Psicoterapia e Existencialismo - Viktor Frankl
- Canal Resumo de Livros
- 10 de abr. de 2021
- 9 min de leitura

Psicoterapia e Existencialismo - Viktor Frankl
Prefácio
Frankl rechaça a tese de que o homem é nada mais que um robô biológico, preocupado com manter-se tranquilo. O autor defende uma visão antropologia, que vê a liberdade, responsabilidade e autotranscedência como necessárias para a compreensão do ser, além de elementos necessários para uma boa vida.
Capítulo 1 - Os Fundamentos Filosóficos da Logoterapia
Logoterapia é um método psicológico, ou seja, não é apenas a analise, mas também é a terapia em si.
Liberdade de vontade: essa se dá devido aos fatos da realidade do individuo e é um elemento presente a quase todas as pessoas. Os únicos que acreditam que não são livres em suas ações são os esquizofrênicos e os filósofos deterministas. Algumas pessoas acreditam que observa a verdade quando usam tóxicos, mas é no mínimo curioso que a única forma de alcançar a verdade seja intoxicando a mente.
Os fenômenos mentais exclusivamente humanos se dão, pois, o ser humano é capaz de refletir sobre si próprio, e até mesmo se rejeitar. Condições tão complexas assim não são acessíveis a mente de outros animais, dimensão essa que o autor chama de noológica. Utilizando-se dessa dimensão noológica, alguns tratamentos especiais podem ser feitos, como no caso de um senhor que sofria muito psicologicamente devido ao seu trabalho como escritor, ele tinha uma letra muito bonita e isso não podia continuar por algum problema na mão, de tal forma que o psicólogo recomendou que ele dissesse a si mesmo "Agora vou mostrar a todos como sou um excelente rabiscador de garranchos" esse fato o fez perder a carga de pressão que essa ação tinha sobre ele, o fazendo rir sobre si mesmo. Essa ação (rir sobre si mesmo) é possível apenas aqueles que tem a dimensão noológica.
A vontade de sentido: o prazer como fim acaba gerando sofrimento, isso é observado em vários âmbitos da vida humana, em especial no sexo. Desse modo, uma técnica logoterapeutica que leva em conta esse caráter autofrustrante do prazer vem mostrando sucesso.
Por mais que Freud tenha feito importantes descobertas, parte delas reduziram o ser humano a um autômato, que se reduz a um animal em determinados limites biológicos (como falta de comida ou abrigo), o que se perde aqui é que o homem é um ser que vai ao encontro de outros seres e que busca sentidos a realizar. Essa realização é mal compreendida, algumas pessoas buscam a autorrealização per se, quando na verdade ela só ocorre quando se realiza sentido. Apenas com o sentido sendo maior que o ser (e colocar isso na cabeça do paciente pode ser doloroso) o ser humano entra nos eixos. Esse sentido pode ser a responsabilidade em frente a algo, a alguém ou a Deus.
O sentido da vida: encontros com o que é verdadeiro, com trabalho de sua criatividade, no encontro com outros e as qualidades únicas destes, cresce o sentido último, que supera mesmo a aversão a morte, afinal, esta junto com dor e culpa são elementos ruins porem necessários na vida de uma pessoa.
Capítulo 2 - Dinâmica Existencial e Escapismo Neurótico
As pessoas tendem a reclamar da pressão que a vida coloca nelas, porém, na era do vazio existencial que vivemos, o período reside muito mais no fato do homem não ter objetivos e desafios. A dinâmica existencial do homem deve se dar tal qual uma limalha num campo magnético, ela se orienta a um objetivo pois esse existe, mas também por causa de suas propriedades, tal qual deve ser o homem. Esse sentido que buscamos pode ser dado pelo que oferecemos ao mundo, do que tomamos dele em relação a nossas experiências e pela nossa postura em relação ao sofrimento. Este último em especial se mostra como sentido na ideia de sacrifício. Um objeto transcendente como Deus pode ser entendida como uma dessas tensões necessárias. Ocorre que Deus, por ser transcendente, tem seus efeitos verificados pelos humanos apenas como projeções, assim, por mais que um teólogo tente explicar o fenômeno de melhora de quadro psicológico como graça de Deus (o que pode ser no âmbito transcendental) o psicólogo deve estuda-lo a nível humano.
Capítulo 3 - Para Além da Autorrealização e da Autoexpressão
Algumas pessoas não fazem um vínculo humano com o mundo que os cerca, este se baseia apenas no uso para a sobrevivência, ou em outras palavras, para manter a homeostase. O comportamento de uma pessoa que vive dessa forma se assemelha a dos ratos num experimento ao qual eles sofriam choques que os fazia ter a mesma liberação de dopamina que tinham quando comiam algo com muito açúcar ou chegavam ao orgasmo. Devido a facilidade do processo, eu deixava de fazer as ações normais e ficava apenas puxando a alavanca que o fazia receber o choque.
