Emburrecimento Programado - John Taylor Gatto
- Canal Resumo de Livros
- 25 de jan. de 2022
- 8 min de leitura

Emburrecimento Programado - John Taylor Gatto
Prefácio
O conhecimento ocorre quando o professor está preocupado com outras coisas. Quando a criança tem a possibilidade de agir por conta própria, trabalhando em um projeto seu, o aprendizado ocorre naturalmente.
Uma analogia interessante que existe para a escola são os hospícios. Um bom filme que trata disso é "Um Estranho no Ninho", onde a direção do hospício supostamente propõe formas dos que lá estão se tornem mais saudáveis, em reuniões que parecem "democráticas". Mas logo percebe-se que não há democracia, sempre há aquele que é mais forte e comanda, sendo a direção uma espécie de polícia do pensamento neste lugar. Por coisas assim, John Gatto é um grande autor, pois conseguiu "quebrar" os muros desse manicômio que é a escola, expondo e propondo soluções para os problemas.
Autores progressistas e conservadores concordam que a escola como é hoje possui sérios problemas. Muitas pessoas sofreram traumas nesta que são mais fortes em sua mente que qualquer conhecimento lá aprendido. A escola tem por estrutura criar pessoas física, intelectual e emocionalmente dependentes de instituições que lhe dão sustento, mas principalmente do estado. Um dos motivos óbvios para que a educação não melhore é que continua se impondo "mais do mesmo" para tentar mudar o quadro: se a escola recebeu dinheiro e mesmo assim não melhorou, envie mais dinheiro.
Temos tecnologia suficiente para fazer uma revolução na educação, colocando o aluno como responsável por si próprio, com essa chance única, temos possibilidade de mudar esse quadro.
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Introdução
O autor se apresenta, primeiramente porque acha estranho quando uma pessoa lhe passa informação sem dizer quem é, como os repórteres num jornal. Ele se pergunta se não seria possível que ele foi contratado para ser professor exatamente pelo contrário do que ele achava, ou seja, para emburrecer as crianças. Tudo num currículo normal, como as longas repetições, serve para isso, como se alguém tivesse decidido parar a evolução das crianças. Para ele, o melhor que um professor pode fazer é "sair do caminho".
Capítulo 1 - O Professor em sete lições
Desconexão: A primeira lição é a "confusão". Um professor Padrão ensina a não-relação de tudo. A lógica é sair com um pouco de jargões de cada matéria a ser estudada do que realmente interessado por um assunto.
Posição de classe: Depois de muito tempo aprendendo dessa forma, as próprias pessoas acabam se policiando para não passar desse nível de inteligência.
Indiferença: é a lógica que está por trás do sinal de troca de aulas. Nada é importante suficiente para que se termine na aula.
Dependência emocional: a individualidade sempre quer se sobressair, por isso o professor Padrão sempre deve usar do seu poder para evitar isso. Essa é uma contradição a teoria de classes, onde cada um deve se colocar no seu lugar sem reclamar.
Dependência intelectual: é necessário que, para as pessoas serem controladas, elas sintam a necessidade de obedecer alguém, por isso as crianças não são educadas para desenvolverem o conhecimento por conta própria, mas sim para imitarem e se sentirem certas apenas quando o professor aprova suas respostas.
Autoestima provisória: o respeito próprio nunca deve ser "próprio", mas sim dependente da opinião de algum especialista.
Não é possível esconder-se: os alunos são incentivados a delatar-se mutualmente, em qualquer problema que ocorra entre eles e até mesmo que ocorram dentro de sua família. Os pais também o são nas reuniões pedagógicas. Não existe maior forma de controle governamental que Este.
A primeira vez que uma educação como a citada foi proposta foi por Sócrates na "Republica", onde as pessoas, erroneamente, acham que ele estava propondo o mundo ideal, em que as pessoas eram controladas pelo estado, quando na verdade ele sabia que para um pesadelo distopico, era necessária uma educação com os sete passos citados anteriormente. Somasse a isso uma família desestruturadas e crianças que são treinadas biologicamente por telas a não se concentrarem em nada e a mistura perfeita está feita para pessoas dependentes e manipuladas.
