dizia isso, baseado no autor irlandês, para que houvesse uma simbioseentre a nascente republica e os empresários brasileiros antes que qualquer medida politica mais conservadora fosse tomada. Ele não acreditava na democracia, pois para ser representativa como pregavam, seria necessário a igual representação de todas as pessoas do país, o que é impossível. No fim, sempre haverá um numero limitado de cargos, sejam eles aristocráticos ou democráticos, o radicalismo não fazia mais que um "rodizio de elites". Acreditava na importância da religião como base da civilização tal qual Burke. Percebemos então que, em diferentes pontos da história do Brasil, Burke foi utilizado para o assentamento de ideias ou a utilização de novas.

 
 
 

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