top of page
Buscar

O Sofrimento de uma vida sem sentido - Viktor Frankl

  • Foto do escritor: Canal Resumo de Livros
    Canal Resumo de Livros
  • 8 de jul. de 2023
  • 6 min de leitura

O Sofrimento de uma vida sem sentido - Viktor Frankl


Introdução

Diferente da época de Freud, nossos problemas não sexuais, mas sim existenciais. Pessoas sem objetivos acabam perdendo sua saúde mental. Goethe dizia que se tomarmos o homem como é, ele piora, mas se tomarmos como deveria ser ocorre o contrário.

Hoje, essa falta de sentido faz as pessoas o buscarem em coisas completamente novas, como no emprego por exemplo (Viktor fala do meio do século XX, hoje as pessoas buscam sentido em coisas mais idiotas como gênero e prazeres banais como lerdices).

Algumas pessoas só percebem o sentido da vida quando estão moribundas, o que vai de encontro a aqueles filósofos que diziam que as coisas superiores só surgem quando estamos de barriga cheia (a própria Igreja Católica e os faquir indianos mostram historicamente a importância do jejum para chegar a níveis de consciência superiores). Ou seja, o sentido é algo natural do ser humano, não algo que deriva de contingencias. O homem evolui quando vive para servir ao próximo, quando não se vê, tal qual um olho que funciona melhor quando não pode ver a si mesmo, como nos casos de catarata por exemplo. (Nota: ao mesmo tempo há grandes escritores que dizem que quando socializavam, voltávamos "menos de si").

Vícios são utilizados para suprir essa falta de sentido. Uma pesquisa feita revelou que mais de 90% dos casos de alcoolismo a pessoa não via sentido na vida. Todos esses fenômenos se desenvolvem no plano humano, não no animal. As pessoas que odeiam, por exemplo, odeiam em seu lado humano, pois um animal quando é agressivo não odeia. Sendo assim, quando a pessoa materialistamente se reduz, nunca irá se livrar de seu problema de ódio, pois acha que é algo animal. Acreditar que esportes diminuem a agressividade é outro erro. Como exemplo três jovens que se odiavam foram colocados num acampamento de esportes e as provocações continuavam, elas só cessaram quando tiveram que desatolar um carro, ou seja, uma tarefa sensata os uniu.

Outra forma de perceber que o homem nasceu não para si, mas para o outro, é no ato sexual. Observou-se que quanto mais a mulher se preocupa em provar a si mesma que pode ter um orgasmo, mais o ato sexual fica prejudicado. O mesmo com homens que querem provar sua potência. A sexualidade humana é mais que apenas sexualidade, é um veículo de relações complexas. Porém, por vários motivos, a busca pelo sexo ficou desenfreada, não envolvendo se relacionar profundamente com alguém, o que acaba neurotizando-o.

O sentido é tão importante que ajuda a sobrevivência nos ambientes mais inóspitos. Viktor Frankl vivenciou o terror dos campos de concentração e saiu vivo para contar. Ele percebeu que aqueles que melhor lidavam com a situação eram os que tinham os pensamentos voltados ao futuro. Seu sentido não os permitiam se entregar ao seu lado animal, como ocorriam com muitos, que começam a se comportar como porcos.

Como vivemos de doutrinação em doutrinação, mesmo os sentidos são dados, mas dessa forma a pessoa em vez de evoluir se infantiliza. Sentido é aquilo que só você pode fazer, ou seja, é uma resposta que apenas o indivíduo sabe. Não pode ser dado.

Drogas podem tentar ser utilizadas como tapa-buraco do sentido mas acabam ou destruindo a pessoa ou servindo como uma porta dolorosa ao entendimento do sentido. Na prática, apenas a firmeza e a atitude permitem que o homem remodele o sofrimento e o torne uma realização.


A rehumanização da psicoterapia


1 - Freud, Adler e Jung

Psicologismo dinâmico é uma das maiores fontes de perigos da psicoterapia. Jung dizia que a neura é o sofrimento da alma que não encontrou seu sentido. Apesar de muitos falarem que precisamos estar completamente relaxados para não termos problemas psicológicos, as vezes esse comportamento trás as enfermidades. Auschwitz foi um dos lugares mais tensos da história e lá os problemas psicólogos desapareciam.


2 - A Logoterapia

Freud sempre tentou resolver os problemas psicológicos "do subsolo". Desse ponto de vista tenta resolver problemas como a ansiedade por exemplo. O desejo é o pai do pensamento, a angustia é a mãe do acontecimento.


3 - A intenção paradoxal

A ideia desse procedimento psicológico é, basicamente, rir de si mesmo. Quando não queremos que algo ocorra buscamos pensar exatamente aquilo que não queremos. Frankl relata alguns casos. Cita alguém que tinha problemas relacionados a suar. Ele recomendou a essa pensar quando a vontade de suar viesse: vou suar como nunca antes e vou mostrar para todos como sou um bom suador. Essa intenção paradoxal muitas vezes era suficiente para a pessoa aceitar e não ligar para o que ocorria, assim deixando o problema de lado e se livrando dele. Muitos outros casos são relatados.