A solução para esse problema vem num "sistema de livre mercado na escolarização pública" onde escolas livres da assanha estatal poderiam competir minimamente com a educação como é posta hoje em dia. Assim, o aluno poderia se voluntariar para a educação que mais lhe agrada. Professor e equipamentos melhores, ou seja, mais dinheiro para a escola, normalmente não é suficiente para resolver o problema, em geral ele surge devido ao que propomos como educação e como moldamos os pensamentos das crianças, mais técnicas não resolverá isso.
Capítulo 2 - A escola psicopata
A crise de despersonificação vem não só na escola, mas também na comunidade, não fazemos mais parte de algo pequeno (principalmente em época de redes sociais). Em especial na escola, ninguém realmente acredita que um "poeta" por exemplo, vai surgir na aula de português, até por isso param-se todas as atividades dessa matéria no ato de bater o sinal.
Educação e escolarização não são a mesma coisa, até por isso se observa que pessoas educadas em casa pensam de 5 a 10 vezes mais que os que não o fazem. Esse método de educação nos distancia do passado e do futuro, nos isolando num constante presente, tal qual a televisão. Principalmente numa época que os "faladores" e não aqueles que realmente fazem são mais valorizados. Os livros didáticos para crianças de antigamente hoje, devido ao emburrecimento, são considerados de nível graduação.
A consequência de toda essa educação na mente das crianças as tornaram indiferentes ao mundo adulto, o que vai contra tudo que existiu até hoje, onde a criança aprendia desde cedo a se adaptar. Elas não têm nenhuma curiosidade, tudo é ligado ao presente, elas são a-históricas. Uma forma de desenvolver curiosidade é o conhecimento imediato e necessário, como por exemplo instigar uma criança é independentemente fazer uma pesquisa sobre seus arredores, isso a faria descobrir elementos importantes sobre seu derredor como distancias, história dos locais etc. Desenvolver independência cria conhecimento real. Nenhuma técnica educacional vai causar mudanças se não mudarmos a escola em si, colocando a família em primeiro lugar. Qualquer coisa diferente disso é apenas material para dar dinheiro aos "especialistas" em educação.
Capítulo 3 - O esverdeado Monongahela
O autor faz uma analogia com a região que morava e como aprendeu vários elementos importantes para sua vida, com uma história em sua carreira, onde trabalhava em um péssimo lugar que não fazia questão de evoluir seus alunos, quando percebeu que uma aluna sabia ler mas estava na classe dos que não sabia, fez de tudo para muda-la de classe, porém a diretora não aceitava seus argumentos, provavelmente por ser um professor muito novo, mesmo assim ele desafio a todos e conseguiu que essa aluna trocasse de sala. Eventualmente ela se tornou uma professora de língua inglesa premiada.
Capítulo 4 - Precisamos de menos escola, não mais
A educação nem sempre foi sinônimo dessa escolarização forçada e ineficiente. Por meio de redes operacionais, as pessoas desenvolvem suas aptidões, além de ajudar os outros por meio da divisão do trabalho. A escola é uma dessas, porém é o tipo vampiresca, que tira das pessoas o tempo com a família e com a comunidade, sempre pedindo mais. Algo assim deve ser destruído, antes que continue a ferir gravemente a constituição das famílias e comunidades. Com isso, um dos elementos que mais prejudica a juventude deixará de existir: os falsos amigos, que nos moldam e nos transformam em conformistas, fazendo um simulacro de família que tão logo deixa de existir quando o ano letivo acaba.
