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Estudos da Economia e da Ética da Propriedade Privada em Economia Politica e Filosofia - Hoppe

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    Canal Resumo de Livros
  • 20 de out. de 2019
  • 61 min de leitura

Atualizado: 9 de nov. de 2019



Estudos da Economia e da Ética da Propriedade Privada em Economia Politica e Filosofia - Hans-Hermann Hoppe - Resumo


Parte 1 - Economia


Capítulo 1 - Falacia da Teoria dos Bens Públicos e a Produção de Segurança


Desde o século XIX filósofos como Molinari já indicavam a importância da segurança ser um bem oferecido no livre mercado, em vez do usual imposição do estado. O autor se propõe a explicar que a segurança é um bem como outro qualquer no mercado, de tal forma que pode ser disponibilizado de forma competitiva, e isso o fará ser mais efetivo.

Uma primeira falácia associada a segurança do livre mercado é a externalidade positiva: pessoas que não contribuiriam para esse bem acabaria se beneficiando. Mas esse é um fenômeno natural no mercado, todo o desenvolvimento de um bem acaba causando benesses, mesmo que involuntárias a outras pessoas. Um farol, por exemplo, acaba iluminando barcos independentes do pagamento de todos que passarão por aquela parte do mar. Hoppe se propõe a investigar as distinções dentre bens públicos e privados, para quem ler ajudar a decidir qual será o mais efetivo para seus intuitos. Bens como desodorantes, ruas, jardins floridos etc são usualmente produzidos pela iniciativa privada. São bens que produzem as externalidades positivas, mas nem por isso há a discussão de que eles sejam produzidos pelo estado. Boa parte dos bens que o público acredita ser necessária a produção pelo estado, algum momento na história já foram produzidos pela iniciativa privada.

Os bens públicos têm um certo nível de “privacidade/publicidade” que faz as pessoas se acharem mais ou menos donas deles, podemos perceber essa dicotomia criada pelo estado quando analisamos a situação das ruas e a suposta liberdade de expressão ou de passagem que as pessoas buscam nela quando ocorrem uma manifestação. Ocorre que se a única definição para lago ser publico ou privado ser as pessoas serem de certa forma influenciadas por ele, então mesmo a cor das roupas que uso poderão se enquadrar como um “bem público”. Se assim o for, nenhuma decisão nunca poderá ser tomada, pois é impossível monitorar todas as mudanças ou influências de todos os bens.

A consequência de agir sobre a propriedade de alguém vai contra o princípio da não-agressão, que é uma condição necessária para a argumentação, e por consequência a ética, e está provada ser necessária aprioristicamente para o desenvolvimento de procedimentos sociais. Se as pessoas, então, tem direito a suas propriedades e utilizam elas seguindo as regras econômicas da praxeologia (grosso modo, agir sempre leva de A para B, onde B é sempre uma situação onde o indivíduo busca estar melhor), os bens públicos se mostram uma perda, pois as pessoas prefeririam utilizar seus meios para fins diferentes do estatal. Se forem os mesmos, no mínimo haverá uma perda de tempo, informação etc. A única forma dessa regra ser respeitada é, então, onde as pessoas tomam decisões livres, ou seja, o livre mercado. Para tentar refutar isso, a única possibilidade que sobra aos estatistas é criar espantalhos semânticos, mudando o sentindo de determinados termos como "liberdade" para seus determinados fins. Por mais que a pessoa ignore totalmente a ética, ela mesmo assim estará presente no livre mercado, pois é apenas nele que as pessoas têm ações voluntárias para satisfazer-se e assim apoiar aqueles em que seus fins serão melhor satisfeitos. Isso também é uma solução utilitária, pois como dizia Thomas Sowell, poucos indivíduos, por mais inteligentes que seja, não podem acumular em si 100% do conhecimento de todas as pessoas, mas a ação voluntária de todos o podem. Quem nega a solução de mercado devido as suas "falhas" não consegue provar que as soluções de bens públicas são a priori, melhores.

Quem defende os bens públicos normalmente usa situações pontuais onde eles parecem ser necessários ou melhores, como a segurança. Assim, o autor propõe que até o fim do capítulo essa ideia será refutada. O primeiro ponto a ser explorado é que a segurança, como qualquer outro serviço, tem um caráter de necessidade circunstancial: em determinadas situações e por determinados motivos, a quantidade de segurança será diferente. Isso é facilmente resolvido pela informação contida no preço do serviço, mas essa informação não existe quando o pagamento por essa segurança é dada por uma agência centralizadora e financiada por coerção, como são o estado e os impostos, respectivamente. As pessoas demandam quantidades distintas de segurança, e se preocupam por diferentes motivos. Uma empresa de segurança terá que se adequar a esse gosto do público, que em geral presa por crimes com vítimas, e não muitas das ações que a segurança estatal promove, como combate as drogas ou fiscalização de mercadorias. Diferentemente da segurança estatal, que promove ações ambíguas independente da opinião ou vontade daqueles que os pagam.

Aqueles que criticam a solução mercadológica para a segurança normalmente citam que uma solução entre duas agências de segurança diferente acabaria em guerra. Esse tipo de situação já acontece com os estados, que podem usurpar dos cidadãos quanto dinheiro quiserem para manter suas batalhas. Porém, numa economia de mercado isso provavelmente não aconteceria pois guerras custam caro, o que encareceria contratar uma empresa violenta e as pessoas não contratariam quem seguisse esse tipo de politica.

Por mais eficiente que seja esse tipo de segurança, a opinião pública está muito influenciada pela existência do estado. Mesmo nos Estados Unidos, berço da ética libertária, se houvesse um "plebiscito" para a mudança da segurança como um bem publico para um bem privado, muitas pessoas seriam contra. Percebesse aqui a falha que é a democracia, ou seja, depender da opinião publica para uma decisão que é logicamente superior.


CAPÍTULO 2 - A ECONOMIA E A SOCIOLOGIA DA TAXAÇÃO

Será respondido de forma praxiológica os efeitos da taxação e o porque eles são aceitos, mesmo sendo nocivos. Normalmente quando se estuda a taxação, não se cita explicitamente o que ela é. Para Say, é um ataque a produção e a propriedade, por mais que se troque o nome para subsídio, contribuição etc, ela continua sendo um imposto.

Para você ser dono de algo, é necessário gerar trabalho sobre aquilo, ou trocá-lo de forma voluntária por algo que é de maior interesse a quem você quer fazer a troca. Essa é forma praxiológica de se perceber uma troca, pois quando um ser pensante age, ele o faz para transformar sua situação numa situação melhor. Assim a troca é sempre para algo que a pessoa quer mais. Porém quando há taxas envolvidas, a troca sempre trará essa informação associada a taxa, diminuindo assim a resposta praxiológica associada a troca, ou seja, as pessoas trocaram por produtos ou quantidades menores ou menos desejadas. Isso afeta diretamente a utilidade marginal, pois os produtos acabam tendo que valer mais para suprir o valor que as taxas consomem. Isso afeta diretamente o acumulo de capital que poderia ser útil para investimentos ao aumento de produtividade. Taxar até o limite é levar o ser humano novamente ao nível de barbárie. Por isso associar a taxação ao nível de enriquecimento de uma nação não faz sentido. Fazer essa associação é levar a economia a um campo que não é o seu: ciência experimental. A economia, tal qual a praxiologia, são disciplinas lógicas, fazer testes empíricos nesse campo são, grosso modo, tão uteis quanto tentar provar que uma ave vermelha é vermelha e não-vermelha ao mesmo tempo. Por consequência, estatísticas se mostram improdutivas ao estudar economia.

Algumas falácias em relação a taxas foram criadas com o tempo para tentar adaptar as pessoas a essa atitude sem ética, uma delas é a taxação para promover mais trabalho. Taxar para promover mais trabalho e por consequência produto é uma falácia pois tira a possibilidade da pessoa produzir mais apenas por produzir, e não para manter o estado. A preferência temporal (capacidade da pessoa se esforçar mais no agora para lucrar no futuro) das pessoas é afetada pelas taxações, pois se o capital será consumido, elas preferem consumir elas mesmas, e assim não investir. De tal forma que como apontou Rothbard, esse roubo do estado molda o que as pessoas vão desejar, pois mesmo que a taxação seja apenas do produtor, isso hora ou outra chegara ao bolso, e as ações, do consumidor. Essa importância do tempo em relação a ação humana (as pessoas sempre preferirão chegar ao estado de melhor situação o mais rápido possível) mostra que taxa alguma pode ser neutra, pois todas elas afetam, por definição, a preferencia temporal das pessoas. Afetando o tempo, afeta por consequência o acumulo de capital dos produtores, que deixam de economizar para poder investir, e assim aumenta o valor marginal dos produtos, o que causa carestia e perda de avanços necessários em tecnologia e produção.

Outra taxação é aquela que altera o valor do dinheiro, mais geralmente chamada de inflação. Ao alterar o valor do papel moeda, um meio sem valor intrínseco usando apenas para trocas, altera por consequência a preferência das pessoas, fazendo-as gastar o dinheiro antes que este desvalorize, ou se o dinheiro é artificialmente valorizado, as pessoas o trocam, dispendendo assim informação e energia que poderia ser utilizada em investimentos para diminuir o valor marginal de produtos. Consequências diretas são a redução da divisão do trabalho e da integração social e econômica. Reduzir o valor do dinheiro até o ponto que ele não tenha valor, como na Venezuela, faz as pessoas voltarem ao tempo do escampo, criando assim uma economia primitiva e por consequência bárbara. Esses custos extras causados pelas taxas afeta de forma mais pesada os pequenos produtores, que não tem renda suficiente para lidar com as taxas e assim desistem de seus negócios. Essa inflação normalmente é vista como uma taxa no consumo, e alguns economistas keynesianos veem isso como algo bom, mas na verdade altera a preferência temporal das pessoas e causa os mesmos problemas citados anteriormente. Mais absurdo ainda é quando estes pensam que ao desvalorizar o papel moeda estão "criando mais riqueza" como se imprimir papel gerasse algum tipo de riqueza. Como a inflamação altera as taxas de juros, os investidores começam a fazer investimentos errados, causando assim perdas econômicas que não ocorreriam se a economia se mantivesse inalterada por canetadas de políticos. Uma consequência drástica disso são os booms e crises financeiras.

Mas de onde surge as taxas e a aceitação delas pelas pessoas, apesar de todas essas provas de que elas não prestam? As explicações associadas sobre a natureza da taxa em geral já levam em conta que taxas existem e sempre existiram, então acabam analisando as consequências delas.

Nos últimos 100 anos as grandes nações do ocidente receberam papel de destaque no resto do mundo devido a seu grande poder, parte disso se deve a taxação. A ideia de justiça na mente das pessoas mudou por isso as taxas aumentaram. Provavelmente associado com o estado de bem-estar social e a justiça social que só é patrocinada pelo dinheiro dos mais ricos. Uma empresa só cresce no livre mercado se ela supre a demanda dos consumidores e se consegue lidar com a competição de outros produtores. O estado pode ser entendido como uma empresa, mas diferente de uma que funciona no livre mercado de trocas voluntárias, o estado usa de coerção, o que o torna uma empresa anti-demanda. Assim, outro elemento é necessária para a sua manutenção. A questão referente a competidores também não existe pois, em determinado território, o poderia do estado é absoluto e monopolístico, principalmente em relação a segurança. Percebesse assim que o que mantêm ele em pé é unicamente a aceitação das pessoas a suas atitudes não éticas.

Estado se mantêm enquanto as pessoas acham que ele é natural ou necessário. O estado promove ideias assim, principalmente deixando claro que qualquer resistência é inútil (tática velha de guerra). Ele só pode taxar aqueles que produzem, entendido isso, nos dias atuais a social-democracia permite a produção de indivíduos num mercado supostamente livre, mas altamente regulado, para que assim tenham o que taxar. Pois diferente de uma empresa que segue a propriedade privada, o estado só cresce devido ao roubo, isso é anti-demanda, então necessita da aceitação das pessoas dessa ação errada. O mesmo ocorre com a decisão de um líder em relação aos seus soldados, se eles não aceitarem as ideias do líder, este poderá sofrer sanções.

