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O cálculo econômico em uma comunidade socialista - Ludwig von Mises - Resumo

  • Foto do escritor: Canal Resumo de Livros
    Canal Resumo de Livros
  • 26 de jan. de 2020
  • 6 min de leitura


O cálculo econômico em uma comunidade socialista - Ludwig von Mises - Resumo


Prefácio

O argumento central de Mises nesse livro é demonstrar que não é possível que exista no mundo real algo que equivalente a um sistema socialista tal como esse conceito é concebido pelos seus defensores.

Os teóricos clássicos substituíram aspectos da teoria de Karl Marx pela teoria neoclássica, que tentava resolver o problema da alocação de recursos escassos a fins alternativos. Isso por si só jogava fora a visão historicista da economia. Em qualquer sociedade mais avançada, é necessário a existência de algum mecanismo decisório que coordene as escolhas e leve em conta os benefícios e custos de cada uma delas. No socialismo isso seria dado pelos planejadores centrais, mas a complexidade de vários produtos impede o bom funcionamento dessa teoria, deixando assim o preço no livre mercado como uma bussola, para melhor alocação dos recursos. A riqueza então surge quando os donos dos meios de produção alocam seus esforços sobre as matérias primas para o aumento da produtividade.

Um dos grandes problemas em se debater economia desde a época do Mises é referente aos termos: as pessoas sempre querem falar baseado na sua própria concepção, e não utilizando o mesmo sentido das palavras (isso é apontado por Thomas Sowell em vários âmbitos no livro "Conflito de Visões"). Uma grande falha semântica é a suposta teoria do equilibro econômico. Nela se pressupõe fatos econômicos que só podem ser dados caso o livre mercado atue, qualquer coisa diferente de livre mercado refutaria automaticamente essa teoria, tão utilizada pelos comunistas e neoclássicos. Para tentar resolver esses problemas os economistas não-austriacos foram criando teorias que a cada vez mais se distanciava do suposto comunismo resolvedor de problemas. Essas teorias se aproximam assintoticamente do que é considerado o livre mercado, só não receber o nome propriamente dito. A falha sempre está no mesmo ponto: a impossibilidade de que as pessoas nas posições de comando saibam mais sobre economia do que a soma dos demais agentes.

Mises e Hayek concordavam sobre boa parte da teoria econômica, principalmente na manutenção da propriedade privada, porém os dois discordavam na abrangência da praxiologia, enquanto para Mises ela era suficiente para a criação de preços, Hayek acreditava que é necessário super um elemento externo, um mecanismo de correções de erros fornecido pelo luro.

Então podemos dividir o problema econômico do socialismo na visão dos economistas ortodoxos e dos austríacos: para os ortodoxos o problema foi a falta de incentivo para o trabalho, par aos austríacos, foi a falta de propriedade privada e, por consequência, de preços que correspondessem verdadeiramente a estímulos econômicos.


Capítulo 1

Mises deixa sua conclusão clara nas primeiras frases de seu livro, segue: Repousa na própria natureza da produção socialista que as quotas dos respectivos fatores de produção particulares no conjunto da produção nacional não podem ser aferidas, e que é impossível, de fato mensurar a relação entre gasto e renda. Algo que não pode ocorrer numa economia controlada é a escolha das pessoas. Numa economia socialista o individuo não pode ter a capacidade de fazer as trocas que quiser. Pois se isso ocorrer, a demanda por um produto pode exceder a oferta, assim o material que seria trocado vai acumular nas agencias distribuidoras, pois ninguém os quer. Não se leva em conta a Teoria da utilidade marginal, pois o valor subjetivo que surge do acumulo de bens não pode ser incluído numa economia planejada, onde cada objeto tem um valor intrínseco dado pelos planejadores centrais. Questões como qualidade ou dificuldade de determinado trabalho são deixados de lado, devido ao valor intrínseco imposto.