As instituições modernas são outro elemento controlador, como a escola. No passado, se longe das trombetas dos reis antigos, você era livre para agir como bem entendesse. Hoje, o vínculo entre estado e big techs destrói essa liberdade. Kennedy, de forma estatista dizia: "não se pergunte o que seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer por seu país", onde vemos o estado como a maior abstração já feita, tentando a partir disso simular e roubar o que temos pela família no quesito de sacrifício. Percebemos (ou percebíamos, antes do advento das redes sociais) que localidades isoladas, como cidades pequenas, tinham uma atmosfera peculiar para o aprendizado, isso se dava justamente pela independência da intervenção institucional (e da cultura massificada pelas redes sociais).
A escola é prejudicial principalmente a família, tirando o tempo para que esta desenvolva atividades que instigue a curiosidade de seus membros um pelo outro. Ela se apropria do tempo da família e depois crítica a família por ter falhado como família. Como diz o autor: As crianças aprendem o que elas vivem. Coloque as crianças em uma sala de aula e viverão o resto e suas vidas em uma jaula invisível, isoladas das oportunidades presentes nas comunidades, interrompa as crianças com sinos e cornetas o tempo todo e aprenderão que nada é importante, force-as a implorar pelo direito natural de ir ao banheiro e irão tornasse mentirosas e puxa-sacos, ridicularize-as e evitarão vínculos humanos, envergonhe-as e encontrarão centenas de maneiras de se vingar. Os hábitos ensinados em estruturas organizacionais de larga -escala são letais.
Capítulo 5 - O Princípio Congregacional
No princípio das pequenas comunidades americanas, as pessoas podiam expulsar da localidade aqueles que não se adequavam a cultura local, algo que hoje seria considerado xenofobia. Esse cuidado com o que é local é o que define a ecologia, pois é impossível "abraçar" o mundo todo. Não é possível saber tudo sobre todos os lugares do mundo, sabemos pouco sobre poucos lugares. As pessoas que tentam compreender o mundo todo, o reduzem a estatísticas frias, o que lhes permite destruir o ambiente e a comunidade.
A destruição do ambiente passa pelo familiar, isso se dá, pois, a globalização acabou forçando as mulheres a sair de casa, para que, na prática, as famílias acabem ganhando o mesmo que anteriormente, uma consequência óbvia do aumento da mão de obra.
Elementos externos como a restrição de drogas para a melhora do ambiente não é funcional, pois as pessoas nunca deixam de fazer algo porque um político lhes manda, a não ser se este agir com violência. As pessoas não deixam de fazer algo, apesar desse algo lhes fazer mal, e se o deixam é a força, ou seja, de forma precária. Qual o valor humano de proibir algo que faz mal se disso diminuir os direitos naturais próprios de cada um, ou seja, aquilo que nos define como seres humanos e conscientes.
As pessoas aprendem a conviver em grupos pois são livres para o fazer. É também por isso que as escolas não funcionam, somos obrigados a estar nelas. Ela falhou em desenvolver a nossa liberdade e individualidade. As pessoas não são completas a menos que se unam de forma voluntária. Beleza, conhecimento, dinheiro fácil, são todas consequências de um legado calvinistas, que vê toda a matéria não como divino, mas como maquina, que funciona de forma melhor ou pior se deixarmos o sentimentalismo de lado.
Somos viciados em dependência e conformidade, por isso o poder tão grande da escola e da TV (e das redes sociais) em nossas vidas.
Em resumo: Conheça a ti mesmo, bons muros fazem bons vizinhos, não é necessário de milhares de horas para se aprender o necessário a sobrevivência, o ensino deve deixar de ser uma profissão certificada, confie a educação as famílias. A resposta da pergunta "para que serve a educação" deve ser individual, e não dada por um "especialista".
Posfácio
Problemas familiares, apesar de possivelmente traumatizantes, engrandecem as pessoas, se meter o estado em qualquer picuinha, nenhuma família que formou os grandes homens do passado estaria fora da cadeia. As pessoas nos Estados Unidos cultivavam a liberdade a ponto de serem autossuficientes, conseguirem sobreviver por conta própria, hoje no mundo todos fomos transformados em eternas crianças, dependentes do estado e de ordens de terceiros. Um pedido para os que estão dentro da escola: sejam os pequenos sabotadores da escolarização institucional imposta.
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