Com a queda do império romano, os pequenos feudos começaram a se desenvolver e a enriquecer. Quando uma monarquia tomava o poder de determinada localidade, muitos desses feudos se mudavam, mas mesmo essas monarquias eram mais livres do que as democracias atuais. Essa mentalidade de liberdade econômica criou, no século XVIII o liberalismo, que era uma forma de respeito a propriedade privada não mais baseada em conceitos religiosos, mas sim no vinculo lógico que as pessoas tinham com seus corpos e o fruto do seu trabalho.

Apesar de todas as provas de que o liberalismo criou riquezas, pouco sobrou do respeito a ética da propriedade privada e de pensamentos antiestado, as pessoas hoje preferem admirar e discutir ideias de políticos., assim gerando subsídio moral as suas ações.

Muitos motivos causam esse efeito, o autor discute um deles, o primeiro é o vínculo da educação com a mentalidade estatal. Estado promove a educação obrigatória pois ela é sempre a favor do estado, os intelectuais estão sempre a favor do estado pois em geral são financiados por ele, e assim fica fácil colocar na cabeça das pessoas que politica é importante e, por consequência, o controle sobre a propriedade alheia. O próprio financiamento publico da educação se torna uma benesse propagada pelo estado, mostrando assim a importância de se expropriar da propriedade alheia para financeiras esse tipo de “justiça social”. Parte da expropriação também vai para grandes empresas dos oligopólios promovidos pelo estado, assim, o dinheiro só vai mudando de mãos, e quem ganha com essas novas trocas é o estado, por parecer que está “trabalhando” pelo povo.

O estado também cresce pois, em democracias, ele cria a impressão de que as pessoas são o próprio estado, podendo, diferente de uma monarquia, ascender até grandes posições dentro dele, ou mesmo escolher aqueles que chegarão lá. Qualquer estudo empírico mostra que isso é um absurdo, vide o livre "Guia da Política Brasileira" que mostra que a maioria daqueles que chegam a grandes cargos públicos no Brasil são filhos de políticos ou patrocinados por estes. Sem uma cara, a democracia se torna diferente da monarquia pois esconde as ações passionais que regem o comportamento humano e geralmente causam problemas para a grande maioria das pessoas.

As taxações também ganham apelo em guerras. Essas são situações que demandam muito dinheiro, e por consequência muita taxação. Normalmente aquele país que consegue taxar mais é aquele que tem mais meios para ganhar a guerra, aumentando assim o apelo e aceitação dos populares por essa ação. É na guerra que o nacionalismo ganha força, e o apoio dos intelectuais, sempre estatais, também, até porque a atitude de um vencedor de guerra normalmente é imitada.

O autor conclui que violência contra o estado provavelmente não mudará a situação pois as pessoas apoiam as taxações, apenas a mudança de pensamento delas poderá ter algum efeito. Apenas a lógica por trás da ética da propriedade privada pode mudar o pensamento das pessoas.


CAPÍTULO 3 - BANCOS, ESTADOS NAÇÃO E POLITICAS INTERNACIONAIS: A RECONSTRUÇÃO SOCIOLÓGICA DA PRESENTE ORDEM ECONÔMICA

As pessoas sempre preferem uma situação melhor, ou seja, mais lucrativa, do que uma menos lucrativa. Por consequência, a economia de mercado, e não de escambo, é a melhor solução, pois ignora a necessidade de dupla coincidência de vontades (que a pessoa que serve determinado produto precise que aquela que serve o produto ou serviço que ela necessita queira o fruto do seu trabalho). Por isso o dinheiro é tão útil. A melhor forma de dinheiro, historicamente, sempre foram commodities metálicas. Essa preferência surgiu naturalmente nas pessoas. O ouro tem as características que melhor se encaixam para uma moeda: escassez divisibilidade etc. Com o tempo, bancos surgiram para facilitar a distribuição do dinheiro.

O dinheiro, com o tempo, foi separado em diferentes commodities. O que criou novamente o problema da dupla coincidência. Assim o autor discorre de que essa dupla dependência só surge por ação estatal. Com o tempo o estado foi dominando a cunhagem de dinheiro, com os bancos centrais, e assim desvalorizando o este para se locupletar. Com a moeda sendo o ouro, toda esse controle estatal sobre a moeda é impossível, pois não dá para “inflacionar” o mesmo.


II - O estado e a monopolização do dinheiro e bancos

Ao contrário da demanda por mais riqueza, o estado depreda o dinheiro indo contra a lógica do mercado, de produtividade demanda e competição. Ele não compete pois age com coerção contra seus competidores em qualquer área que o estado efetua suas ações, pois consegue verba para isso com impostos.

O estado só consegue esse nível de coerção, de milhares de pessoas por um pequeno grupo de centralizadores, apenas porque a maioria aceita e acha legítimo. Ele conquista esse apoio promovendo a falácia de que é fútil ir contra o estado, em conjuntura com a propaganda ideologia e principalmente com a redistribuição de renda. O estado que decide independente do quão lucrativo isso será, sem responsabilidades apenas por motivos espúrios, mas mesmo os bons motivos são involuntariamente ruins pois não seguem a lógica de mercado pra lucrar. Assim, consegue ter condições para monopolizar a justiça e a segurança, eliminando qualquer concorrente nessas áreas. Com mais energia consegue controlar o trânsito e as comunicações, mas sua principal ferramente é manter viva nas pessoas a esperança de participar do estado. O braço do estado para se manter é a própria divisão do seu poder, que na democracia parece melhor pois. Qualquer um poderia fazer parte do estado, o que se mostra empiricamente uma mentira, pelo menos no Brasil.

O último pilar para o monopólio estatal é o monopólio do dinheiro e dos bancos. Com o controle do ouro, o estado e os bancos têm o poder de imprimir quanto dinheiro for necessário para se enriquecer, tomando o único cuidado de não gerar uma hiperinflação. Por isso que grandes estados têm um vínculo fortíssimo com os banqueiros, mesmo aqueles que se consideram de esquerda. Os banqueiros são procurados pelas pessoas para fazer seus negócios, afinal banco é um centralizador temporal e espacial de investimentos. Quando um banco precisa de dinheiro, vai até o banco central estatal para pedir empréstimos, que obviamente o estado pagará, para manter assim seu controle no dinheiro e, por consequência, criar dívidas com os bancos, aumentando assim seu poderio. O vínculo de banco, estado e oligopólios promove o poder desses três, diminuindo o valor do dinheiro daqueles que tem menos e recebe o dinheiro no fim do processo mercadológico. O autor explica que são esses os primeiros a receber o dinheiro fiat desvalorizado propositalmente. Como eles são os primeiros, o dinheiro ainda temo mesmo valor de antes da desvalorização. De tal forma que eles estão roubando daqueles que irão receber o dinheiro por último. Para concluir o problema, políticos viram bancários e vice e versa, criando a cultura de oligopólios.


III - Politicas internacionais e ordem monetária internacional

Por mais que seja uma politica interessante expandir a moeda para lucrar em cima de impostos, os governos não põem fazer isso devido à concorrência externa. Então, surge a ideia de criarem cartéis entre os estados, e a fantasia final de todo estatista megalomaníaco, um único estado mundial com um banco central dominante. Boa parte desses objetivos só não dão certo devido a opinião pública. Guerras são uma boa forma de atingi-los, mas é a opinião pública que normalmente pausa esse empreendimento estatal. Esse empecilho é driblado com o auxilio de nacionalismo pesado. Acompanhado de um liberalismo anterior as duras taxações, então o estado tem as ferramentas para lucrar com uma guerra, expandindo seu território e seu poder mundial.

Um passo importante para o sucesso em guerras e imperialismo do ocidente foi a Revolução Industrial. Com essa riqueza foi possível para os Estados Unidos começarem o seu domínio sobre vários países menores. Parte desse poder veio em conjuntura com um banco central forte, o Federal Reserve System.

Com um estado mundial e um banco central dominante, o passo final para o domínio centralizado do povo está feito. Vemos que muitos grupos poderosos já se organizaram para isso desde o século XX. A criação do FMI e as reuniões da comissão trilateral são exemplos. A consequência a curto prazo dessa organização é que os oligopólios ganham mais poder, pois são eles que tem aceso imediato ao dinheiro piramidado pelos bancos centrais e pelo FMI, ação que seria impossível com uma moeda commoditie como o ouro.


CAPÍTULO 4 - ANÁLISE MARXISTA E DA ESCOLA AUSTRÍACA

Neste capítulo será apresentada o núcleo da teoria marxista, será mostrado que elas se baseiam em premissas falsas. Algumas constatações entre a escola austríaca e a teoria marxista são semelhantes, mas devido ao erro de fundamentos, as conclusões e motivações dos marxistas se mostrarão erradas.

Algumas das premissas marxistas são: “A história da humanidade é a história das classes dominadas”. Ou seja, aqui entra o conceito de mais-valia. Mais valia é errado para os marxistas porque o dono dos meios de produção lucra em cima do trabalho dos outros, sendo que as coisas que ele é dono não são verdadeiramente dele pois não existe propriedade no socialismo. Eles também acreditam que os donos dos meios de produção defendem todo tipo de politica de respeito de propriedade privada pois isso lhes convêm. Para que seja possível controlar a propriedade, os marxistas tomam o poder do estado, criando assim uma classe de criadores de regras. Na ótica marxista surgem monopólios de poder e se mantêm a hierarquia, centralizando naqueles já tem poder. Então os marxistas centralizam esse poder e com as taxações conseguem poder para expandir o território. Com o crescimento da centralização do poder dos monopólios virá a crise capitalista que só será resolvida pelo poder central do estado marxista.

Marxistas acreditam que essa injustiça existe desde a escravidão e do feudalismo, e que não poderia haver outra forma dos burgueses enriquecer sem essa escravidão. Marx usa como base do seu pensamento o fato de que aquele capitalista que contrata as pessoas com o dinheiro que é fruto do seu trabalho está fazendo escravidão. O conceito de mais-valia é útil para compreender esse pensamento marxista, pois sendo os meios de produção do povo, seria um crime o “dono dos meios de produção” lucrar, pois originalmente não existe a propriedade privada que o faz ficar com os lucros da classe trabalhadora.

Em sua analise, Marx não leva em conta a preferência temporal. Aqueles que recebem salário não ganham o valor exatamente igual à sua contribuição no enriquecimento de um empreendimento pois, existindo uma preferência temporal de se ganhar mais agora em detrimento de ganhar mais no futuro, as pessoas então recebem seu salário, e o empreendedor pagando-os, deixa de aproveitar sua verba no momento para que assim consiga investir (com o trabalho de seus funcionários) para lucrar mais no futuro. Se o trabalhador não pudesse vender seu trabalho, como propõe os marxistas, o lucro geral seria maior pois não haveria capital acumulado, e todas as suas consequências benéficas. Uma consequência direta da expropriação proposta pelos marxistas é que, se não existe um dono dos meios de produção, e por consequência do lucro, haverá menos estimulo para que haja lucro num investimento, isso surge de menos cuidados, menos importância aos detalhes etc. Percebe-se então que a falha central no pensamento marxista é não levar em conta a preferência temporal, conceito central na praxiologia.

Um dos erros centrais do marxismo é não reconhecer a própria apropriação (homestading). Marxistas e austríacos acreditam que escravidão e feudalismo eram erros, mas enquanto os marxistas pensam que é devido a mais-valia, os austríacos concluem que é devido ao fato de que tanto em feudalismo quando em escravidão o princípio de primeira apropriação (tanto do corpo quanto da terra) não foi respeitado. O que não ocorre, por exemplo, com o contrato para trabalho assalariado. Nada foi roubado dos trabalhadores só porque houve lucro do empresário, grosso modo a economia não é um jogo de soma zero.

