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Felicidade - Modos de Usar - Cortella, Pondé e Karnal

  • Foto do escritor: Canal Resumo de Livros
    Canal Resumo de Livros
  • 6 de set. de 2019
  • 5 min de leitura



Felicidade - Modos de Usar - Cortella, Pondé e Karnal - Resumo


O livro se trata de uma palestra que discorreu em forma de conversa dos três autores sobre o tema de felicidade baseado em seus conhecimentos filosóficos.


Cortella

Felicidade está na ausência. Se não houvesse a ausência, não saberíamos que existe a felicidade. Felicidade é ter a sensação de que se pode morrer naquele momento com o sentimento de missão cumprida. Esse tipo de consciência só surge quando se tem noção da ausência., de que não pode ser feliz o tempo todo.

Surge nessa discussão a concepção do que é caro: aquilo que não vale o que custa. A felicidade nunca está presente em algo caro. Felicidade está ligada com a circunstancia, e por ser circunstancial não pode ser eterna, quem é feliz o tempo todo é tonto.


Pondé

Para este autor a felicidade surge na misericórdia. Ele faz analogia a parábola judaica de criação do homem. Dois judeus discutiam com Deus se ele devia criar a humanidade. O primeiro lhe disse que a humanidade lhe daria muita dor de cabeça, o segundo disse que, apesar da dor de cabeça, certas atitudes que tomassem o fariam se sentir feliz a ponto de esquecer dos problemas. Assim, o autor acredita que é apenas na misericórdia., na noção de que você é contingente e imperfeito é que pode surgir a possibilidade de felicidade, de tal forma que pessoas "perfeitas" devem ser profundamente infelizes, pois não acreditam na possibilidade de estarem erradas.

É também na existência de sentido que há a possibilidade de felicidade. E nesse contexto surge a felicidade que vem de tradições estoicas, onde é necessário muito esforço para obtê-lo. O sentido não cai do céu, é construído por nós na luta diária. Desse esforço, principalmente no civilizatório, surge o mal-estar previsto por Freud, onde as pessoas por se desligarem do seu eu natural cria num mal estar que não existiria na vida selvagem. Assim, apenas com alguma autenticidade que se pode fugir desse mal-estar freudiano e encontrar certa felicidade.


Karnal

O autor começa contando a historia de sua infância católica. O bom, o belo e o ético estavam presentes diariamente em sua vida, a ponto de não perceber problemas em escala nacional. Ao se apaixonar pela leitura, Karnal buscou no conhecimento a felicidade. E ao se deparar com a obra "Náusea" de Sartre percebeu que esse conhecimento que buscava nunca seria alcançado. Ler para viver, não viver para ler.

Discorre sobre a conquista do capitalismo, que foi conseguir apontar que o problema da falha na vida das pessoas está nelas mesmas, coisa que o catolicismo não conseguiu em séculos de existência. Assim, ele percebia que por mais que se esforçasse, não era plenamente feliz. Tentou a feliz pela busca da sensação, se comparando assim a macacos bonobos, mas ser inferior a um macaco também não o fez feliz. Conclui então que a felicidade surge na consciência da perda. Usa como exemplo uma mesa de escrivaninha que sempre sonhou em ter no seu passado razoavelmente pobre. Ao conquistá-la se encheu de alegria, e sempre que olha para ela e lembra do seu passado, surge nele uma alegria que não surgirá na maioria dos milionários.


Pondé

Cita a importância dos momentos epifanicos comentados por Cortella. Cita também o capitalismo que, para ele, apesar de todas as benesses devido ao acumulo de riqueza, também criou problemas associados a falta de capacidade de alguns indivíduos vencerem nesse mundo competitivo. O surgimento do marketing existencial também é um problema, para o autor irrita todo esse movimento das pessoas se tornarem "do bem". Tentar agradar a todos é sempre uma busca incompleta e trará muita tristeza, como apontado pelo romancista brasileiro Nelson Rodrigues. Esse autor descobriu que não era feliz buscando a aprovação dos outros devido ao cansaço que essa atitude lhe proporcionava.


Cortella

Ele cita que a castidade, quando levada ao extremo é imoral. Pois mesmo essa atitude tão nobre por vezes é usada como egocentrismo por aqueles que a alcançam. Outros atributos trazem o mesmo problema, como a coragem. Percebemos aqui que a felicidade acaba por se tornar fruto do conhecimento. Adão e Eva eram ignorantes, quando surgiu a primeira oportunidade de se tornarem conscientes o fizeram, pois é na atitude de saber que se encontra a felicidade. Entre as várias formas de se encontrara infelicidade, a pior dela, para o autor, é o esquecimento, por isso as buscas mais ferrenhas e importantes da humanidade tem como plano de fundo a vontade de não ser esquecido.


Karnal

Karnal continua a crítica aqueles que querem mostrar uma felicidade falsa, principalmente em redes sociais, busca em Fernando Pessoa e no seu "poema em linha reta" esse vício das pessoas de mostrar aquilo que não são para buscar afirmação. A nova mulher de Cesar é aquela que não é feliz mas mostra que é. Ao conversar com uma aluna, Karnal encontra uma das melhores definições de felicidade, está lhe disse que hoje era feliz, e que tinha certeza disso pois "no passado já foi infeliz", ou seja, ela tinha consciência da própria infelicidade. Para concluir, faz a comparação da felicidade que sentirá quando terminar uma dieta pesada com o fato de que, de acordo com Nelson Rodrigues, felicidade é um exercício, nunca uma meta, é uma prática, é uma decisão.


Pondé

O autor discorre sobre a literatura russa, que por vezes é associada com dramas infelizes. Para Pondé, que é um grande conhecedor da literatura pré-revolução, isso não é verdade. O povo russo é considerado o Brasil da Europa, justamente pela situação de eterno país em desenvolvimento, porém com um povo alegre. Em obras como a de Tostoi, mas principalmente Dostoiévski, personagens importantes como Sônia em Crime e Castigo e o príncipe Mishkin em O Idiota encontram a redenção que torna suas vidas profundamente felizes e completas.


Cortella

Karnal pergunta a Cortella se os vários anos de estudo deste nunca o fizeram diminuir sua fé. Cortella afirma que não se considera mais católico pois não participação do ritual, mas que tem uma grande fé em Deus. Ele tem consciência do pecado e do quanto aquilo pode ser prazeroso. Sua interpretação de Deus é que essa palavra não é univoca, ou seja, pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. E quando coloca a perspectiva de Deus em relação a morte, ele cita que sente que está indo não em direção ao fim, mas em direção as origens.


Karnal

Para finalizar, o autor conclui que consciência e conhecimento aumentam a felicidade, e principalmente a capacidade de ser receptivo a ela. Consciência e coragem são necessárias para isso. E ter a convicção de que suas experiencias são só suas, que muito pode ser aprendido com os outros mas só você é dono da sua realidade, e assim, pensar sem barreiras, como dizia Kant e Sócrates, se torna condição necessário para o surgimento da alegria. Pensar sozinho é importante para se fugir da servidão voluntária.

 
 
 

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  2018 - Os textos aqui expostos não representam a opinião do autor.

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