De acordo com Kant o prazer surge automaticamente ao cumprir uma missão, ou seja, quando se atinge um sentido. O que é completamente diferente da busca do prazer (homeostase) por si só, que é o que acontece com os ratos. Por tanto, mesmo filosofias estoicas não são suficientes para trazer felicidade real a uma pessoa. Conclui-se então, que os indivíduos que buscam apenas “a paz," ou seja, a homeostase, são neuróticos, pois o fenômeno normal é lidar com as tensões naturais da vida física, psíquica e moral. Qualquer teoria que negligencia a importância do mundo (objeto) reduzindo apenas a uma projeção da mente do indivíduo acaba deixando muitos fatores importantes de lado.
Capítulo 4 - Logoterapia e Existência
A reinterpretação semântica acaba causando alguns problemas de ordem do ser. Por exemplo, a frase eu sou foi primeiramente interpretando nos termos de "eu tenho de," ou seja, uma tensão, agora ela e interpretada como "eu posso", no caso, eu tenho capacidade plena de ser suficiente. O sentido na vida do homem não surge apenas de trabalho, esforço criativo, amor, também há o lado ruim da vida que é de extrema importância para a formação. E esse sentido não pode ser alcançado apenas com o intelecto, por ele ser de ordem transcendente, é necessário que surja em eventos externos ao ser.
Capítulo 5 - Dinâmica e Valores
O autor, que é um psicólogo, deriva de sua própria formação a praxiologia misesiana: "Como se pode ousar prever o comportamento do ser humano? O que se pode prever são movimentos de uma máquina.... Mais que isso, pode se tentar prever o dinamismo do psiquismo humano, mas o homem é para além disso, o homem é espirito. Por mim do ato de sua própria autotranscedência, ele deixa o plano do meramente biopsiquico e adrenta a esfera do especificamente humano, a dimensão noológica. O ser humano não é uma coisa entre outras coisas: coisas determinam-se umas às outras, mas o homem se autodetermina. O homem é livre e responsável e isso constitui sua humanidade e jamais deve ser obscurecido pela reificação. O homem é livre para ser responsável pelo sentido de sua existência. Se sentidos e valores fossem apenas algo que emerge do próprio sujeito, então algo acima deles, perderiam imediatamente seu caráter imperativo.
Percebemos a característica psicológica desses elementos quando notamos que a maioria dos casos de alucinação surgem do isolamento do mundo exterior. Logo, notamos que se o ser humano não estiver em contato com os elementos da realidade, ele sai da dimensão noológica e se torna vítima do vazio existencial.
Capítulo 6 - Psiquiatria e a Busca do Homem por Sentido
A técnica em métodos psiquiátricos é importante, mas fazer isso ter mais relevância do que o contato com o paciente é fazer ele virar um meio para o fim, o que vai contra o Imperativo Categórico de Kant, a consequência de não se respeitar esse imperativo é toda a política que vê o homem como ferramenta para uma distopia. O homem é um fim em si mesmo, mas se o homem buscar apenas si mesmo como finalidade ele vai cair no vazio existencial. O que o homem deve fazer é realizar valores, ações que busquem algo além dele, como o sacrifício por outros ou por Deus. "O homem torna-se o que é por força da causa que ele tornou sua".
Para a saúde mental do homem é necessário um nível de tensão, que dá um sentido a realizar. Isso vem da noodinamica, ou seja, dimensão apenas humana. Essa noodinamica dá liberdade ao homem de agir. É essa atitude moral correta que faz a vida ter sentido até o momento da morte. Algumas pessoas acreditam que o único sentido da vida é a procriação, mas se fosse o caso criaria uma incoerência, pois como pode ser o sentido de a vida gerar vida se isso por si só não tem sentido? Essa teoria só se fecha quando levamos em conta que o humano é um ser finito, e só se complementa quando busca o infinito transcendente.
Capítulo 7 - Logoterapia e o Desafio do Sofrimento
O lado ruim da vida é uma condição necessária para a existência dessa, por isso tentar negar é um sofrimento desnecessário. O autor cita o exemplo de uma velhinha que estava a ponto da morte e depressiva por não ver sentido na vida que teve, mas acabou que, ao mostrar o sofrimento que teve nos campos de concentração como algo valoroso, ela saiu da depressão
Capítulo 8 - Experiências psicoterapêuticas de Grupo em um Campo de Concentração
Freud dizia que, se tirarmos as condições básicas de vida de uma pessoa, ela agirá como um animal. Porém, isso foi feito nos campos de concentração nacional-socialistas e mesmo assim percebia-se que as pessoas agiam de formas diferentes: "haviam santos e porcos". Uma das formas de se apoiar para essas pessoas era a religião. Ela até hoje é usada por pessoas, principalmente em situações complicadas. O autor diz que dá mais valor a essa religião da crise do que aquela da bonança, que acaba virando uma espécie de seita nova era para a prosperidade.