Marxistas e austríacos concordam novamente quando analisam que o trabalho de um historiador não deve ser feito com juízos de valores, mas sim a luz da ação humana e de análises econômicas. Assim, os dois percebem que o que mantêm a expropriação possível é o opinião pública favorável a isso, na terminologia marxista, o consciência de classe. Ocorre que para os austríacos as classes são dívidas entre os que pagam impostos e os que vivem de impostos, sendo assim, se as pessoas não aceitarem mais ser expropriadas, não haverão mais classes, como propunha o economista Bohn-Bawerk. E essa consciência de classe foi comum em todos os movimentos que terminaram com a escravidão. Em especial com o feudalismo, pois a consciência surgiu devido ao nascimento do liberalismo, no qual o direito ao homestading e ao próprio corpo eram conceitos lógicos. Ideia que vem sendo reduzida durante o século XX pelo estado.

O estado tem papel fundamental nas comparações entre a teoria marxista e austríaca. Os dois concordam que o estado promove desigualdade e é eticamente errado. Enquanto os marxistas defendem que ele é um erro devido a sua promoção do capitalismo, os austríacos provam que ele é errado pois expropria a propriedade alheia, promovendo assim oligopólios, enriquecimentos ilícitos e a destruição de riqueza. O estado consegue essas proezas pois usa seu poder de propaganda para diminuir as investidas contra ele. Promove com a democracia, a impressão de que todos são o estado e todos podem chegar a cargos de poder nesse. Promove, com uma espécie de novilíngua orwelliana, uma destruição de sentido em ações criminosas, chamando taxas de contribuição voluntária, promovendo a segurança roubando os outros etc.

Marxistas são contra as elites bancarias, mas sua razão é um erro. Eles acreditam que essas elites promovem a propriedade privada, quando na verdade elas expropriam de formas menos vistosas que um bandido, diminuindo o valor do dinheiro por piramidando-o, por exemplo.

Marxistas são contra o livre mercado pois acreditam que as competições criarão !!br0ken!! O que realmente cria os monopólios é a coerção estatal, criando taxas que destrói a possibilidade de concorrência de pequenos empreendedores em comparação com aqueles grandes que fazem conluio com os governos. Essa falta de competição promove vários erros econômicos, mas essa conta não é paga pelos estados e seus oligopólios, mas sim pelos pagadores de impostos, no quais suas taxas são transferidas para recuperação de dívidas de empresas. Quanto menos o estado expropria mais saudável economicamente a sociedade é, mas para poder expropriar a sociedade tem que ser saudável, por isso que desde Stálin ninguém acredita em economia planificada, é necessário riqueza para ter o que expropriar e só o mercado livre gera riqueza.

O capitalismo não promove a expropriação e guerras, mas sim o controle estatal. Esse vínculo entre estado e grandes corporações ganha força na guerra, pois o crescimento do estado ganhador fará o crescimento dessas empresas. Assim, essas empresas que vão contra o capitalismo “puro” fazem o chamado rent-seeking, que é buscar ganhar capital e influência não no livre mercado, mas na coerção estatal com lobby etc.

Vemos assim que a teoria do valor trabalho é um erro, e que a expropriação não surge devido ao capitalismo, mas sim a falta dele promovida pelo estado.


CAPÍTULO 5 - TEORIA DO EMPREGO, DINHEIRO, INTERESSES E O PROCESSO CAPITALISTA: O CASO MISESIANO CONTRA KEYNES

Neste capítulo será definido e explicado vários conceitos econômicos a luz da teoria keynesiana, que é a mais influente do século XX, e a teoria da escola austríaca. Todas as deduções feitas o serão a partir de axiomas irrefutáveis. Assim sendo, a teoria de Lord Keynes se mostrará ilógica, pecando muito em definições, as quais ele muda para melhor servir a sua linha argumentativa.


1 - Emprego

Desemprego num mercado livro é sempre voluntário. Essa é uma afirmação de Mises que podemos perceber claramente no exemplo econômico mais clássico: Robison Crusoé. Ele sozinho em sua ilha não poderia se demitir. Porém, numa econômica controlada pelo estado, o desemprego surgirá, relacionado com o aumento do valor marginal dos produtos em relação ao salário, se este for alto em comparação a produção e o lucro vindouro dela, as pessoas serão demitidas. Um bom exemplo desse desemprego é se um salário mínimo for imposto. Caso o lucro que este empregado de for menor que a produtividade marginal, será melhor para o empregador não contratar. Um salário mínimo milionário é outro exemplo de como o controle sobre este elemento econômico é absurdo.


2 - Dinheiro

Numa economia de mercado há acumulo de riqueza devido a divisão o trabalho, e como o homem sempre quer uma situação melhor por isso age, ele, na medida que a situação melhora tecnologicamente, vai demandar bens para troca, além de apenas o seu valor por uso. O dinheiro então é usado para que no futuro bens possam ser obtidos devido ao trabalho feito no presente. Mostra-se que por consequência lógica emprego e rendimentos são independentes da moeda.


3 - Interesse

O interesse das pessoas, diferente do valor da moeda, está praxiologicamente relacionamento com emprego e produção social. Isso se dá porque as pessoas, praxiologicamente, preferem receber bens no agora do que no futuro. Se isso não fosse verdade as pessoas postergariam seus bens indefinidamente. Também é um fato que se as pessoas não se preocupassem com questões temporais, apenas com a produtividade, as pessoas sempre escolheriam os métodos mais demorados, a ponto de serem infinitamente demorados, pois estes são os que produzem mais bens. O mercado numa sociedade de livre mercado sempre irá tender a ter a mesma preferência temporal das pessoas, afinal é isso que o construirá praxiologicamente. Percebe-se assim que, devido as necessidades imediatas das pessoas e sua tendência praxiologia de sempre querer os bens o mais cedo possível, só é possível que haja investimentos numa economia de mercado se houver a possibilidade de acumulo de capital. Pois com esse acumulo sobram meios para investimentos, como por exemplo a educação.

Só é possível produção se tiver acumulo, tanto de tempo quanto de bens, o suficiente para a sobrevivência no mínimo. E conseguir domar as vontades para poder produzir mais com menos input. Com acumulo de capital suficiente devido ao menor valor marginal da produção, é possível o aumento e salários. E de toda essa dedução segue que o valor intrínseco da moeda não tem consequência nenhuma. Isso se mostra mais evidente se supormos uma situação onde todos os fins já estivessem sido obtidos, não seria necessário dinheiro para obtê-los. Esses processos de troca só ocorrem pois as pessoas querem uma situação melhor do que a situação previa. É por isso que as pessoas agem e devido a isso a ideia de que a economia é uma soma zero não faz sentido: ambos os indivíduos que trocam lucram pois é o que buscam em suas ações.

Entesourar dinheiro, que é a forma de mudar o valor dele que as pessoas podem naturalmente fazer, não afeta de forma abrupta o valor dele. Com o tempo as pessoas vão se adaptando e o dinheiro volta a ter seu mesmo valor de compra que anteriormente. No máximo, a preferência temporal das pessoas vai diminuir, pois o dinheiro vai ter mais valor o que vai ser preferível economizar.


4 - O processo capitalista

O processo de produção econômica ocorre em três vertentes, já estudadas por Malthus: a quantidade de população, de recursos e o estado da tecnologia. A preferencial temporal é o que realmente importa para o avanço e não os métodos e a quantidade previa de pessoas, pois sem uma reduzida preferência temporal, as pessoas vão gastar todos os meios para investimentos. Outros sistemas econômicos só funcionam se as pessoas mudarem a forma de agir o que é uma falha de construção lógica. Obviamente alguns empreendimentos vão falhar, mas isso é natural em qualquer ação humana.

Existe uma forma de induzir isso, que é com a ação estatal sobre o mercado, mais precisamente com o fracionamento do papel-moeda (inflação) e seus booms e boosts gerados no processo. autor explica o porque investimentos quando o dinheiro é inflacionado dão errado. Os investidores acreditam que a preferência temporal das pessoas mudou, pois como tem mais dinheiro, mais investimentos podem ser feitos, assim os investidores são levados a pensar que devem investir em vez de gastar em bens de imediato. Porém a preferencial temporal das pessoas não mudou, e elas não tomam parte desses investimentos, não querem comprar os bens que foram feitos com o esforço e o dinheiro dos empresários, então eles perdem todo o seu investimento. Isso só se concerta quando a preferência temporal dos investidores e dos compradores estiver novamente alinhada. Por mais que a mudança haja sobre a moeda, que deveria ser neutra numa economia cataláctica, os efeitos aqui são reais, ou seja, envolvem o interesse das pessoas. Uma consequência antiética da impressão de dinheiro é enriquecer o governo roubando dos mais pobres, pois é lá que o dinheiro chega valendo menos.

1 - Emprego

Agora o autor mostra porque a teoria de Keynes sobre a economia é falaciosa. Primeiro ele explica que sua definição de mercado é uma falha lógica, pois ele acredita na necessidade de elementos externos ao próprio mercado que tenta definir. Seguindo a mesma sequência do capítulo o autor mostra que o desemprego involuntário que Keynes propõe só existe devido ao estado. Mas na lógica de Keynes, de acordo com seus escritos, o emprego cresce se o preço relativo dos salários aumenta, devido ao crescimento do consumo.


2 - Dinheiro (moeda)

Keynes define dinheiro como o link entre o presente e o futuro. Isso é falso pois numa terra onde todos os fins já estão obtidos (o Jardim do Éden) dinheiro não seria necessário. Sua definição de emprego e desemprego não leva em conta noções simples como a escolha de empregados por menores salários. para fazer determinados trabalhos.


3 - Interesse

Keynes, diferente da dedução lógica da escola austríaca., acredita que o dinheiro tem impacto tão qual interesse e emprego na economia. Na nomenclatura orwelliana que Keynes tenta usar, ele cita que o interesse das pessoas (preferência temporal) aumenta e diminui ao mesmo tempo, em sua reflexão associada a atitudes econômicas com gastar e entesourar dinheiro. Isso obviamente não faz sentido lógico.

Keynes acredita que alterar a quantidade de dinheiro faz a riqueza subir, mas ele não leva em conta que quem cria a riqueza é o processo produtivo, e não simplesmente imprimir dinheiro. O que não poderá conhecer com ouro ou cripto, por exemplo.

Keynes também acreditava que os booms e boosts aconteciam por processos psicológicos de insegurança ou história das pessoas. Isso não faz sentido pois os efeitos são reais. A ação humana independente de motivos escusos da mente, ela é um efeito real que tem custos reais. As ações têm limites em escassez real, o que independente de processos psicológicos, que são ideias, e ideias são escassas.


4 - O processo capitalista

Keynes prega a socialização de investimentos, que é obviamente uma bandeira socialista (a antieconomia). O autor mostra como é contraditório dizer que o capitalismo leva a estagnação, pois se assim o fosse, não produzir daria lucro, e as sociedades mais ricas seriam as que menos consomem.

Para completar Keynes acredita que a contínua impressão de dinheiro é a solução para qualquer problema econômico. O que ele não leva em conta é que isso é a causa dos booms e boosts, além de too o desvinculo de preferência temporal e moeda. Ele chega ao erro final de acreditar que um simples fenômeno da economia, que é a queda de preços devido a demanda por dinheiro, é estagnação. No fim, Keynes é, sem mérito algum, o economista mais importante do último século.


CAPÍTULO 6 - COMO O DINHEIRO FIAT É POSSÍVEL, OU A DEVOLUÇÃO DO DINHEIRO E CRÉDITO

Dinheiro-fiat é, grosso modo, moeda fiduciária, ou papel-moeda. Moeda-commodity é aquela que surge de algum produto que pode ser usado como meio de troca. O autor explicará o porque moeda-fiat não pode surgir na economia a menos como uma imposição forçada, com a que o estado faz desde o ano de 1971, no qual o papel-moeda foi estabelecido como a moeda verdadeira, proibindo a commodity ouro.


A origem do dinheiro

Antes de existir moeda a economia era movida a escambo. Ocorre que nesse tipo de troca primitiva, surgia o problema da dupla coincidência, que é quando as duas pessoas que vão negociar precisariam exatamente daquilo que cada uma poderia fornecer. Assim, é natural que surgisse um elemento que servisse como troca para todos os indivíduos. Isso promove a melhor divisão do trabalho, e a possibilidade de acumulo desse bem para futuras trocas. Praxiologicamente temos que quanto mais amplamente for difundido esse mesmo meio de troca, melhor será a sua performance. Isso mostra que a lei de Gresham não significa que a moeda ruim é usada em detrimento da moeda boa, mas sim que a moeda que é forçadamente imposta pelo estado, ou que o estado promove um controle, é aquela que será utilizada em detrimento da moeda boa. Moeda deveria ser usado como um adjetivo, pois tem moedas que são mais moedas que outras. A ponto de que, numa economia de mercado, as outras seriam abandonadas e só ficaria a melhor. Quanto mais simples e mais aceitável o dinheiro, mais a troca será eficiente e poderá não necessitar de "dupla coincidência". Se for um dinheiro só ele será sempre coincidente.