Ignorar que bens não comercializeis, como por exemplo o tempo com a família, deve fazer parte do cálculo econômico. Sem esse vínculo entre bens monetários e não monetários, longas jornadas de trabalho seriam, como diz o autor, "tatear no escuro". O planejamento central nunca leva em conta esses bens de ordens superiores, sem a propriedade privada e o uso do dinheiro, a racionalidade econômica vinculada a esses pressupostos morais se torna impossível. Nesse ponto Mises faz uma previsão sobre as econômicas socialistas (que ainda não existiam na época do livro, como a União Soviética por exemplo). Diz Mises que como no planejamento central não existe a economia como aqui definida, as engrenagens girariam, mas sem efeito, pois não tem objetivo, assim, se prevê que existirão várias fabricas, mas poucas realmente produziram o que se demanda, e as que o farão não conseguirão atingir a proporção ótima entre meios e fins. O dinheiro, por mais que exista, não tem significado econômico. Os planejadores também não levam em conta que produtos que são equivalentes em termos de trabalho não o são em termos de valor, e não o sendo, eles serão "economizados", o que é inadmissível caso se pretenda planejar a economia. Eles também ignoram que o valor-trabalho é uma ingenuidade, principalmente ao afirmar que trabalhos mais ou menos técnicos tem o mesmo valor. Fazem essa afirmação por não considerar o trabalho um "meio". Não á concorrência em empreendimentos estatais, sendo assim, inexiste a pressão interna para eventuais melhoras. Caso eles realmente queiram que sua empresa, por mais que seja estatal, seja produtiva e lucrativa, eles se comportaram como se estivessem no regime de uma empresa privada. No fim, num empreendimento socialista, a única perda que o administrador terá é moral, enquanto na privada todo o maleficio de decisões ruins recairá sobre o dono da propriedade.

Lenin comete vários erros em sua fraca analise econômica. Ele propõe o uso de dinheiro, por mais que este não carregue mais a informação econômica que permite que ele seja útil para trocas. Estas deixaram de existir numa economia socialista pois não existirá propriedade privada. Os bancos (que ele acredita que devem continuar) não terão qualquer função sem a exitância da propriedade. Lenin demonstra contradições entre seus escritos e sua prática. Ele diz que o comunismo tem que ser para todos, mas como estadista, criou uma série de regalias a seus próximos, principalmente ao "sindicalizar" a propriedade privada.


Conclusões

Os planejadores costumam ignorar o fato de que toda a racionalidade técnica da produção equivale a um baixo nível de gastos específicos no processo de produção. Julgar um evento econômico sem levar em conta as microtransações ignora o fato que é impossível julgá-lo efetivamente sem estar associado ao fim buscado pelo meio. A própria economia é um meio, então julgar ações econômicas como morais ou imorais não deve levar em conta o objetivo econômico desta, exemplificando, se uma pessoa quiser esbanjar seu dinheiro, isso terão efeitos econômicos independente da moral. Os efeitos disso são devidos a escolha das pessoas, e não a um alto grau de cognição de alguns controladores centrais.


Posfácio

O problema do cálculo econômico não atinge simplesmente os meios, mas também os custos de oportunidade. Por mais que os planejadores tivessem controle de todas as variáveis, ainda não teriam o custo da "produção social", ou seja, não teriam como comparar o que produzem com o bem social que isso causa. Numa economia socialista "na prática" nenhum empreendimento é realmente socialista, pois todos dependem de produção de elementos privados em suas jurisdições ou próximo disso. Mises afirma que não seguir a praxiologia não destrói apenas a economia, mas a ontologia humana, pois os homens usam o tempo como um elemento importante para construção do seu ser e da sociedade como um todo. Sem a propriedade privada o tempo perde seu valor, e assim as pessoas vivem num "eterno presente", bestializadas como os animais.

Hayek comete alguns erros importantes na sua analise econômica. Ele diz que o calculo econômico na comunidade socialista é passível de possibilidade de existir, com o advento de, por exemplo, computadores super poderosos que fariam cálculos econométricos para entender todos os elementos. isso é um erro como mostrou Mises. Esses dados de input são condições essenciais para se iniciar qualquer empreendimento econômico na visão de Mises, mas não são suficientes para a proporção ótima esperada pelos planejadores centrais, devido a característica mutável de ações econômicas.

Nos dias atuais a economia está cada vez mais controlada. O estado de bem-estar social é um elemento presente em todos os governos ditos não-socialistas. Como o governo nada produz, ele promove essas "benesses" tirando daqueles que produzem. Com o tempo os governos tendem a criar plataformas de coordenação de politicas monetárias, nada mais é que afrouxar restrições inflacionárias e outras medidas para aumentar seu poder. Outro fruto disso são as politicas ecológicas, que nada mais são que gritos estridentes para o controle de propriedades privadas por parte do estado.

 
 
 

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