As pessoas eventualmente ficam sozinhas, mas devido a toda sua história, existem pessoas de forma transcendental ao seu lado, e mesmo se não existirem, para esse indivíduo ainda pode existir Deus. Se perguntar o que esses seres esperam de mim é o que causa uma tensão sadia na mente do indivíduo.
Capítulo 10 - Neuroses Coletivas dos Dias Atuais
O autor indica que não foi a quantidade de neuroses que aumentou e por isso o aumento nos casos de atendimentos psicológicos, mas sim que situações que seriam resolvidas com religião ou com a busca de objetivos mais imediatos (como a sobrevivência) agora não acontecem mais, pois o mundo ficou mais secular e confortável. Isso se mostra também nos motivos dessas procuras, que não são mais, como eram antigamente, devido ao sentimento de culpa, mas sim devido a preocupações com o próprio corpo ou com a capacidade de trabalhar e produzir.
A importância disso vai ao encontro da alienação que o estado, por exemplo, cria na mente humana. Aqui devemos levar em conta no que é comunidade e massa, a comunidade necessita de personalidade, enquanto a massa é suprime essas individualidades fruto da liberdade. Percebemos no decorrer da história que muitas tentativas foram feitas de reduzir a humanidade das pessoas por motivos políticos. Isso surgiu por vários motivos, tal qual comparar humanos com maquinas (Revolução Industrial), ou computador (contemporâneo), é importante lembrar que reduzir o homem a um autômato é um erro pois ignora a dimensão noológica e isso sempre foi usado por tiranos, além de que, nos comparamos com animais ou maquinas é algo recente, o que era comum era nos compararmos com a imagem e semelhança de Deus, o que por si só destrói muitas neuroses.
A vida então tem significado não só criando e amando, mas sofrendo também, a autorrealização per se é um erro, ela só existe quando há uma busca maior que o próprio indivíduo. É a atitude correta em relação ao destino que mantem a sanidade.
____________________________________________
Capítulo 11 - Análise Existencial e Ontologia Dimensional
Logos, antes de tudo, significa sentido, dessa forma, a Logoterapia é uma psicoterapia orientada ao sentido e que reorienta o paciente em direção ao sentido. Fechar a distância entre subjetividade e objetividade, então, se mostra uma conclusão errada. Mesmo o vínculo mais forte, que é o amor da família, não fundi as existências. Essas dimensões podem ser avançadas pela característica do ser humano. Ele é animal, mas se torna infinitamente mais que um animal quando alcança essa dimensão impossível para eles, o mesmo ocorre, por exemplo, com um avião, que deixa de ser um veículo comum quando sobre para a terceira dimensão. Essas dimensões estão sempre na caraterística do ser, por isso dividir o ser humano como corpo e alma se mostra um erro, afinal faz tudo parte da mesma existência as características dessa divisão.
Capítulo 12 - Intenção Paradoxal: uma Técnica Logo terapêutica
O prazer pertence a categoria de eventos que não podem ser produzidos pela intenção, logo, quanto mais alguém se esforça pelo prazer, menos é capaz de obtê-lo, assim, vemos que esse comportamento acaba por criar ansiedade antecipatória. A autoanalise acaba gerando neurose. A Logoterapia atua justamente nessa dimensão mais humana. Exemplos de funcionamento dessa técnica são vastos. Um cliente que tinha medo de suar em público acaba suando ainda mais devido a essa situação. Então ele foi recomendado a falar para si mesmo "é agora que eu vou mostrar que sou o maior suador do mundo". Rir de si mesmo nessa situação tensa o curou de sua paranoia. Rir de si mesmo é uma atividade totalmente humana, essa potencialidade de se afastar de si mesmo serve como elemento de cura na Logoterapia.
Logoterapia não é um método tão simples quanto aparenta, ele envolve um nível mais profundo da existência humana.
Capítulo XIII - Psicoterapia, Arte e Religião
Doenças não servem como fonte de arte. Porém, ao analisar seu próprio problema no ponto de vista da Logoterapia, uma artista conseguiu voltar a desenvolver seus trabalhos, e ao se entender com problemas, conseguiu desenvolver melhor sua arte. Esse processo passou fortemente pelo conceito de autocontrole e busca do transcendental através de sua religião.
Capítulo XIV - Um Estudo Experimental no Âmbito do Existencialismo: A Abordagem Psicométrica do Conceito Franklin de Neurose Noogênica
Ao fazer um estudo sobre a ansiedade e problemas psicológicos, percebeu-se uma relação entre esses efeitos e o tédio.
Capítulo XV - O Tratamento do Paciente Fóbico e Obsessivo-Compulsivo por Meio da Intenção Paradoxal segundo Viktor E. Frankl
Se trata de um estudo sobre a relação de pacientes psicológicos com o método logoterapeutico. Uma pessoa chega ao médico e fala de uma psicose em relação a um medo de enrubescer, por exemplo. Nessa situação o médico pede ao paciente que tente ficar vermelho naquele mesmo instante, a tentativa falha fará o paciente rir sobre a situação, rir de si mesmo é o começo do processo de cura pela Logoterapia.
Comentarios