É uma observação lógica que o dinheiro deve ser divisível, mas esse valor numérico que associamos ao dinheiro não tem um significado natural. Este número terá um significado informacional associado a nossa vontade de fazer trocas. Aqui entra o conceito de teoria do valor marginal pois, levando em conta que ter mais de um objeto para determinada ação normalmente é menos útil do que ter o primeiro, este acaba tendo menos valor para nós do que o primeiro, assim, percebemos que o dinheiro tem um valor dinâmico, associado a essa preferência que surge e muda instantaneamente para cada individuo e para todos no mercado. Isso ocorre por consequências básicas da ação humana: se o individuo sempre está agindo para sair de um estado A e ir para um estado B onde B é melhor que A, não existe como definirmos um valor para a moeda que acompanha instantaneamente essas mudanças de mundo. A moeda está quase associada ao poder de compra de bens, e não algum valor intrínseco a ele ou seja, não existiria uma procura pela moeda, mas sim pelos bens que a moeda pode proporcionar.

Alguns pesadores da Escola econômica de Chicago propuseram teorias dizendo que qualquer bem pode ser igualmente usável como moeda, o que levou a importantes nomes como Friedmann a concluir que papel-moeda seria uma solução boa para a economia.


De dinheiro-em-penca para dinheiro-fiat: a devolução do dinheiro

Foi com a ideia de ter um substitutos para as peças de metal que surgiu o papel-moeda. Veremos se o autointeresse das pessoas será tão alto a ponto de tornar esse tipo de dinheiro utilitariamente bom. Levando em conta todos os problemas associados a cópia de dinheiro e ao governo controlador que o impõe em detrimento da commodity que sempre surgiu naturalmente como moeda de uma localidade, o papel-moeda se mostra péssimo em seu serviço. O poder de imprimir dinheiro é algo dificilmente controlável, ao ponto que governos destroem sua economia utilizando desse poder, gerando a hiperinflação que faz todos voltarem a meios primitivos de troca, pois o dinheiro utilizado forçadamente naquele local não tem mais nenhum valor informacional de trocas. Monopolizar a cunhagem de dinheiro é ter o poder de ter quanto dinheiro quiser a hora que quiser com todo o valor anterior a inflação. Este conceito de monopólio é útil para se analisar o autointeresse em qualquer monopólio que seja. Sendo o dono do monopólio um individuo que não sofre a pressão e adversários mercadológicos, a sua mais intenção é aumentar os custos, prejudicando assim a lucratividade das pessoas.

Apesar de todas essas verificações empíricas, principalmente presentes na economia mundial desde a "aposentadoria forçada" do ouro como moeda em 1971, alguns economistas considerados liberais como Milton Friedmann continuaram afirmando que a moeda fiat poderia ser tão útil quanto a commoditie


Do depósito e empréstimo bancário para a reserva fracionária: a devolução do crédito

O banco como funciona atualmente tem dois protocolos: guardar e "emprestar" dinheiro. Ocorre que esse segundo processo, o empréstimo, é carregado de reservas fracionárias, que nada mais é que o dinheiro de outra pessoa ser usado para o empréstimo de terceiros. Assim, a propriedade de alguém está sendo emprestada, sem qualquer segurança de que está estará no banco quando o seu dono querer reembolsá-la.

O banco que promove poupanças faz um serviço praxiológico: promove recompensas aqueles que tem baixa preferência temporal. Essa facilidade de crédito criada pela moeda fracionaria acaba gerando os booms e boosts, pois, como já foi dito, a desregulação causada por alterações na taxa de juros devido ao aumento de crédito acaba fazendo os investidores investirem naquilo que a preferência temporal das pessoas não está de acordo.

Por mais que as pessoas façam todos os trâmites associados a processos bancários de empréstimos com contratos e na lei, mesmo assim continua sendo fraudulento usar a propriedade de um terceiro para fins que não são do seu interesse. Outra consequência é que o dinheiro está sendo fornecido sem garantia de que volte, isso pode ser exemplificado como um overbooking em um voo.


CAPÍTULO 7 - CONTRA A MOEDA FIDUCIÁRIA

Hoppe refutará dois economistas que não acreditam que a moeda fracionada tem qualquer efeito negativa a priori na economia. Estes acreditam que a criação de moeda pode, por ventura, evitar crises econômicas por aumentar a performance dos investidores.

O problema da Fraude I: Dinheiro, substitutos de dinheiro, moeda fiduciária, e a teoria de contratos

Um dos argumentos centrais para a argumentação de que criar dinheiro do nada não é crime é que este processo sempre é feito por contrato entre duas partes. A primeira falha desse pensamento é a falha praxiológica de que existe a possibilidade de duas pessoas serem, ao mesmo tempo, donos exclusivos de algo. Criar notas fiduciárias não vai gerar ao mesmo tempo, mais propriedades para que indivíduos sejam donos. Selgin e White, os autores que tentam refutar Hoppe, não levam em conta a impossibilidade de que duas pessoas sejam donas da mesma quantidade de dinheiro. isso é fácil de ser verificável quando usamos o que realmente é um amoeda (ouro) para ilustrar o exemplo de dois donos ao mesmo tempo.

Com o advento da propriedade privada, algo recente na história humana, vários problemas relacionados a informação foram resolvidos, incluindo disputas legais e representação de bens, além da transferência de posses (esta última por si só responsável pelo acumulo de riquezas). Assim, surge naturalmente a ideia de títulos que são substitutos de dinheiro. Estes, por si só, não são dinheiros, da mesma forma que títulos de substituição de carros não são carros. A criação de contratos não cria, por si só, novos bens para serem contratos, como defende os economistas que dizem que criar dinheiro do nada não afeta a economia. A teoria dos contratos proposta por Rothbard é tão lógica quanto leis matemáticas ou limitações físicas e naturais, não segui-la além de ilógico é fraudulento. Vender elefantes voadores é contingente, mas a reserva fracionada em bancos é necessária e categórica, porque invalida pressupostos lógicos da praxeologia (duas pessoas serem donos da mesma propriedade). A criação de títulos fiduciários tem por definição o uso de propriedades de terceiros, sendo assim falha em qualquer arranjo ético associado a propriedade privada e não pode ser visto como nada além de fraudulento.


O problema da fraude II: Reserva fracionária, ação de bancos e liberdade de contrato

Selgin e White, ao defenderem reserva fracionada, deixam de lado o conceito central da economia: a propriedade privada. Isso os leva a falácias básicas como duas pessoas serem donas simultâneas do mesmo bem, confusão entre título e propriedade etc. Contratos realmente validos transferem propriedades de um dono para o outro, um contrato criado por um banco, que envolve propriedade de terceiros não pode ser considerado verdadeiro. os erros em refutar Hoppe são de ordem filosófica, pois eles argumentam com questões contingentes conclusões apriorísticas e também que a conclusão deles de que o dinheiro perde valor por questões de oferta e demanda nada tem a ver com o dinheiro perder valor pelo fracionamento feito por bancos.

Para se compreender mais profundamente o erro, temos o exemplo do preço de m projeto cair. Quanto uma empresa produz muito de um projeto, é de praxe que o preço deste caia, porém aqueles que tem o produto não perderão suas propriedades. O mesmo não ocorre com o dinheiro, quando há mais produção deste, aqueles que tem serão furtados no valor de suas moedas.


O problema da fraude III: A prova da existência da reserva fracionaria e a formação do estado

Os economistas Selgin e White acreditam que o monopólio da criação do dinheiro pelos bancos não tem nada de imoral. Quando fazemos uma analogia com o monopólio da segurança e da justiça imposta pelo estado, percebemos que o pensamento dos dois é um erro.

Para qualquer argumentação é necessário transcendentalmente a consideração da propriedade privada. Sendo assim todo dono de propriedade tem direto exclusivo sobre ele, e isso inclui sua defesa. Assim, qualquer um que imponha um monopólio sobre a segurança está indo sobre o único direito irrefutável, a propriedade. Uma empresa que te obriga a comprar o monopólio dela, como a segurança estatal, é uma contradição em termos, pois te rouba para te proteger de ser roubado, o mesmo pode se dizer da justiça monopolística.

A analogia é clara quanto ao monopólio da impressão de moeda fiduciária por bancos. A quantidade de títulos de dinheiro aumenta sem o mesmo aumento da quantidade da verdadeira moeda, ouro. Mises e Hoppe concluem que com as pessoas aceitando esse tipo de instituição, será possível a existência do monopólio que consiga quebrar a economia de vários países, e assim surgir um governo mundial.


A economia positiva da moeda fiduciária: balanço de dinheiro, preço, ajustes, poupança e investimentos

A demanda por dinheiro tem efeitos praxiológicos, porém os econômicas White e Selgin acreditam que eles não são fortes o suficiente para afetar negativamente. O aumento de moeda, como o aumento de qualquer produto, deveria ser acompanhado da preferência temporal das pessoas de guardar mais dinheiro. Porém não é isso que ocorre quando o governo ou bancos, monopolisticamente, aumenta a quantidade de papel-moeda. se a demanda por dinheiro cresce (pra guardar ou investir por exemplo) o valor da unidade de dinheiro aumenta. Isso é uma consequência praxeológica da preferência temporal.


CAPÍTULO 8 - SOCIALISMO: UM PROBLEMA DE PROPRIEDADE OU CONHECIMENTO

Para Mises, o erro do socialismo acontecia no calculo econômico. Sem propriedade privada não era possível prever fatores de produção, entre outras benesses que causavam riqueza generalizada e acumulo de capital. Para Hayek, o verdadeiro problema era a centralização do conhecimento. Ocorre que se o problema fosse realmente esse, qualquer empresa e família seria insustentável, pois as decisões e informações normalmente são centradas em seus chefes. Ocorre que elas funcionam e Mises explica esse funcionamento pois tanto família quanto empresas são fortemente baseadas na instituição da propriedade privada.

Para Hayek não existe diferença operacional entre o socialismo e uma corporação privada. Mas Mises e Rothbard explicaram que a informação (tão importante para Hayek) só existe se houver propriedade privada, e as trocas voluntárias derivadas dela, são dessas propriedades que surgem o preço, que é a informação mais descentralizada e efetiva. Para Hayek a única coisa que importa é a falta de eficiência do socialismo em descentralizar a informação centralizada, o que não tem nada a ver com propriedade privada. porém é a propriedade privada que dá valor as trocas, e não a informação per se.

A filosofia de Mises e Rothbard são robustas, baseadas em praxeologia, que grosso modo é a ciência da ação humana. Por sua vez ação é composta por dois aspectos inseparáveis, o aspecto subjetivo (no qual define ação como algo racional e inteligível) e um aspecto objetivo (ação está sempre relacionada com coisas reais e físicas). Dai surgem importantes elementos econômicos como a propriedade privada, divisão do trabalho, produção, troca direta e indireta, etc. Por outro lado, as ideias de Hayek são apenas relacionadas a estados mentais, nada relacionados com a realidade. O conceito de liberdade para Mises é completamente oposto ao do Hayek, que permite ações positivas contra indivíduos, elas não levam em conta a liberdade associada a ser dono de uma propriedade. Ou seja, as ideias de Hayek são falácias, pois não se baseiam em leis irrefutáveis da praxeologia. Isso não só as torna antiéticas como economicamente ruins. Nas ideias do Hayek as limitações da realidade, como ter um corpo, não importam, pois sua teoria da descentralizaram reduz o ser humano a suas ideias.