Um casal foi ao seu escritório pedindo para resolver seus problemas íntimos. Ele recomendou que, durante uma semana, apenas ficassem nus juntos, se tateando, mas que não poderiam por hipótese alguma se relacionar sexualmente. Depois dessa semana o casal foi ao escritório dizendo que "falharam" cerca de 3 vezes. Então Frankl, fingindo frustação, pediu para que tentassem de novo. Novamente falharam, e assim foi até que percebessem do que se tratava.


4 - A derreflexão

O autor cita mais neuroses sexuais (justamente na época em que o sexo foi mais livre que em qualquer outra época humana). Quanto mais as pessoas se preocupavam com o ato em si, menos o apreciavam.


5 - Vontade de sentido

A experiência clinica mostra que as pessoas se sentem mais felizes quando param de buscar a felicidade acima de tudo. O autor cita que prazer sem sentido, ou seja, o prazer como um fim, vira neurose, a verdadeira felicidade vem como um efeito colateral de algo bom feito, não quando se espera isso, as vezes como um direito. Basear a identidade no prazer também cria neuroses (vemos isso nos adultos infantilizados por lerdices, ou nas mulheres esperando o príncipe encantando).


6 - A frustação existencial

Numa importante reunião de psicólogos surgiu a frase: para preservar a vida é necessário ter sempre uma tarefa a cumprir. Essa necessidade de um objetivo é algo puramente humano, um animal nunca sentiria o mesmo.


7 - O sentido do sofrimento

Às vezes é impossível moldar o futuro, nessas situações temos que saber ir ao encontro com a atitude certa. Pois saber lidar com o insucesso faz parte de ser humano. Saber lidar com as expectativas e aceitar quando as coisas dão errado é um conhecimento antigo em várias religiões.


8 - Pastoral médica

Antigamente quando as pessoas tinham um problema, procuravam um padre, não um médico. Falar com o padre sempre fazia sua dor ter um sentido. As vezes isso é o suficiente para lidar com neuroses.


9 - Logoterapia e religião

Da mesma forma que um macaco não consegue entender o mundo humano e não vê sentido na sua dor quando algum cientista lhe dá uma injeção, assim são os humanos com o mundo superior e as dores "sem sentido" que no mundo humano sentem. Psicologias mal interpretadas como as vezes são a de Freud (quando vista apenas pelo ponto de vista animal) e Jung (quando reduz Deus e outros elementos a arquétipos) colaboram nessa alienação do sofrimento.

Para o ser humano, o sentido é uma condição transcendental, tal qual as condições necessárias para a própria conjectura de perguntas, como desenvolvido por Kant. Se o homem não acreditasse num sentido, apesar de seu materialismo, não teria motivos para nem mesmo levantar um dedo. A verdade, para o autor, pode ser obtida por meio das religiões pois elas elevam o sentido dos homens.


10 - A Crítica do Psicologismo Dinâmico

O autor acredita que o sentido da vida não é apenas um pensamento contingente que desaparecia mediante o primeiro sinal de fome ou dor, ele é um elemento constitutivo da existência humana, e a molda. É necessária uma dose de filosofia para que isso funcione, mas não são os médicos que devem levar filosofia aos pacientes, mas o contrário. Uma beata depressiva dizia que sempre sentia à vontade de morrer, porém, como sabia que não era dona de sua vida, senão Deus, ela convertia toda essa dor em sentido pois sabia que estava sofrendo pelo Deus que tanto dedicou sua vida.


Anexo

O que diz o psiquiatra a respeito da literatura moderna?

De acordo com Freud quando a pessoa se coloca a pergunta sobre o sentido da vida, isso está associado com uma carga de libido insatisfeita. Já para Frankl essa atitude do paciente evidencia que ele é um ser humano de verdade, nenhum animal se põe essa pergunta. Porém, muitas pessoas não se sentem confortáveis com essa dimensão puramente humana, e gostam de ser limitadas, gostam que digam a elas que elas não são mais que "isso" ou "aquilo". Essa vida sem elementos superiores é um reflexo de esquizofrenia, uma vez que o esquizofrênico nunca se refere a objetos, mas sim a estados.

Sendo assim, o ser humano só é completo de verdade quando está voltado ao outro. Essa autotranscedência é exemplificada com um olho, que só funciona bem se não pode ver a si mesmo. A perda dessas características, por meio do fato do homem ter abandonado a religião, causa todos esses problemas psicológicos associados ao sentido.

Tal como Ivan Litch, de Tostoi, um homem à beira da morte consegue ressignificar uma vida que até ali foi completamente alheia de significado.

 
 
 

Comments


Faça parte da nossa lista de emails

  2018 - Os textos aqui expostos não representam a opinião do autor.

  • White Facebook Icon
  • White Twitter Icon
  • Branco Ícone Google+
bottom of page