PARTE II - FILOSOFIA


CAPÍTULO 9 - PRAXEOLOGIA E A FUNÇÃO PRAXEOLOGIA DA EPISTEMOLOGIA

I

Este é o capítulo mais importante do livro, pois tratará do fundamento filosófico da praxiologia. Mises ainda é importante pois ele sempre se preocupou em entender os meandros do conhecimento econômicas para que não se caia em doutrinas falsas. Baseado nisso, Hoppe neste capítulo explicará a teoria da ação proposta por Mises, está que é a explicação a priori da economia. E posteriormente explicará que a praxiologia vai além apenas da economia, mas serve também como fundação epistemológica.


II

Mises propôs que algumas situações importantes para a economia como a Teoria da Utilidade marginal e a Teoria da quantidade de dinheiro poderiam ser explicadas a priori, ou seja, sem a necessidade de observações experimentais (como as ciências naturais) ou históricas (como história ou sociologia). Esses métodos podem ser falseados por situações futuras, e só funcionam quando as situações são bem controladas, só que é impossível para experimentos econômicos pois sempre haverão situações variáveis externas incontroláveis (condições econômicas anteriores, geografia, recursos naturais etc). O historicismo acredita que os fenômenos econômicos não podem ser medidos, são sempre contingentes e suas interpretações não podem ser limitadas por qualquer lei objetiva.

Mises, para fugir das contradições epistemológicas do historicismo e do empirismo, buscou uma fundamentação para a economia que fugisse de qualquer erro intelectual sistemático. De tal forma que empirismo e historicismo não poderiam ser usados para se estudar economia, afinal são métodos epistemológicos auto-contraditórios. O empirismo contradiz a própria premissa empírica que diz que qualquer método racional para definir o que é verdade só existe a partir de bases hipotéticas, assim a própria afirmação de que o empirismo fornece verdades é uma afirmação hipotética.

Se a economia é empirismo, o conceito básico de empirismo é que tudo é hipotético, sendo assim qualquer teste é valido quando queremos testar um arranjo econômico. Porem isso sempre esbarrará em situações fora do controle que, em outra condição, poderiam dar certo, afinal não existe uma lei a priori para reger esses fenômenos na mente de um empirista. Os historicistas também tem uma epistemologia fraca pois, se é verdade o que eles assumem, que eventos históricos e econômicos são subjetivamente entendidos em vez de eventos observados, ou seja, não são governados por relações constantes invariantes no tempo, então sua própria proposição epistemológica. também não pode ser constantemente verdade sobre eventos históricos e econômicos. Os historicistas não levam em conta a lógica, de tal forma que qualquer coisa dita sem viés histórico não tem sentido para eles. A linguagem para eles não tem nenhum significado racional a menos se estiver vinculado com algo histórico.

Mises quis trazer para a economia uma epistemologia forte, que seguisse as diretrizes de Leibniz e Kant, que eram conhecidos como racionalistas, diferente de Locke e Hume, empiristas em voga na época no que se refere a economia. Ele quis demonstrar a existência de verdades sintéticas a priori, ou seja, que não necessitam de observações para serem confirmadas como verdade. Mises quer entender que tipo de conhecimento pode derivar leis irrefutáveis sobre questões econômicas, para isso ele tem que ter uma epistemologia forte, para isso ele tinha duas condições, que as verdades não possam ser observadas experimentalmente, e que essas verdades produzam axiomas autoevidentes, ou seja, condições que, ao tentar serem negadas, sejam automaticamente refutadas. Mises observou que termos associados a economia como preços, custos, dinheiro etc surgem pois pessoas agem. As ações que os agentes fazem, no momento que fazem, o fazem pois acreditam que ela trará mais benesses do que no momento anterior a ação. Essas ações envolvem intrinsecamente uma sequencia (uma ação sempre vem antes da outra), ou seja, demandam tempo, e obrigatoriamente exclui a possibilidade de que, naquele momento, seja feita outra ação. Todas essas propriedades (valor, escolha, preferência, custo etc) estão no coração da ciência economia estão implícitas no axioma da ação, que é a condição filosófica que diz que o ser consciente sempre, ao negar essa condição você está agindo então é uma verdade autoevidente irrefutável. Para tentar negar esse axioma proposto por Mises, o agente terá que utilizar de meios, excluir determinadas ações, lidar com custos, ou seja, utilizar todos os elementos compulsórios ao próprio axioma.

Um verdadeiro teorema econômico., então, trata de entender o significado de ação, entender as situações e suas mudanças, e descrevê-las em termos de ações, para assim se aplicar ao axioma, e, por fim, deduzir logicamente as consequências. Podemos por exemplo, deduzir o teorema do valor marginal, que mostra que, devido aos autores sempre preferirem se satisfazer mais do que menos, observamos a situação de quando obtemos um bem escasso que já tínhamos. Segue que a nossa primeira unidade daquele bem serve como meio para resolver um fim mais urgente, o mesmo não será verdade para a segunda unidade desse bem (duas geladeiras por vezes são inuteis, mas uma é necessária). E para isso não foi obrigatória observações experimentais.

III

Nesta parte o autor propõe provar que a praxiologia prove fundamentos para a epistemologia. Para isso relembremos que o axioma da ação não é derivado da observação e negá-lo é impossível, pois no curso da negação a pessoa está agindo. Para que seja proposta uma negação, é necessário a argumentação, e aqui percebemos o segundo axioma, o da argumentação. Argumentação é uma subclasse da ação, mas ao mesmo tempo levar em conta a argumentação e suas relações é necessário que haja argumentação. Assim, tanto ação e argumentação são entrelaçadamente necessários para o conhecimento a priori. Metafísica é poder delinear o que pode ser alcançado por pensamento sintético a priori daqueles que só podem ser alcançados com alguma informação contingente e também de proposições "metafisicamente" sem sentido. O axioma da ação e da argumentação não pode ser negado por conhecimento pois o próprio conhecimento faz parte de um constructo desses axiomas. Aqui derivamos que epistemologia é por si só uma derivação da ação por isso deve ser utilizada para obter seus fundamentos. Percebemos que o conhecimento é uma categoria da ação, sendo assim ele está limitado as propriedades transcendentes a ação, e a existência de tal estrutura não pode ser negada por qualquer conhecimento, afinal para argumentar, que é uma ação, é necessário conhecimento.

Depois que o conhecimento é obtido, ele deixa de ser escasso, pois pode ser copiado sem aquele que foi copiado sofrer qualquer perda de propriedade. E diferente de outros atributos que também não são escassos e são necessários para a ação, por exemplo o ar, ele é sujeito de validação, a epistemologia então entra para propor estruturas para esse conhecimento.

Assim, percebemos que o modelo racionalista de conhecimento dá conta de uma mente ativa, diferente do modelo empirista de Locke e Hume que são uma mente espelho do que vivência. A crítica clássica aos racionalistas feita pelos empiristas é como que eles podem garantir que categorias mentais de conhecimento se adaptam a realidade. Não levar em conta essa questão pode levar ao absurdo de dizer que a realidade é uma criação da mente. Por vezes Kant falhou nesse ponto, dizendo que o conhecimento tinha que estar em conformidade com a realidade, mas na verdade é que a realidade observacional deve estar em conformidade com a nossa mente, pois é da mente limitada pela ação que surge o conhecimento que interpreta a realidade.

A realidade se vincula com categorias de pensamento através ação. Ações que não fazem sentido na realidade não podem existir. Como por exemplo, levantar o braço enquanto abaixo. Posso até formular essas palavras mas elas não tem categoria de ação. Assim, os pensamentos a priori deixam de ser apenas conhecimento e podem tomar partido no mundo real. Diferente do que Kant dizia, de que a mente se moldaria a realidade.

Olavo diz, que ciência é só uma das formas de interpretar o conhecimento, de que tudo que vai para a mente apenas um pouco pode ser categorizado. "conhecimento científico é só uma pequena parte da razão humana aplicada a fenômenos". Leis lógicas como se, então, não, sim, e, ou são regras de pensamento tal qual da realidade porque são baseada na ação, e não podem ser negadas. Algo não pode ser "a" e "não-a" ao mesmo tempo pois a definição lógica de "e" leva em conta as categorias da ação e suas limitações praxiológicas, é impossível. Isso implica na razão do porque a matemática é funcional na realidade, porque ela é limitada pela ação. Geometria, por ser limitada pela ação, é uma ciência lógica e empírica, afinal espaço é uma pré-condição para ação.

O princípio da causalidade é importante pois nos dá uma relação temporal entre ações. Devido ao fato de limitarmos ele novamente por elementos transcendentais a ação, como sucesso e falha, temos uma validação a priori desse principio, e novamente é impossível refutá-lo. Algumas teorias físicas, como a mecânica quântica, dizem que não existe essa causa e efeito, mas novamente seus métodos tanto matemáticos quanto experimentais demandam a causalidade e o processo sequencial de medida. Da mesma forma que o axioma da argumentação, o axioma da causalidade é necessário, pois ao agir pressupomos que essa não terá uma consequência, ou seja, a realidade pode ser categorizada teleologicamente.

Assim, o autor conclui que tudo que não é uma ação pode ser categorizado casualmente. Não há nada no fenômeno, a não ser a estrutura da causalidade e as proposições logicas e matemáticas. Assim, como derivamos esses conhecimentos dá uma observação contingente, ele é um conhecimento a posteriori. Tudo que é uma ação deve ser categorizado teleologicamente. Esses fenômenos também são limitados pelas leis da lógica, mas não são pelas leis da geometria, pois não dependem de instrumentos de medida espacial, que estes sim dependem desse elemento da ação. Não são as ações que conectam eventos, mas os eventos são conectados devido as categorias de meios e fins. Derivamos disso também que, devido ao ator da ação estar limitado pelo conhecimento pretérito, ele não pode predizer o futuro. Isso ocorre porque não da para saber específicos valores d escolhas do agente. Assim, é refutado qualquer explicação historicistas de conhecimento.


CAPÍTULO 10 - A PESQUISA É BASEADA EM PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS CAUSAIS POSSÍVEIS NAS CIÊNCIAS SOCIAIS?

Hoppe se propõe a mostrar outra derivação epistemologia importantíssima: que não existe um princípio de constância que rege fenômenos da ação, como ocorre, por exemplo, em determinados escopos das ciências naturais.

Quando nos propormos a estudar um fenômeno natural, criamos equações. Um fenômeno Y pode ser descrito por uma equação do tipo Y = a + b1X1 + b2X2 + e. Essa é uma importante função em simulações computacionais. Percebemos nela intrinsecamente um princípio da constância, ou seja, que uma variável depende invariavelmente do tempo de outras de uma forma constante, os termos "b" são essas proporções constantes. Essas equações podem ser falseadas por novos dados, e assim, após aprender esse conhecimento, regulamos os parâmetros livres para que eles se adaptem as observações. Esse é um principio que não é derivado da observação, e

Para dizermos que resultados foram falseados, é necessário assumir que o princípio da constância está certo e que ele não toma parte em como as causas operam. Finalmente, pode-se sentir a necessidade de explicar esses fatores F hipoteticamente e de incorporá-los na hipótese inicial, que assumiu apenas a operação sistemática de X1 e X2, substituindo assim uma hipótese por uma nova. Mas tudo isso só é possível na medida em que alguém já tenha assumido a validade do princípio de constância para Y e todos os fatores que causam Y.

Como a validade do princípio da constância não pode ser posta em dúvida quanto à evidência de experiência sensorial externa, só pode ser por razões lógicas que o princípio possa ser considerado corretamente inaplicável em qualquer esfera específica. Ou seja, requer a existência de um sujeito ativo e perceptivo. Por sua parte, esse sujeito ativo - o pré-requisito para um mundo determinado por causas com efeitos constantes - não pode, por razões lógicas, assumir a validade do princípio da constância com relação aos estados de seu conhecimento (e às ações intencionais que podem levar a esse conhecimento). Para garantir a validade incondicional do princípio da constância, o próprio sujeito deve ser capaz de aprender. Ele deve partir da suposição de que ele pode assimilar experiências falsas e substituir hipóteses antigas por novas. Se, por outro lado, alguém visse o estado de seu conhecimento como causado, e se (absurdamente) tratasse algo ainda não conhecido como previsível em princípio, privar-se-ia de toda a possibilidade de usar a capacidade de aprender, isto é, formar novas hipóteses anteriormente desconhecidas, como uma maneira de manter a natureza governada pela lei dessa esfera da realidade, que não é constituída por conhecimentos ou ações que se baseiam nesse conhecimento.

O resultado dessa análise lógica do princípio da constância como o princípio de um esquema operacional não-empírico subjacente a investigação causal é que o princípio só pode ser válido nessa esfera objetiva que não é constituída pelo próprio conhecimento ou ações que manifestam esse conhecimento. (Nesta esfera, a questão de saber se existem leis constantes com base nas quais se torna possível fazer previsões ex ante é determinada positivamente independentemente da experiência, e os fatores empíricos desempenham um papel apenas na questão de quais variáveis concretas são causalmente ligadas a quais variáveis de efeito concreto e quais não são.) Na esfera do conhecimento e da ação, por outro lado, não pode ser válida. (Nesta esfera, a questão de saber se existem ou não constantes é de natureza empírica e só pode ser decidida para uma dada variável com base na experiência passada, que é decidida ex post.). Resumindo: Só pode haver constantes em relação às causas dos eventos em que se lida com um mundo de objetos que não aprendem, ou mais corretamente, onde se concebe uma esfera objetiva da realidade como um mundo de objetos que não aprendem.

Em poucas palavras, o método do princípio das constâncias entre leis só funciona como um método, e não como a própria estrutura do conhecimento, justamente porque o conhecimento está limitado pela ação, e como esses fenômenos não surgem devido a ação, buscar relações constantes não traz o verdadeiro conhecimento. Um sujeito ativo é condição necessária para esse mundo comandado por leis constantes, mas esse próprio sujeito está limitado pela condição de aprender coisas no futuro.


CAPÍTULO 11 - DA ECONOMIA LAISSEZ FAIRE PARA A ÉTICA DO LIBERTARIANISMO


I

Por mais que Mises tenha desenvolvido importantes dispositivos para uma ética libertária, ele mesmo não a descobriu. Foi através de seu aluno, M. Rothbard, que esta começou a ser desenvolvida. A primeira diferença entre o pensamento dos dois surgia na existência de qualquer monopólio forçado. Rothbard usou bases praxiológicas para mostrar que qualquer monopólio tem aspectos expansionistas por definição.

Como já discutido, a existência de algo como um "bem público" é importante para a imposição de um estado. Rothbard, então, define que qualquer bem econômico deve ser escasso, mais precisamente escasso para alguém. Sendo assim, quando partimos para a definição de algo como bem público, percebemos algumas incongruência. Se bem público é aquilo que afeta as pessoas em algum nível, então a cor da casa ou da cueca de alguém pode sê-lo. Se sendo público, é necessário então a decisão de todas as pessoas para se fazer qualquer mudança justa em relação a ele, diferente disso criaremos uma casta de seres humanos com poderes sobre a propriedade dos outros. Controlar a ação de todos é impossível, de tal forma que nenhuma decisão poderia ser tomada. O valor de bens públicos, como imposto hoje pelos políticos, é economicamente menor que qualquer bem privado, pois se não o fosse, as próprias pessoas gostariam seu dinheiro diretamente para obtê-los, se não fosse verdade, coerção em forma de taxas não seria necessário para comprá-los, entre eles a lei a ordem, que poderiam ser comprados e ofertados no livre mercado com mais eficiência do que a oferta arbitraria de segurança dada pelo estado e promovida com dinheiro roubado por impostos. Por essa e outras, Rothbard citou que a economia promovida pelo mercado é sempre otimizada, não no ponto de vista da ética pessoal de alguém, mas das trocas voluntarias, e toda vez que o governo impõe alguma ação no estado ela sempre leva pra longe do arranjo ótimo.


II

O que não entrou na análise de Mises e é fundamental para a ética libertária é que, por vezes, o que o individuo quer não é o arranjo utilitário. Sua ação que transforma o seu mundo melhor do que estava antes (base praxiológica) pode ser uma que lhe trás mais pobreza econômica. Rothbard foi o primeiro que quis usar bases intelectuais para definir a ética, esta permitir, diferente de Mises, que os indivíduos buscassem seus fins independente do utilitarismo. Rothbard se apropria da tradição filosófica dos direitos naturais e da lei natural para desenvolver essa ética, e mostra exemplos de sua aplicação no livro "A Ética para Liberdade". Porém, a ideia de natureza humana é muito difusa para definir de forma racional os conteúdos da lei natural.

Deixando de lado a versão utilitária da ética misesiana, e sua definição arbitrária de que as pessoas sempre vão buscar os melhores fins, partimos para a ideia de que os indivíduos, ao tentarem encontrar a verdade sobre determinada situação, sempre a buscam no curso de uma argumentação. Para tentar negar essa afirmação é necessário argumentar, ou seja, ela é um sintético a priori. Argumentação é uma ação, ou seja, está limitada por meios e fins, e normas devem ser seguidas para argumentação, tentar contradizer isso já necessita de normas sendo seguidas para argumentar. Tentar negar as normas pressupõe o uso de argumentação e vice-versa. Ao contrário de leis da natureza, podemos mostrar que elementos associados a argumentação, como a ética, pode produzir leis validas a priori. Normas que não podem ser defendidas no curso de uma argumentação não são compatíveis com a natureza humana, como uma contradição em termos ou uma operação matemática invalida. Tentar derivar uma ética não pela argumentação mas direto pela ação é um erro, pois nem sempre a ação leva em conta a existência de certos valores e nem sempre pode ser universalizada, ou seja, todas as pessoas terem a capacidade de fazê-lo. Usando então a Regra de Ouro de Kant, presente em seu Imperativo Categórico, uma regra só é ética se ela for formulada coo um princípio geral sem exceções, ou seja, deve ser valida para todos. Um principio como esse só pode ser entendido por seres conscientes, ou seja, que agem, assim, podendo ser confirmado no curso de uma argumentação.

O princípio da universalização implica em não ter regras positivas sobre alguém. Porem o principio da argumentação as tem. São elas: argumentações não são só pensamentos, são também praticas. Argumentação usa o recurso escarço que é o corpo e terceiro, a argumentação tem que ser livre de conflito. As pessoas tem que no mínimo, concordar que não concordam, novamente tentar discordar disso implica na própria regra. Assim, conclui-se que só é possível que haja a argumentação, e por consequência a aplicação da Regra de Ouro, se as pessoas forem donas do seu próprio corpo. Sem ser dona desse meio não existe argumentação, apenas palavras sem sentindo ou ordenadas por outro dono. Tentar negar isso é fazer uso do próprio corpo para argumentar, ou seja, nova contradição. Não agredir alguém para chegar na solução do conflito está implícito no ato de argumentar.

Para que o seu corpo tenha a capacidade de argumentação, por ele ser um meio escasso, é necessário bens para mantê-lo. Assim, o princípio da não-agressão, que implica respeito a propriedade privada esta implícito na ética argumentativa, pois é necessário estar vivo e manter sua existência para argumentar. O direito de obter e manter os bens deve existir como condição transcendental a ética. Se uma pessoa tiver o direito de tirar a propriedade de outra, pelo mesmo direito é possível controlar o corpo de outra, a partir dos meios que serão negados a ela. É também um fato irrefutável que, se uma pessoa acha que pode conseguir a propriedade de outro através por decreto, ela falando e declarando seu direito através do controle exclusivo de seu próprio corpo, assim, ser dono de sua propriedade foi necessária para tanto.


III

Todas as leis derivadas anteriormente o foram sem previsão empírica ou histórica. Também nenhum "dever" foi derivado de um "ser", ou seja, passou pela guilhotina de Hume. Regras sem lógica, o que seria uma arma para contradizer a ética argumentativa, não passariam no crivo de uma argumentação, pois está necessita de normas lógicas.

Teorias éticas além da libertaria aqui justificada em geral já não passam pelo princípio da universalização, isso inclui todas as regras arbitrarias em constituições estatais. As pessoas não tiveram nem a oportunidade de concordar com as regras injustas, elas simplesmente foram impostas, diferente do contrato social que Hobbes propõe que todos assinamos.

O controle econômico proposto pelo socialismo também não pela pela ética libertaria. Para que fizesse sentido teria que, todas as pessoas, concordarem em como os planejadores centrais controlariam suas propriedades. Mesmo o controle duramente socialista, que diz qual é o valor intrínseco dos meios é antiético, pois tenta controlar o que cada pessoa pensa que vale seus objetos e trocas. Os limites físicos da propriedade devem ser respeitados também, só assim a pessoa vai ser livre para argumentar. Ter a necessidade de ser dono das propriedades limitadas e trabalhadas antes dos outros é necessário, porque caso os próximos supostos agentes terem a mesma capacidade de ser donos, nunca será possível definir quem será o verdadeiro dono, e assim nenhuma ação será nunca possível.

Assim, conclui-se que a única ética perene é a libertaria e qualquer outra não pode ser defendida argumentativamente.

CAPÍTULO 12 - A JUSTIÇA DA EFICIÊNCIA ECONÔMICA

Hoppe justificará aprioristicamente (de forma racional) que as decisões politicas para a economia são ineficientes. Economia politica significa levar em conta a escassez de meios. Disso surge pensadores como John Locke, que teorizaram o homestading, ou seja, o homem misturar seu trabalho ao meio e assim ele se tornar seu. Qualquer desvio dessa ideia significa redistribuição de títulos de propriedade, como consequência direta, menos incentivos a apropriação original, menos produção de novos bens, e menos benefícios devido a trocas e contratos. Ter a liberdade de escolher o preço dos produtos, e não uma taxa regulada também previne que perdas surjam e assim mais produção.

O autor propõe então mostrar que o arranjo de livre mercado não é só o mais eficiente quanto o único ético. Esses problemas econômicos só existem pois a escassez existe, sem ela nenhum problema existiria, todos os fins já estariam atingidos. Já que existirão conflitos para se decidir quem é dono da propriedade e livre para o uso dela, a única forma de se chegar a solução desse conflito, ou seja, obter a verdade é no curso de uma argumentação. É só essa forma de ética que realmente importa, qualquer outra, por definição implicará em alguma ação positiva sobre outro individuo. Para que existe ética tem que ter argumentação, e para argumentação tem que ter um ser que argumenta, argumentar não é falar livremente, ela é uma atividade, uma ação, então está limitada pela necessidade de normas intrínsecas a ela. Isso que torna a argumentação uma ação. Aquele que argumenta tem que ser dotado de cognição para tal. Pra tentar negar, vai ter que usar cognição e lógica, ou seja, irrefutável.

Esses conhecimentos o autor utilizou obras de Habermas, que por sua vez não era um conhecedor de economia, e por isso não derivou os importantes insights relacionados a essa ciência. Reconhecendo que a argumentação é uma ação, ou seja, não é simplesmente falar livremente, sons sem sentido, implica no reconhecimento do fato que toda argumentação demanda que a pessoa que a faz tenha controle exclusivo sobre o seu corpo, que é um recurso escasso. Isso está justificado a priori, pois qualquer um que quiser argumentar contra isso, fará uso da propriedade privada que é seu próprio corpo, também está fazendo uso de sentenças logicas, tentar refutar isso necessitaria, novamente, de sentenças logicas.

A mesma lógica pode ser aplicada para derivar o fato de ser dono das suas próprias propriedades privadas. Isso se deve pois o corpo necessita de propriedades para existir, sem isso não haveria vida, e por consequência não haveriam argumentações. Assim, a ideia lockeana de primeira apropriação surge. Se a primeira pessoa que mistura seu trabalho com o bem e gera um vinculo entre os dois não for o dono, mas for sim um segundo ou terceiro que fale algo ou faço o mesmo, então a lógica por trás de ser dono do seu corpo também não vale, o que é uma contradição como já visto. Também não valeria pois se o primeiro não for o dono, mas o n-ézimo, então ninguém nunca poderá agir sem a decisão deste, que nunca saberá quem é, assim não será possível nem argumentar pois não haverá como lidar com meios para chegar nos fins que mantêm a vida. Argumentar contra isso, novamente, demanda uso do corpo e de meios para mantê-lo. Qualquer outra forma de obter propriedades é indefensável. Fazê-lo por decreto, por exemplo, é uma contradição performática, pois se a pessoa está declarando que determinada propriedade é dela, ela está se valendo de ser dono do seu próprio corpo a priori. Alguns pensadores como John Raws acreditavam que valores "psicológicos" deveriam ser levados em conta, e por consequência, levianidades como justiça social e controle de preço deveriam ser aplicados. Argumentar essa ideia pressupõe a possibilidade de agir. E para agir é necessário a delimitação da propriedade de tal forma que as pessoas não precisaram de esquemas complexos para saber onde ela está e de quem ela é. Se a propriedade de quem defende não passar por esse crivo, eles primeiramente não poderiam nem abrir a boca para falar. Também é uma falácia argumentar que outra pessoa pode ser dona da propriedade de um primeiro proprietário a menos que esse tenha a trocado. Isso se deve pois se o primeiro dono não for o verdadeiro dono, mas sim o segundo ou terceiro que demande ser dono de tal propriedade, nenhuma ação nunca poderá ser tomada pois nunca se saberá quem é o enésimo dono, esse sim dono da propriedade.


Capítulo 13 - A justificativa final da ética da propriedade privada

Mises faz todo seu desenvolvimento econômico a luz da praxiologia, que é o estudo da ação humana. A ação é um sintético a priori, pois tentar negar que a ação existe, por qualquer experiência que seja, pressupõe a existência da ação e de um ator que entendia o que é agir, afinal experiencia é uma forma de ação. Mises achava que não existia arranjo ético racional defensível, sua praxeologia, para ele, seria usada só para compreender a economia. O autor então propõe que o único arranjo ético justificável é a visão lockeana de propriedade privada em conjuntura com a lei e os direitos naturais. Estes já foram defendidos por M. Rothbard, porém, limitado por não ser uma teoria a priori.

A ética libertária então tem dois cernes que mostram que ela é a única ética valida. O primeiro é que, para fazer qualquer argumentação e decidir sobre o que é justo ou injusto, é necessário fazer proposições validas e que os outros sejam capazes de entender e argumentar, ou seja, é necessário a capacidade e a existência de argumentação. Com isso temos todas as consequências já compreendidas. Em segundo lugar, argumentações não são palavras jogadas ao vento, mas uma forma de ação, e assim demanda meios escassos para ser feita. E esses meios levam em conta a teoria da propriedade privada aqui exposta. Tentar argumentar contra isso é autocontraditório pois, para argumentar é necessário usar normas, e não falar livremente. Aceitar uma argumentação demanda o mesmo. O mesmo, como já dito, serve para as propriedades. Elas são meios para a sobrevivência, sem o controle delas é impossível o corpo sobreviver. Se qualquer um, a não ser o primeiro dono, tiver o direito de ser dono da propriedade, então nenhuma propriedade terá dono efetivo e não haverá nem mais possibilidade de argumentação pois todos morreram por não poder prover meios ao corpo para sobreviver. Qualquer controle da propriedade do outro é uma agressão, para que passasse por uma regra de ouro seria necessário a aprovação de todas as pessoas do mundo, já que todas poderiam ser, efetivamente, donas da propriedade, o que seria impossível de criar ações e novamente, causando a morte dos agentes que não manteriam seus meios de argumentar. Controlar o valor de propriedade é controlar sua extensão, é que também é uma contradição pois é necessário termos bem definidos os limites de uma propriedade para qualquer ação argumentativa.

Qualquer ética que não siga isso esta errada. A lei natural tem excelentes insights, porém ela se baseia no conceito de natureza humana, que é muito difuso. A praxiologia resolve esse problema indo para uma definição mais estreita, que é a troca de proposições e argumentações, essa sim deve ser o ponto de partida para a ética. Esse arranjo ético não faz surgir deveres de seres, assim passa pela guilhotina de Hume, afinal deveres não podem ser derivados de seres, tal qual uma falácia tradicionalista por exemplo.


Capítulo 14 - Racionalismo austríaco na era do declino do positivismo

I - Racionalismo nas ciências naturais e sociais

A lógica e a protofísica, que são as argumentas lógicas de alguns fenômenos físicos, são pressupostos que independem da experiência humana. Elas não podem ser invalidadas. Por mais que causa e consequência sejam erroneamente ditas como refutadas pela quântica e a matemática euclidiana pela relatividade geral, essas duas áreas da física pressupõe a existência tanto do principio da consequência quanto da geometria euclidiana.

Quanto a epistemologia da ciência começou a ser estudada, Juan e Feyerabend ganharam destaque graças a sua teoria relativista da ciência. Estes negaram quase toda a importância da razão para qualquer método cientifico, porém não negligenciavam a exatidão da lógica para a matemática e protofísica. Esse relativismo dizia que não existia nenhuma informação certa a priori, era apenas com várias experiencias e repetições que algo poderia ser dito como certo. Entretanto, para reconhecer isso, ou mesmo para criar instrumentos de medida uteis para as ciências naturais, devem se ter em mentes atividades com proposito, assim, os paradigmas da ciência. são concebidos como meios para algum fim humano, e eles são comensuráveis tal qual eles são eficientes para esse fim. Kuhm e Feyraband deixam essa praxeologia de lado, acreditando que teorias cientificas são apenas proposições verbais, eles ignoram as fundações na realidade da ação acima citada. Toda ação demanda um agente, assim, não levaram em conta que teorias são testadas e concluídas como certo quando chegam a um objetivo. Sem o critério de sucesso instrumental o relativismo seria inevitável. Porém, é possível que alguém escolha uma teoria que não faz sentido em determinados limites, porém o fato de não ter sucesso prático tem consequências. Devido a evitar consequências ruins, buscando sempre o sucesso na ação, as teorias que são boas são escolhidas em detrimento das ruins. É assim na ciência. natural mas não na social.

As ciências naturais evoluíram muito nos últimos anos. Porém, mesmo com supercomputadores, as ciências sociais parecem tão estagnadas como na época de Aristóteles, este que, com seus alunos, conseguiram prever muito melhor o desenvolvimento humano na época do que qualquer outra sociedade, pois se baseavam em axiomas da lógica. Ao contrário da ciência. natural, na social tanto aquele que faz uso do conhecimento e aquele que é o conhecimento a ser tratada, ou seja, o humano, são a mesma entidade. De tal forma que o monismo positivistas de acreditar que apenas uma forma de busca do conhecimento é suficiente para os dois tipos de conhecimento (humano e natural) é um erro. Percebemos essas falhas ao analisar os estudos de ciências naturais e sociais, as primeiras tem bons resultados mas as segundas, usando os mesmos métodos, não, suas previsões não são apuradas. Porém as teorias positivistas, levando em conta seu relativismo, colocam em pé de igualdade qualquer arranjo ético de qualquer sociedade, como o canibalismo por exemplo. Se essa quisesse ter alguma comprovação logica a priori teria que, por exemplo, levar a aceitação do canibalismo por todas as outras sociedades como algo ético.


II - Positivismo e a destruição relativística da ética e economia

Nenhuma teoria contribuiu mais para o relativismo que o positivismo, proposto por Locke e Hume. Essas teorias são importantes desde então para áreas como a economia e a ética. Nessas áreas, diferente das ciências sociais, aqueles que as propõe em geral não ficam com a culpa caso algo de errado. Isso permite, obviamente, criar sistemas ideológicos onde esses que os desenvolvem podem enriquecer as custas dos outros.

Para a defesa dessa teoria relativista, os positivistas dizem cometem seu maior erro: eles dizem que o conhecimento em relação a realidade, ou conhecimento empírico, deve ser verificável ou falseável por experiencia, e qualquer outro tipo de conhecimento não é valido, ou seja, tudo que é conhecido a priori são afirmações analíticas sem qualquer representação factual, são apenas tautologias (informações que já guardam seu significado em sua própria definição, criando assim a falsa impressão de que a pessoa fez um achado logico mas na verdade apenas falou a mesma coisa com palavras diferentes. Como exemplo de tautologia temos: o pai do meu pai é meu avô, e eu sou neto pois sou filho do filho do pai do meu avô). Acreditam então que qualquer achado analítico não contem mais verdade que meras expressões de emoção ou gemidos. A segunda falha no positivismo, que será posteriormente explicada, é acreditar que todo o conhecimento se dá devido a relações constantes entre dois fenômenos. Ao tentarem afirmar esse vinculo entre os fenômenos, tentam criar leis que são invariantes de tempo, para tentar refutar, tentam achar outros elementos que podem fazer parte da equação que rege a ligação entre esses dois fenômenos, caso ele exista. Essa falsificação nunca prova que a relação entre os dois fenômenos não existe. Concluindo, eles acreditam então que todos os campos do conhecimento estão unidos, o conhecimento da natureza e da ação humana podem ser explicados pela mesma estrutura de explicação cientifica.

Uma das consequências mais obvias dessa visão é que, se a ética, que faz parte da ação humana, não é uma disciplina cognitiva, mas assim como nas ciências sociais, ela demanda tentativa e erro, o que tem de maléfico em tentar impor os desejos de uns contra os outros, afinal tudo é permitido. Assim, essas tentativas e erros criam éticas deturpadas como o juspositivismo, uma tentativa e erro de aplicações jurídicas que permite a criação de direitos de um grupo (políticos) para impor suas ideias em outros (povo). Isso ajuda a manter na mente das pessoas uma atitude de desinteresse ao estudo da razão. Sendo assim, para quem defende esse positivismo, sempre haverá uma desculpa ou um fator que faltou ser controlado para sua ideia dar certo. Sempre que um socialista aplica o socialismo e ele dá errado, se coloca culpa em condições externas, como história, pressão de países capitalistas, etc. Em economia, várias sentenças que passam pelo crivo da praxiologia fazem total sentido com a prática, como por exemplo, taxação fazer crescer a preferência temporal, salario mínimo gerar desemprego etc, porém para o positivista isso são apenas ideias que precisam de confirmação empírica. E essa evidencia empírica nunca virá, seria deverias impossível controlar todas as variáveis associadas com economia, o próprio universo teria que ser controlado, pois dele é a fonte dos meios para os fins econômicos. O empirismo serviria para, no máximo, fazer analises históricas, mas não para prever qualquer situação.

O método científico, que demanda a repetição de fenômenos, só constrói qualquer entendimento da realidade se assume, primeiramente, que existe a operação de causas que são invariantes no tempo. Assim, concluir que algo está errado ou confirmado é o próprio princípio da constância, ou seja, que fenômenos são determinados por causas constantes no tempo. Este principio por si só não foi derivado da experiencia. No entanto, embora nem derivado nem refutável pela experiência, o princípio da constância nada mais é do que o pressuposto logicamente necessário para experiências que podem ser consideradas confirmação ou falsificação umas das outras (em contraste com experiências isoladas e logicamente desconectadas). Portanto, como o positivismo pressupõe a existência de experiências logicamente relacionadas, deve-se concluir que também pressupõe a existência de conhecimento não hipotético sobre a realidade. Ele deve assumir que realmente existem causas operacionais invariantes no tempo e deve assumir que esse seja o caso, embora a experiência nunca possa prová-la ou refutá-la. Mais uma vez, o positivismo acaba sendo uma filosofia inconsistente e contraditória.

Resumindo, o positivismo propõe que ações, ou qualquer outro fenômeno, pode e deve ser explicado por meio de hipóteses, que podem ser confirmadas ou refutadas pela experiencia. Mas se for assim, como explicar os "explicadores", aqueles que criam teorias e as verificam. Obviamente é necessário então assimilar ou falsear experiencias, e nisso deve se supor a existência de um agente que aprende. Refutação ao positivismo usando a capacidade de aprender implícita na ação. Se um ser pode aprender, ele mudará os meios para obter aqueles fins, mudando assim as observações, ou seja, se o meio a ser estudado é consciente, ele não é invariante temporal, e assim é impossível aplicar o principio da constância que permeia a analise a posteriori, que faz parte da tentativa positivista de propor conhecimento. Assim, o dualismo racional e não o monismo empirista deve ser utilizado para a obtenção do conhecimento.


III - A Escola austríaca de economia e prospectos da reconstrução racionalista para a ética e economia

No século XX a economia foi toda construída sob perspectiva positivistas, isso gerou uma série de crises. Colocaram isso sobre bases filosóficas fracas. A escola austríaca então cria sua teoria sobre a base de uma epistemologia forte, baseada na propriedade privada.

Este é baseada em dois axiomas, o da ação: que é aquele que diz que o ser humano sempre age e mesmo não agir é uma ação, essa ação sempre leva o mundo do agente para um fim melhor. O outro é o axioma da argumentação, onde toda a verdade surge a partir de uma argumentação. Argumentação também é uma ação, mas para agir é necessário argumentação. Argumentação não são palavras jogadas ao vento, é uma atividade consciente.

Para que isso seja pressuposto é necessário o direito sobre a propriedade privada. Primeiramente do próprio corpo, em segundo, dos meios para manter o corpo vivo. É importante limitar a propriedade e, uma vez dono, você é sempre o dono, pois se não for o primeiro, poderá ser o enésimo e assim nunca será possível tomar uma decisão ética pois nunca será definido quem é o dono. Toda ação demanda tempo, que também é um meio escasso, ai entra o conceito de preferencia temporal, o agente sempre quer criar um estado de mundo melhor o quanto antes. Porém para a maior produção é necessário mais tempo, assim, quem tem baixa preferencia temporal consegue lucrar mais. Isso está no cerne das trocas: Ou seja, comprar algo não é porque a gente acha que nosso dinheiro fale exatamente aquilo, mas sim que nosso dinheiro vale menos que aquilo por isso trocamos por aquilo. Pois a praxeologia define qualquer ação, incluindo uma troca, como uma escolha para transformar a situação de mundo para algo melhor do que a anterior.

Todos esses conceitos estão no coração da ciência econômica: meios, fins, escolha, preferencia etc. Tentar negar isso é necessário usar meios, escolhas etc. Assim, para tentar criar uma teorema econômico é necessário: entender os meios da ação, as situações e as mudanças de situação, descrevendo-as assim em função de categorias de ação e por final, fazer a dedução logica. Assim surge a explicação de situações econômicas como a Lei da Utilidade Marginal: já que um ator sempre prefere mais satisfação do que menos, os meios, que são escassos, são sempre utilizados para buscar um bem. De tal forma que um segundo meio para conseguir o mesmo fim sempre será menos útil que o primeiro.

CAPÍTULO 15 - ÉTICA ROTHBARDIANA

Rothbard fez importantes derivações da ética para o libertarianismo. Ele as fez baseado na lei e direito natural. Para ele, era natural que a lei fosse aplicada igualmente para todos, senão seria criado uma classe superior de humanos, hoje elas existem como políticos e servidores públicos, que podem a seu bel-prazer, usar a força para obter propriedades. Ele usou exemplos como o livro de Robson Crusoé, que preso numa ilha com um nativo, Sexta-feira, deveram arranjar soluções éticas para a boa convivência, e por consequência aumentaram a riqueza em seu pequeno domínio. Isso vai ao encontro da derivação lógica de Hoppe, o a priori da argumentação, onde a única forma de encontrar o valor verdade num conflito (esses que ocorrem devido a escassez) é no curso de uma argumentação, tentar negar isso é uma contradição. Para isso é necessário supor que aquele que argumenta é dono do seu próprio corpo. Todas as disputas de argumentação levam a um fim, pois no mínimo, aqueles que discutem concordaram que não concordam. Aquele que é dono de um corpo precisa de meios para viver, por isso pode, fazendo uso da analogia lockeana, misturar seu trabalho com os meios, o fazendo ser dono destes. Se não fosse o primeiro individuo que faz esse "homestading" o verdadeiro dono, mas qualquer pessoa subsequente, então não seria possível tomar qualquer ação em relação as propriedades, e assim não existiria nem mesmo a possibilidade de manter o próprio corpo vivo.


Solução simples, conclusão radical: anarquia e estado

Tão como Hoppe, Rothbard chegou na conclusão que a única forma ética é a anarquia de mercado. Isso ia contra importantes pensadores absolutos em politica como Hobbes, que acreditavam que as pessoas precisavam de um contrato social para que o "homem lobo do homem" não voltasse a ter atitudes primitivas. Vemos atitudes piores que essas no estado. Rothbard concluirá então que era impossível derivada uma justificação para o governo explicitamente de contratos entre donos de propriedade privada e então, a instituição do estado deve ser considerada injusta, isto é, o resultado de um erro moral.

O estado não serve para a segurança. Essa é uma importante conclusão de Rothbard. Ele tanto não serve como é uma contradição, pois te serve a segurança te obrigando a pagar, ou seja, com violência. Essa segurança, por não estar alinhada ao mercado, acaba não servindo bem as pessoas. Qualquer segurança que o estado der será ou muito fraca ou muito cara.


A restauração da moralidade: liberação

O estado só existe pois as pessoas o legitimam. Essa legitimação ocorre por alguns motivos. O principal é por causa da ajuda dos intelectuais. No passado não era necessário pois o estado estava fortemente vinculado a ideia de deus e do eterno, mas com a secularização, os intelectuais se tornaram bastiões da utilidade do estado. Eles por terem escolhidos profissão que o mercado não clama com afinco, acabam criando as teorias mais mirabolantes para que o estado seja cada vez mais forte, garantindo assim melhores empregos e salários, por mais que seu serviço não seja requisitado numa economia de mercado. Grande parte das pessoas acredita que somente o estado pode servir segurança. É importante escrachar algumas informações, como o fato de que foi nos maiores estados onde ocorreram os maiores genocídios das próprios populações, como União Soviética e China, e mesmo nações supostamente liberais como os EUA levaram milhões de jovens a morte devido as suas guerras.

Hoppe dá três dicas de como acabar com o estado. A primeira é tentar batalhar intelectualmente, sendo intransigente na moral, se esquivando de quaisquer vínculos com pessoas fracamente alinhadas a ética da propriedade privada e liberdade, pois estes servirão como escape para os que queiram refutar a ética libertária. Liberais como Hayek e Friedmann sempre são usados como argumentos por socialistas. Segundo é importante saber em quem focar. Não adianta falar com intelectuais orgânicos ao sistema. Focar em jovens é mais útil. Atacar moralmente o estado é necessário, deixar claro que a desestatização é importante pois ela melhoraria a vida das pessoas economicamente. A vida das pessoas estaria mais seguro sem a instituição que matou mais de 170 milhões de fome no século XX.


Apêndice: Réplica a Quatro críticas


1 - Demonstração da preferência e propriedade privada

Um economista chamado Osterfeld fez algumas críticas a obra de Hoppe, principalmente a sua abordagem a priori.

A abordagem a priori se baseia na capacidade de argumentar. Isso é necessário para chegar a uma solução ética numa situação de conflito devido a escassez. Assim, só é possível ter esse tipo de problema ético com outro ser que pensa e argumenta, o mesmo não ocorreria contra um animal ou um minério. Não tem como ser feita qualquer justificação sem ser com argumentos, contra-argumentar isso é entrar em contradição. Estar vivo e fazer proposições contra a ética de propriedade é uma contradição. Nada na ética argumentativa se deriva de um "dever-ser". Essa seria a famosa falacia naturalista. Não é devido ao fato de que é possível tomar decisões que sejam fora da ética argumentativa que ela esteja errada. É possível dizer que dois mais dois é cinco por mais que isso esteja errado.

Osterfeld concorda que a argumentação é uma pressuposição para o reconhecimento da propriedade privada, mas ele se pergunta de onde é a fonte desse direito. Sua própria pergunta mostra que é do motivo dele poder argumentar que as tais "fontes" de direito surgem. Sem esse poder nossos pedidos seriam apenas grunhidos sem sentido. Ser velado por ignorância não tira nossos direitos, primeiro pois isso é impossível, todo ser humano tem um nível de conhecimento ontológico. Sua terceira objeção é contra algo que o Hope não falou: uma comunidade mundial de donos de propriedade. Todos os donos de propriedade podem criar locais parecidos com cidades para viver, isso é baseado em contratos então não contradiz a ética libertária.

Hoppe conclui então que, enquanto filósofos políticos não perceberem que todos os problemas em sua área de pesquisa existem devido a escassez, nunca vão achar qualquer sentido em suas deduções. Qualquer coisa diferente disso nos levará a teorias Hobbesianas, como as contratuais, que fizeram surgir todo tipo de Führer assassino e genocida.


II - Utilitários e randianos vs razão

Alguns pensadores como Friedman argumentam que libertarianismo não funciona pois nenhuma sociedade no mundo teve ela. Ainda bem, pois essas mesmas sociedades estatais geraram escravidão, gulag etc.

Para que seja possível argumentar contra o homestading, este já deve ter anteriormente sido feito em relação ao próprio corpo e aos próprios meios que o mantêm vivo. Se não fosse o caso a pessoa poderia ser dona de parte do corpo da outra, impedindo assim o total controle sobre o próprio corpo.

Pensadores como o Water não consideram isso, eles acham que, em países onde não tem gulag e escravidão o estado é ético. Da mesma forma que a logica matemática é valida em qualquer situação a logica da ética argumentativa também o é. As regras que eu estou justificando independente de que o fim que eu chego seja lucrativo ou do meu interesse. O pensador Steele, que é um utilitarista não pensa isso.

Os Randianos, como Rasmussem, entendem a ética argumentativa mas se perguntam o porque devemos obedecê-la apenas por ela ser a resposta lógica ao problema da ética. Apenas desse senhor poder argumentar, com a sua lógica e sua propriedade, é suficiente para ver a importância do pensamento para a ética.

Onde está a diferença e qual é o problema? Existe e continua a haver uma diferença entre estabelecer uma reivindicação da verdade e incutir um desejo de agir de acordo com a verdade - com "deveria" ou sem ela. Certamente é ótimo que uma prova possa incutir esse desejo. Mas, mesmo que isso não aconteça, isso dificilmente pode ser mantido contra ela. Também não subtrai nada do seu mérito se, em alguns ou até muitos casos, algumas afirmações utilitárias cruas tiverem mais sucesso em persuadir alguém do libertarianismo do que ele pode. Uma prova ainda é uma prova e a psicologia social permanece psicologia social.


III - Intimidação por argumento

Lomansky não gostava de que a ética libertária fosse derivada de axiomas a priori. Ele dizia que isso é um insulto aos outros tipos de filosofia. Hoppe diz que se deduzir axiomaticamente regras de direito é um insulto, que seja.

Hoppe mostra que a argumentação desse senhor sobre sua interpretação da teoria de John Locke esta errada, sua argumentação sobre os bens públicos vs bem privados é incompatível com a economia subjetiva. Ele bate de forma coerente no fato de que existirá a possibilidade de homesteading ilimitado. Mas o argumento ao contrário, aquele que cita a morte sem homestading, demonstra a falha no pensando de Lomansky.


IV - A indefensibilidade do Estado de Bem-estar social

Conway acredita na imposição de limitação de meios aos quais são feitos homestading. Em outras palavras, ele quer que algum legislador decida o quanto é certo ter de propriedades. Isso seria feito sem argumentação, da mesma forma que um agressor.

Não existe tal coisa como direito a vida, a pessoa tem direito a suas propriedades. Direito a vida implicaria em alguém ser obrigado a fazer de tudo para salvar a vida de outra pessoa. Até mesmo ceder partes de seu corpo, se direito a vida fosse realmente um direito.

Esse tipo de direito ao bem estar leva a algumas incongruência: quanto seria necessário de conforto, quem decidiria isso, as pessoas seriam obrigadas a darem suas propriedades as outras até que ponto, etc.

Conway vai contra a tentativa de cercear a ética. Ora, se a moral deve acompanhar a lógica da ética, não há problemas em percebemos consequência de uma ética a priori em sociedades em que regras que seriam derivadas dela funcionam de forma natural.

Por fim, Conway crítica que, se todo o homestading tivesse sido feito, nada sobraria para as gerações posteriores. Porém, com uma sociedade justa, haverá a possibilidade de herança, e também é impossível de prever o que a tecnologia conseguirá utilizar como meio no futuro. Além disso, uma pessoa deve ser muito desagradável para que nenhuma troca voluntária seja feita com ela, por tanto essa ideia não faz qualquer sentido prático.

 
 
 

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